História Da Igreja - Teologia
30.111
10. Carta de Constantino sobre a
Celebração da Páscoa
Fonte: Eusébio de Cesaréia
("Vida de Constantino" III,18‐20)
Carta do Imperador Constantino ao
Clero Presente no Concílio de Nicéia I:
Quando a questão relativa à sagrada
celebração da Páscoa surgiu, universalmente se considerou que seria conveniente
que todos mantivessem a celebração
num mesmo dia, porque o que seria
mais belo e mais desejável do que ver essa Festa, pela qual recebemos a
esperança da imortalidade, ser celebrada por todos, em comum acordo, de uma
mesma forma?
Chegou‐se à conclusão de que era
particularmente indigno que a mais sagrada das festas seguisse o costume (e o
cálculo) dos judeus, que haviam manchado
suas mãos com o mais terrível dos
crimes e cujas mentes estavam cegas. Rejeitando o seu costume, nós poderemos
transmitir aos nossos descendentes o modo legítimo de celebrar a Páscoa, que
temos desde o tempo da Paixão de nosso Salvador até o presente (de acordo com o
dia da semana).
Não podemos, portanto, ter nada em
comum com os judeus, porque o Salvador nos mostrou um outro caminho; nosso
trabalho segue um curso mais legítimo e mais conveniente (a ordem dos dias da
semana): e, consequentemente, deste modo, numa adoção unânime, desejamos, caros
irmãos, separar‐nos
da imprópria companhia dos judeus,
porque nos é verdadeiramente vergonhoso os ouvirmos se vangloriarem de que, sem
sua orientação, não podemos guardar essa Festa. Como podem eles estar corretos,
se após a morte do Senhor, não se apóiam mais na razão, senão na violência, já
que a ilusão é quem os impele?
Eles não possuem a verdade na questão
da Páscoa, porque, em sua cegueira e aversão a todas as provas, freqüentemente
celebram duas Páscoas no mesmo
ano. Não podemos imitar aqueles que
estão abertamente em erro.
Como , então, podemos segui‐los se estão, de fato, muito
errados? Ora, celebrar a Páscoa
duas vezes no ano é totalmente
inadmissível. Mas, mesmo que não fosse assim, ainda permaneceria como vosso
dever não manchar vossas almas tendo comunicação com aquele povo.
Além disso, considerem bem que, em
tão importante questão, a respeito de solenidade de suma importância, não
deveria haver divisão entre nós.
Nosso Salvador nos deixou somente um
dia festivo de nossa redenção, ou seja, o dia de sua santa Paixão e ele quis
estabelecer uma única Igreja Católica. Pensem, então, quão irregular é que no
mesmo dia alguns estejam jejuando, enquanto outros estão sentados num banquete.
E que após a Páscoa, alguns estejam se regozijando em festas, enquanto outros
ainda estão observando um rigoroso jejum.
Por esta razão, a Divina Providência
quer que este costume seja retificado e regulado de maneira uniforme. Todos, eu
espero, irão concordar neste ponto. Se,
de um lado, é nosso dever nada fazer
em comum com os que condenaram Nosso Senhor, e, por outro lado, se dentre os
costumes agora observados pelas
Igrejas do Ocidente, do Sul e do
Norte e algumas do Oriente, há um mais recomendado, que seja ele aceito por
todos. Eu estou seguro de vosso acordo, de
que o que parecer bom para todos e
que tenha sido combinado por vosso consenso seja aceito, com alegria, como o
que será seguido por Roma, África, toda
a Itália, Egito, Espanha, Gálias,
Bretanha, Líbia, toda a Grécia, as dioceses da Ásia, do Ponto e da Cilícia. Vós
devereis considerar não somente que o número
de igrejas nessas Províncias sejam a
maioria, mas também que se procure a solução que nossa razão aprova e a que não
tenha nada em comum com os judeus.
Para resumir em poucas palavras: Por
unânime julgamento de todos, que se decida que a sacratíssima Festa da Páscoa
seja, universalmente, celebrada num
mesmo dia. Está claro que em tão
sagrado assunto não deverá haver nenhuma divisão. E é o caso de aceitar,
alegremente, o favor divino e esta verdadeira ordem. Todos os que participam
das assembléias de bispos devem considerá‐la procedente da vontade de Deus.
Façam saber a vossos irmãos que o que for decretado, seja obedecido na
celebração do santíssimo Dia. Poderemos assim celebrar a santa Páscoa
simultaneamente. Se isso me for concedido, como espero para unir‐me a vós, poderemos
alegrar‐nos juntos, considerando que o Poder Divino fez uso de nós como
instrumento para destruir os desígnios malignos e, assim, trazer fé, paz e
unidade para que floresçam em nosso meio. Possa Deus, meus irmãos, vos proteger
com sua Graça.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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