Antropologia - Teologia 03.57
6.3 A Metafísica da Criação do Homem
“E formou o Senhor
Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida; e o
homem tornou-se alma vivente” (Gn 2.7). No início, quando Deus criou o homem,
Ele o formou do pó da terra e depois soprou “o fôlego de vida” em suas narinas.
Tão logo o fôlego de vida, que se tornou o espírito do homem, entrou em contato
com o corpo do homem, a alma foi produzida.
Portanto, a alma é a combinação do
corpo e do espírito do homem.
As Escrituras, por isso, chamam o homem de “alma
vivente”. O fôlego de vida tornou-se o espírito do homem, isto é, o princípio
de vida dentro dele.
O Senhor Jesus nos diz que “é o espírito que vivifica” (Jo
6.63). Este fôlego de vida vem do Senhor da Criação.
Todavia, não devemos
confundir o espírito do homem com o Espírito Santo de Deus.
O último é
diferente do nosso espírito humano.
Romanos 8.16 manifesta esta diferença
declarando que “o Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos
filhos de Deus”. O original da palavra “vida” em “fôlego de vida” é chay e está
no plural. Isto pode ser uma indicação para o fato de que o sopro de Deus
produziu uma vida dupla: a vida da alma e a vida do espírito.
Quando o sopro de
Deus entrou no corpo do homem, ele se tornou o espírito do homem; mas quando o
espírito reagiu com o corpo, a alma foi produzida.
Isto explica a origem da
vida do nosso espírito e da nossa alma.
Devemos admitir, entretanto, que este
espírito não é a Própria vida de Deus, pois, “o sopro do Todo-Poderoso me dá
vida” (Jó 33.4). Ele não é a entrada da vida não criada de Deus, no homem, nem
tampouco a vida de Deus que recebemos na regeneração.
O que recebemos no novo
nascimento é a Própria vida de Deus, como tipificada pela árvore da vida.
Mas,
nosso espírito humano, embora existindo permanentemente, está destituído da
“vida eterna”.
A expressão
“formou o homem do pó da terra”, refere-se ao corpo do homem; “soprou em suas
narinas o fôlego de vida” refere-se ao espírito do homem, conforme ele veio de
Deus; e “o homem tornou-se alma vivente” refere-se à alma do homem quando o
corpo foi vivificado pelo espírito e levado a ser um homem vivo e consciente de
si mesmo.
O homem completo é uma trindade - o composto de espírito, alma e
corpo.
De acordo com Gênesis 2.7, o homem foi feito de apenas dois elementos
independentes: o corpóreo e o espiritual.
Mas, quando Deus colocou o espírito
dentro do revestimento da terra, a alma foi produzida.
O espírito do homem
tocando o corpo morto produziu a alma.
O corpo separado do espírito estava
morto, mas, com o espírito, o homem passou a viver.
O órgão, assim estimulado,
foi chamado de alma.
“O homem tornou-se
alma vivente”, expressa não apenas o fato de que a combinação do espírito e
corpo produziu a alma, como sugere também que o espírito e o corpo estavam
completamente fundidos nessa alma.
Em outras palavras, a alma e o corpo estavam
juntos com o espírito, e o espírito e o corpo fundidos na alma.
Adão “em seu
estado antes da queda, nada sabia dessas incessáveis lutas de espírito e carne,
que são coisas da experiência diária para nós.
Havia uma perfeita combinação
das suas três naturezas em uma e a alma, como fator de unidade, tornou-se a
causa da sua individualidade, da sua existência como um ser distinto” (Pember's
Earth's Earliest Ages). O homem foi denominado alma vivente, porque era lá que
espírito e corpo se encontravam e através da qual sua individualidade era
conhecida.
Talvez possamos usar uma ilustração imperfeita: derrame um pouco de
tinta num copo d'água.
A tinta e a água misturar-se-ão formando uma terceira
substância chamada tinta de escrever.
Da mesma forma os dois elementos
independentes do espírito e corpo, unem-se para tornar-se alma vivente. (A
analogia falha nisso: a alma produzida pela combinação do espírito e do corpo
torna-se num elemento independente e indissolúvel, tanto quanto o espírito e o
corpo).
Deus considerou a
alma do homem como algo singular.
Assim como os anjos foram criados como
espíritos, o homem foi criado predominantemente como alma vivente.
O homem
tinha não apenas um corpo, um corpo com o fôlego de vida; ele tornou-se uma
alma vivente também.
Por isso, mais tarde, nas Escrituras, encontramos Deus
freqüentemente referindo-se aos homens como “almas”. Por quê? Porque aquilo que
o homem é depende de como é sua alma.
Sua alma o representa e expressa sua
individualidade.
É o órgão da vontade livre do homem, o órgão onde o espírito e
corpo estão completamente unidos.
Se a alma do homem deseja obedecer a Deus,
ela permitirá que o espírito governe esse homem, conforme ordenado por Deus.
Se
ela escolher, pode também reprimir o espírito e aceitar algum outro prazer,
como dominadora do homem.
Esta trindade de espírito, alma e corpo pode ser
parcialmente ilustrada por uma lâmpada elétrica. Dentro da lâmpada, que pode
representar o homem total, existem eletricidade, luz e fio.
O espírito é como a
eletricidade, a alma como a luz e o corpo como o fio.
A eletricidade é a causa
da luz enquanto que a luz é o efeito da eletricidade.
O fio é a substância
material para conduzir a eletricidade como também para manifestar a luz.
A
combinação do espírito e corpo produz a alma, aquilo que é singular no homem.
A
eletricidade, conduzida pelo fio, é manifesta na luz; assim, o espírito atua
sobre a alma e a alma, por sua vez, expressa-se a si mesma através do
corpo.
Entretanto, devemos nos lembrar bem de que, enquanto
a alma é o ponto de encontro do elemento do nosso ser nesta vida presente, em
nosso estado ressurreto, o espírito será o poder governante.
Porque a Bíblia
nos diz que “semeia-se corpo físico, é ressuscitado corpo espiritual” (1Co
15.44). Todavia, aqui está um ponto vital: nós que fomos unidos ao Senhor
ressurreto podemos, mesmo agora, ter nosso espírito no governo de todo o nosso
ser.
Não estamos unidos ao primeiro Adão, que foi feito alma vivente, mas, ao
último Adão que é espírito vivificante (v. 45).
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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