3. O Homem é um ser recaido e debaixo do justo juizo de DeusPart 2
Existem algumas ressalvas importantes a serem feitas para evitarmos uma falsa compreensão desse ensinamento. Segue-se quatro delas.
A
queda do homem não contradiz a presença do bem nele. Quando dizemos que a
depravação é total não estamos com isso querendo dizer que nunca ninguém tem
pensamentos bons ou faz coisas certas. "Não há depravação, por absoluta
que seja, que não traga, em seu aspecto exterior, algum traço de
virtude". O termo total aponta para o fato de que o pecado penetrou em
todas as faculdades do homem e as contaminou, como pensamentos, emoções,
vontade. Também indica que essa contaminação é de tal forma que, se deixado
entregue à si mesmo, o homem seguirá naturalmente caminhos que o desviam de
Deus e o levam cada vez mais ao pecado.
A
queda do homem não contradiz a presença do bem no mundo. É preciso ressalvar
que o ensino reformado da total depravação do homem não ignora a realidade
óbvia de que há pessoas nesse mundo que fazem obras de caridade, que demonstram
sentimentos de misericórdia e compaixão, e que são capazes de sacrifícios os
mais heróicos e altruístas por causas humanitárias e nobres. Apenas atribui
tais atos, não à natureza do homem em si, mas ao que denomina de a graça comum
de Deus. Com isso os reformados designam aquelas operações graciosas e
soberanas da providência de Deus, pelo Seu Espírito, na humanidade em geral,
restringindo as corrupções e as tendências malignas dos corações e promovendo
atitudes de misericórdia, independentemente das crenças religiosas das pessoas,
com o objetivo de preservar por mais um tempo o convívio humano, a existência
da sociedade e a sobrevivência da raça humana. Dessa forma, se por um lado a
humanidade é totalmente inclinada a fazer coisas erradas, por outro, é levada
(na maioria das vezes de forma inconsciente) por Deus a realizar atos de
misericórdia e bondade, pelos quais a sua sobrevivência em sociedade é
preservada. Caso Deus deixasse de atuar assim, a humanidade já teria se destruído
há muito tempo (veja Gn 20.6; Sl 33.5; 104.13-15; Mt 5.45).
A
queda do homem não exclui sua responsabilidade. O ensino reformado da
depravação total também não exclui o reconhecimento de que as Escrituras
ensinam que o homem, mesmo nesse estado decaído, é responsável pelos seus
malfeitos. Alguns estudiosos alegam que o homem não pode ser responsabilizado
pelos seus atos pecaminosos desde que é irresistivelmente inclinado a
praticá-los. Porém, entendemos que a queda do homem de um estado de pureza e
inocência para o de depravação moral e espiritual não anulou a sua
responsabilidade diante de Deus. As Escrituras, mesmo afirmando a depravação
moral e espiritual das pessoas, avisa-as que são responsabilizadas por Deus
pelos seus atos, e que sofrem as conseqüências dos mesmos (cf. Jz 9.56; Pv
5.22; 22.8; Jr 21.14; Rm 6.21,23; 2 Co 5.10; Gl 6.8-9). Não é difícil constatar
que freqüentemente sofremos com os resultados de decisões, palavras e atitudes
erradas que tomamos. A preguiça tem trazido pobreza a muitos. Uma vida
desregrada traz doenças. A falta de domínio próprio tem provocado reações que
levam ao homicídio. A embriagues e o uso de drogas tem trazido sofrimentos
indizíveis aos seus usuários e familiares. O amor ao dinheiro, a cobiça e a
inveja têm traspassado a muitos com muitas dores. Nas palavras do escritor
Jules Romains (1885-1972), "Se nossa época, se nossa civilização correm a
uma catástrofe, isto se dá menos por cegueira, do que por preguiça e por falta
de mérito". Esse é o ponto que desejamos enfocar nessa parte do nosso
ensaio: grande parte da miséria espiritual, moral, social, individual,
financeira e estrutural que sempre aflige a humanidade é fruto, em primeiro
lugar, dos pecados que ela comete. A humanidade em geral é responsável, em
grande medida, pela sofrimento moral, espiritual e físico que suporta durante
sua existência.
É
verdade que há muitos e muitos casos em que pessoas sofrem como conseqüência,
não de seus erros, mas dos erros de outros — como por exemplo, os pais que perdem
um filho atropelado por um motorista bêbado, ou os civis que sofrem durante uma
guerra. Negar isso seria cruel. Mas não é esse o nosso ponto. O que estamos
querendo dizer é que, ou por nossa culpa ou pela de outros humanos, grande
parte da miséria que nos acomete tem como raiz última esse estado de depravação
e corrupção a que a desobediência dos nossos primeiros pais nos lançou,
desobediência essa na qual incorremos por nós mesmos; pois até mesmo as
catástrofes naturais — como terremotos, ciclones, secas e dilúvios — são
atribuídos na Bíblia à desordem cósmica gerada pela queda do homem no jardim do
Éden (cf. Gn 3.17-18; Rm 8.20-22).
A
condenação e o castigo de Deus. Essa é a segunda conseqüência da queda que
desejo enfatizar. A humanidade não somente vive num estado lastimável de
depravação espiritual, provocando muitas dores em si mesma — ela está debaixo
do mais severo juízo de Deus por causa do estado de rebelião em que vive,
atraindo sobre si castigos temporais impostos por Ele. As Escrituras declaram
abertamente que Deus, mesmo tendo reservado para o futuro as penas eternas
merecidas pelos pecadores impenitentes, aqui e agora já impõe castigos
temporais aos mesmos.. As Escrituras nos dão inúmeros exemplos dos castigos
temporais de Deus sobre o pecado do homem. A começar com os castigos impostos
ao primeiro casal no Éden (Gn 3), passando pelo dilúvio (Gênesis 6-8), a
confusão das línguas (Gn 10) e a destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 13-17), a
Bíblia nos deixa muito claro que, aqui e agora, no presente tempo em que
vivemos, Deus está executando, mesmo que parcialmente, juízos sobre os homens
pecadores. Esses juízos por vezes tomam a forma de flagelos físicos. Deus disse
por intermédio de Moisés que castigaria os israelitas com toda sorte de misérias
temporais em caso de desobediência. O catálogo de sofrimentos em Deuteronômio
28 é impressionante: diminuição do patrimônio (v.18), doenças contagiosas,
infecções, inflamações e febres (v. 21-22), pragas (v. 22b), secas (v. 23),
tumores, chagas, úlceras e coceiras (v. 27), cegueira (v. 28-29), fracasso
financeiro e escravidão (v. 29) — a lista é infindável (cf. o restante dela nos
vv.
30-44;
ver também Levítico 26.14-46).
Veja Tambem:
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa Leitura
Custo:O Leitor não paga Nada,
Você APENAS DIVULGA
E COMPARTILHA
0 Comentários :
Postar um comentário
Deus abençoe seu Comentario