Angelogia - Teologia 02.45
Os Anjos são incomparáveis
entre as criaturas de Deus
O respeito
aos anjos era profundo no judaísmo, a ponto de ver um anjo ser considerado como
experiência tão grande, quanto ver o próprio Deus (Gn 16.13; 31.13; Êx 3.4; Jz
6.14; 13.22). Algum desses casos era Deus manifestando-se de alguma forma
visível. A teologia judaica posterior encarava os anjos como mediadores entre
Deus e os homens (Ez 40.3; Zc 3), e a posição tão elevada naturalmente fez com
que alguns os adorassem.
Os Anjos
“são incomparáveis entre as criaturas, mas nem por isso deixam de ser
criaturas”. Correspondem com adoração e louvor a Deus (Sl 148.2; Is 6.1-3; Lc
2.13-15; Ap 4.6-11) e a Cristo (Hb 1.6). Como conseqüência, os cristãos não
devem exaltá-los (Ap 22.8-9); os que o fazem, perdem a sua recompensa futura
(Cl 2.18).
Uma das
razões pela qual se originou a carta aos Colossenses, escrita pela o apóstolo
Paulo, foi o culto aos anjos. A cidade de Colossos estava localizada perto de
Laodicéia (Cl 4.16), no sudeste da Ásia Menor, cerca de 160 quilômetros a
leste de Éfeso. A igreja colossense, tudo indica, foi fundada como resultado do
grandioso ministério de Paulo em Éfeso, durante três anos (At 20.31), cujos
efeitos foram tão poderosos e de tão grande alcance que “todos os que habitavam
na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus” (At 19.10). Paulo talvez nunca tenha
visitado Colossos pessoalmente (Cl 2.1), mas mantivera contatos com a igreja
através de Epafras, um dos seus convertidos e cooperadores naquela cidade (Cl
1.7; 4.12). O motivo desta epístola foi o surgimento de ensinos falsos na
igreja colossense, ameaçando o seu futuro espiritual (Cl 2.8). Quando Epafras,
dirigente da igreja colossense e seu provável fundador viajou com o objetivo de
visitar Paulo e informar-lhe a respeito da situação em Colossos (Cl 1.8; 4.12),
Paulo então escreveu esta epístola. Nessa ocasião Paulo estava preso (Cl
4.3,10,18), possivelmente em Roma (At 28.16-31), aguardando comparecer perante
César (At 25.11,12). O cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a
carta em Colossos, em nome do apóstolo (Cl 4.7).
Paulo
escreveu esta epístola porque os falsos mestres estavam se infiltrando na
igreja de Colossos, ensinando que a doutrina apostólica e a salvação em Cristo
eram insuficientes para a plena redenção. Esse falso ensino misturava a
“filosofia” e a “tradição” humanas com o evangelho (Cl 2.8) e requeria a adoração
de anjos como intermediários entre Deus e o homem (Cl 2.18). Os falsos
mestres exigiam a observância de certos ritos religiosos judaicos (Cl
2.16,21-23) e justificavam a sua heresia, afirmando que recebiam revelações
através de visões (Cl 2.18). A filosofia subjacente nessas heresias reaparece
hoje entre os que ensinam que Jesus Cristo e o evangelho original do Novo
Testamento são inadequados para satisfazer nossas necessidades espirituais (2Pe
1.3). Paulo refuta essa heresia ao demonstrar que Cristo não somente é nosso
Salvador pessoal, como também cabeça da igreja e Senhor do universo e da
criação. Logo, é Jesus Cristo e o seu poder em nossa vida, e não a filosofia ou
sabedoria humanas, que nos redime e salva eternamente. Não necessitamos de
intermediários para termos comunhão com Cristo; devemos nos acercar dEle
diretamente. Ser crente significa crer em Cristo e no seu evangelho; confiar
nEle amá-lo e viver na sua presença. Não devemos acrescentar coisa alguma ao
evangelho, nem ter outro intermediário entre Deus e o homem, nem aceitar a
filosofia humanista.
Nesta carta
Paulo nos adverte a vigiar contra todas as filosofias, religiões e tradições
que destacam a importância do homem à parte de Deus e de sua revelação escrita.
Hoje, uma das maiores ameaças teológicas contra o cristianismo bíblico é o
“humanismo secular”, que se tornou a filosofia de base e a religião aceita em
quase toda educação secular e é o ponto de vista aprovado na maior parte dos
meios de comunicação e diversão no mundo inteiro.
Que ensina
a filosofia do humanismo? Ensina que o homem, o universo e tudo quanto existe é
apenas matéria e energia moldadas ao acaso. Afirma que o homem não foi criado
por um Deus pessoal, mas que resultou de um processo evolutivo. Rejeita a
crença num Deus pessoal e infinito, e nega ser a Bíblia a revelação inspirada
de Deus à raça humana. Afirma que não existe conhecimento à parte das
descobertas feitas pelo homem, e que a razão humana determina a ética
apropriada para a sociedade, fazendo do ser humano a autoridade máxima neste
particular. Procura modificar ou melhorar o comportamento humano mediante
educação, redistribuição econômica, psicologia moderna ou sabedoria humana. Crê
que padrões morais não são absolutos, e sim relativos e determinados por aquilo
que faz as pessoas sentirem-se felizes, que lhes dá prazer, ou que parece bom
para a sociedade, de acordo com os alvos estabelecidos por seus líderes; deste
modo, os valores e moralidade bíblicos são rejeitados. Considera que a auto-realização
do homem, sua auto-satisfação e seu prazer são o sumo bem da vida. Sustenta que
as pessoas devem aprender a lidar com a morte e com as dificuldades da vida,
sem crer em Deus ou depender dEle.
A filosofia
do humanismo começou com Satanás e é uma expressão da sua mentira de que o
homem pode ser igual a Deus (Gn 3.5). As Escrituras identificam os humanistas
como os que “mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a
criatura do que o Criador” (Rm 1.25).
Todos os
dirigentes, pastores e pais cristãos devem envidar seus máximos esforços em
proteger seus filhos da doutrinação humanista, desmascarando-lhes os erros e
instilando nas mentes deles um desprezo santo pela sua influência destrutiva
(Rm 1.20-32; 2Co 10.4,5; 2Tm 3.1-10; Jd 4-20; 1Co 1.20; 2Pe 2.19). Os falsos
mestres ensinavam que era preciso reverenciar e adorar os anjos, como
mediadores, para ter comunhão com Deus. Para Paulo, invocar os anjos seria
substituir Jesus Cristo como cabeça todo-suficiente da igreja (Cl 2.19); daí,
Paulo advertir contra isso. Hoje, a crença de que Jesus Cristo não é o único
intermediário entre Deus e o homem é posta em prática na adoração e oração a
santos mortos, como padroeiros e mediadores. Essa prática despoja Cristo de sua
supremacia e centralidade no plano redentor de Deus. Adorar e orar a qualquer
pessoa que não seja Deus Pai, Deus Filho ou Deus Espírito Santo são práticas
antibíblicas, e por isso devem ser rejeitadas.
Não
obstante, o zelo de Paulo refutando o culto aos anjos, entre outras heresias,
após o século IV d.C., o culto aos anjos tornou-se generalizado, sendo honrado
especialmente o arcanjo Miguel. Os anjos passas a figurar com destaque na arte
e no culto dos cristãos medievais. Posteriormente, com o advento do protestantismo,
os líderes protestantes desencorajaram a prática, contudo, os liberais
relegaram os anjos ao domínio da fantasia religiosa e poética. Desta forma hoje
os anjos são adorados em larga escala.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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