Ética Naturalística
Esse nome é geralmente dado ao sistema ético que toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e a desaparecer à medida que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo e bom; e tudo o que dificultar é errado e mau.
Por incrível que possa parecer, essa ética teve defensores como Trasímaco
(sofista, contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade.
Modernamente, Nietzsche e alguns deterministas biológicos, como Herbert Spencer
e Julian Huxley.
A ética naturalística tem alguns pressupostos acerca do homem e da natureza
baseados na teoria da evolução: (1) a natureza e o homem são produtos da
evolução; (2) a seleção natural é boa e certa. Nietzsche considerava como
virtudes reais a severidade, o egoísmo e a agressividade; vícios seriam o amor,
a humildade e a piedade.
Pode-se perceber a influência da ética naturalística claramente na sociedade
moderna. A tendência de legitimar a eliminação dos menos aptos se observa nas
tentativas de legalizar o aborto e a eutanásia em quaisquer circunstâncias. Os
nazistas eliminaram doentes mentais e esterilizaram os "inaptos"
biologicamente. Sade defendia a exploração dos mais fracos (mulheres, em
especial). Nazistas defenderam o conceito da raça branca germânica como uma
raça dominadora, justificando assim a eliminação dos judeus e de outros grupos.
Ainda hoje encontramos pichações feitas por neo-nazistas nos muros de São Paulo
contra negros, nordestinos e pobres. Conscientemente ou não, pessoas assim
seguem a ética naturalística da sobrevivência dos mais aptos e da destruição
dos mais fracos.
Os cristãos entendem que uma ética baseada na natureza jamais poderá ser legítima, visto que a natureza e o homem se encontram hoje radicalmente desvirtuados como resultado do afastamento da humanidade do seu Criador. A natureza como a temos hoje se afasta do estado original em que foi criada. Não pode servir como um sistema de valores para a conduta dos homens.