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28 de novembro de 2017

História De Israel – Teologia 31.73 (Livro 6 Cap 14) DAVI DERROTA OS FILISTEUS. SUA FAMA AUMENTA A INVEJA DE SAUL. ESTE ATIRA-LHE UM DARDO PARA MATÁ-LO. MICAL, MULHER DE DAVI, AJUDA-O A ESCAPAR. DAVI VAI TER COM SAMUEL. SAUL PERSEGUE DAVI PARA MATÁ-LO E PERDE INTEIRAMENTE O JUÍZO DURANTE VINTE E QUATRO HORAS. JÔNATAS CONTRAI MAIS ESTREITA AMIZADE COM DAVI E FALA EM SEU FAVOR A SAUL, QUE TENTA MATAR O FILHO. ELE AVISA DAVI, QUE FOGE PARA GATE, CIDADE DOS FILISTEUS, E RECEBE DE PASSAGEM AUXÍLIO DE ABIMELEQUE, SUMO SACERDOTE. RECONHECIDO EM GATE, DAVI FINGE-SE DE LOUCO E RETIRA-SE PARA A TRIBO DE JUDÁ, ONDE REÚNE QUATROCENTOS HOMENS. VAI TER COM O REI DOS MOABITAS E VOLTA DEPOIS ÀQUELA TRIBO. SAUL MANDA MATAR ABIMELEQUE E TODA A SUA DESCENDÊNCIA SACERDOTAL, DA QUAL SOMENTE ABIATAR SE SALVA. SAUL TENTA DIVERSAS VEZES E INUTILMENTE APANHAR E MATAR DAVI, O QUAL TEM OPORTUNIDADE DE MATAR SAUL NUMA CAVERNA E DEPOIS NO PRÓPRIO ACAMPAMENTO, MAS SE CONTENTA EM LHE DAR PROVAS DE QUE PODERIA TÊ-LO FEITO. MORTE DE SAMUEL. RAZÃO POR QUE DAVI SE CASA COMABIGAIL, VIÚVA DE NABAL. DAVI SE ESTABELECE JUNTO DEAQUIS, REI DE GATE,FILISTEU QUE O INDUZ A SERVIR NA GUERRA CONTRA OS ISRAELITAS.

História De Israel – Teologia 31.73
 
CAPÍTULO 14

DAVI DERROTA OS FILISTEUS. SUA FAMA AUMENTA A INVEJA DE SAUL. ESTE ATIRA-LHE UM DARDO PARA MATÁ-LO. MICAL, MULHER DE DAVI, AJUDA-O A ESCAPAR. DAVI VAI TER COM SAMUEL. SAUL PERSEGUE DAVI PARA MATÁ-LO E PERDE INTEIRAMENTE O JUÍZO DURANTE VINTE E QUATRO HORAS. JÔNATAS CONTRAI MAIS ESTREITA AMIZADE COM DAVI E FALA EM SEU FAVOR A SAUL, QUE TENTA MATAR O FILHO. ELE AVISA DAVI, QUE FOGE PARA GATE, CIDADE DOS FILISTEUS, E RECEBE DE PASSAGEM AUXÍLIO DE ABIMELEQUE, SUMO SACERDOTE.
RECONHECIDO EM GATE, DAVI FINGE-SE DE LOUCO E RETIRA-SE PARA A TRIBO DE JUDÁ, ONDE REÚNE QUATROCENTOS HOMENS. VAI TER COM O REI DOS MOABITAS E VOLTA DEPOIS ÀQUELA TRIBO. SAUL MANDA MATAR ABIMELEQUE E TODA A SUA DESCENDÊNCIA SACERDOTAL, DA QUAL SOMENTE ABIATAR SE SALVA. SAUL TENTA DIVERSAS VEZES E INUTILMENTE APANHAR E MATAR DAVI, O QUAL TEM OPORTUNIDADE DE MATAR SAUL NUMA CAVERNA E DEPOIS NO PRÓPRIO ACAMPAMENTO, MAS SE CONTENTA EM LHE DAR PROVAS DE QUE PODERIA TÊ-LO FEITO. MORTE DE SAMUEL. RAZÃO POR QUE DAVI SE CASA COMABIGAIL, VIÚVA DE NABAL. DAVI SE ESTABELECE JUNTO DEAQUIS, REI DE GATE,FILISTEU QUE O INDUZ A SERVIR NA GUERRA CONTRA OS ISRAELITAS.

241. Nesse mesmo tempo, os filisteus recomeçaram a guerra, e Davi foi mandado com o exército contra eles. Venceu-os, fez grande mortandade entre eles e voltou vitorioso a Saul. Mas não foi recebido como esperava nem como merecia o seu grande feito, porque a sua reputação era suspeita ao rei, e este, em vez de se alegrar com a vitória, enxergava apenas perigos e o tolerava com tristeza. Um dia, quando aqueles acessos com que o demônio o atormentava se mostravam mais violentos, ele ordenou a Davi que entoasse um cântico e tocasse harpa. Ele obedeceu, mas Saul, que tinha nas mãos um dardo, atirou-o contra ele com toda a força, e tê-lo-ia matado se ele não se desviasse do golpe. Fugiu então Davi para a sua casa e de lá não saiu mais o resto do dia.
Chegando a noite, Saul enviou guardas para cercar a casa, a fim de que ele não pudesse escapar, porque desejava julgar Davi e condená-lo à morte. Mical, mulher de Davi, soube de tudo, e, como o seu amor por um marido de tal mérito tê-la-ia feito preferir a morte à dor de perdê-lo, correu logo a avisá-lo: "Se o sol ao despertar vos encontrar ainda aqui, não mais vos tornarei a ver com vida. Fugi, enquanto a noite vo-lo permite. Rogo a Deus de todo o meu coração que a faça ainda mais longa que de ordinário, para que vos seja mais favorável, pois o rei resolveu mandar matar-vos e a não diferir mais esse cruel intento".
Depois de assim falar, ela amarrou uma corda à janela e o desceu para fora. Arrumou então o seu leito como para um enfermo e pôs deitada debaixo das cobertas uma estátua. Colocou-lhe na cabeça um tecido de pêlos de cabra e o cobriu com um manto. Ao despontar do dia, Saul mandou os homens prenderem Davi. Mical disse-lhe que ele estivera doente durante toda a noite. Assim, eles não duvidaram de que Davi estivesse enfermo naquele leito. Foram dizê-lo ao rei, e este ordenou-lhes que o trouxessem de qualquer modo, para o matar. Voltaram imediatamente, levantaram as cobertas e viram que a princesa os havia enganado. Saul fez graves censuras à filha por ter salvo um inimigo. Ela desculpou-se, dizendo que ele ameaçara matá-la se deixasse de ajudá-lo em tal contingência, e assim fora obrigada a fazê-lo. Não duvidava, porém, de que, tendo a honra de ser sua filha, o amor de seu pai por ela não era mais forte que o seu ódio por Davi. Saul, tocado por essas palavras, perdoou-a.
242. Davi, tendo conseguido salvar-se, foi procurar o profeta Samuel em Rama. Contou-lhe como Saul tentava sempre tirar-lhe a vida e que por bem pouco quase o matara atirando-lhe um dardo. Disse-lhe que, embora nunca tivesse feito algo que desagradasse a Saul, mas, ao contrário, com o auxílio contínuo de Deus, sempre o servira com muito proveito em todas as suas guerras, o bastante para conquistar-lhe a estima, conseguira apenas granjear-lhe o ódio e a inveja. Samuel, aborrecido pela injustiças de Saul, saiu de Rama e levou Davi a Gibeá, onde ele ficou algum tempo em sua companhia.
Logo que Saul o soube, enviou soldados para trazê-lo prisioneiro. Encontraram Samuel no meio de um grupo de profetas e, cheios do mesmo espírito, começaram a profetizar com eles. Saul mandou ainda outros com a mesma ordem, e aconteceu-lhes a mesma coisa. Mandou ainda outros, e eles também profetizaram. Isso o deixou tão encolerizado que resolveu buscá-lo em pessoa, mas ainda não se achava próximo de Samuel o suficiente para ser percebido quando o profeta fez com que ele também profetizasse. E, estando já perto de Samuel, perdeu completamente o juízo, despiu-se diante dele e de Davi e passou assim o resto do dia e toda a noite.
243. 1 Samuel 20. Davi foi em seguida procurar Jônatas para queixar-se de que, apesar de nunca ter dado ao rei motivo para insatisfação, este continuava a tentar por todos os meios tirar-lhe a vida. Jônatas rogou-lhe que tirasse aquela idéia da cabeça e não prestasse fé aos que faziam semelhantes declarações, mas confiasse em sua palavra: o rei, seu pai, não tinha aquela intenção. Se a tivesse, tê-la-ia comunicado a ele, Jônatas, pois nada fazia sem falar com ele e assim não deixaria de avisá-lo.
Davi, no entanto, afirmou com juramento que aquilo que se dizia era verdade. Rogou-lhe que o não pusesse em dúvida e pensasse antes em salvar-lhe a vida, acreditando no que ele lhe dizia em vez de esperar que a sua morte lhe causasse tristeza e remorso por não ter nele acreditado. Acrescentou que ele se devia admirar de que o rei, seu pai, conhecedor da estreita amizade entre ambos, nada lhe houvesse dito de suas intenções. Essas palavras persuadiram Jônatas e, muito triste, pediu a Davi que lhe dissesse em que poderia ajudá-lo.
Respondeu-lhe Davi: "Na certeza de que nada há que eu não possa esperar de vossa amizade, eis o que me vem à mente. Como amanhã é a primeira lua e o rei oferece nesse dia um grande banquete, ao qual eu costumava estar presente, es-perar-vos-ei fora da cidade, se vos aprouver, sem que ninguém o saiba. Quando o rei perguntar onde eu estou, far-me-eis o favor de responder-lhe que fui a Belém assistir à festa de minha tribo, depois de vos ter pedido licença. Se o rei disser, como costumam fazer as boas pessoas: 'Desejo-lhe boa viagem', será sinal de que não nutre má vontade contra mim. Mas se ele responder de outro modo, será prova do contrário, e far-me-eis o favor de me avisar. Esse favor, na infelicidade em que me encontro, será digno de vossa generosidade e da amizade que tão solenemente me prometestes. Se achardes que não a mereço e julgais que ofendi o rei, não espereis que ele me faça morrer: antecipai-vos, tirando-me a vida".
Essas últimas palavras partiram o coração de Jônatas. Ele prometeu a Davi fazer o possível para penetrar os sentimentos do rei, seu pai, e relatar-lhe fielmente tudo o que pudesse averiguar. Fez ainda mais. Para dar-lhe maior garantia, levou-o para fora, elevou os olhos para o céu e confirmou a sua promessa com juramento, proferindo estas palavras: "Tomo como testemunha da aliança que faço convosco o Deus eterno, que tudo vê, que está presente em toda parte e que conhece os meus pensamentos antes mesmo que a minha língua os possa exprimir, de que não deixarei de sondar o espírito do rei até saber o que ele tem na alma a vosso respeito e vos direi imediatamente tudo o que souber, de bem ou de mal. Deus sabe com quanta afeição lhe rogo que continue a vos ajudar, como fez até agora, e com que confiança acredito que Ele jamais vos abandonará, ainda que meu pai e eu nos tornássemos vossos inimigos. Lembrai-vos, de vossa parte, deste protesto que vos faço e, se me sobreviverdes, mostrai o vosso reconhecimento, pelo cuidado que tereis de meus filhos".
Depois desse juramento, Jônatas disse a Davi que o esperasse no campo destinado aos exercícios e que não deixaria de ir lá, acompanhado somente por um pajem logo que tivesse conhecido os sentimentos do rei, seu pai. Lá chegando, atiraria três flechas contra um alvo. Se os sentimentos do rei lhe fossem favoráveis, diria ao pajem que fosse buscar as flechas, mas se lhe fossem contrários não daria essa ordem. De qualquer modo, não importando como fossem as coisas, faria o possível para impedir que algum mal lhe acontecesse. Rogava-lhe apenas que se lembrasse, em sua boa sorte, da amizade que ele, Jônatas, lhe demonstrava e que tivesse afeto pelos seus filhos.
Como Davi não podia duvidar das promessas de Jônatas, compareceu ao lugar indicado. No dia seguinte, que era lua nova, o rei, depois de se purificar, segundo o costume, pôs-se à mesa para cear. Jônatas sentou-se à sua direita, e Abner, general do exército, à esquerda. Saul, percebendo vazio o lugar de Davi, julgou que ele não se havia purificado e nada disse. No dia seguinte, porém, não o vendo outra vez, perguntou a Jônatas porque ele não estivera presente a um banquete tão solene naqueles dois dias. Jônatas respondeu-lhe que ele fora a Belém assistir à festa de sua tribo, depois de lhe ter pedido licença, e que ainda o convidara a ir. E acrescentou: "Se vos aprouver, irei também, pois bem sabeis o quanto o estimo".
Jônatas então percebeu até que ponto chegava o ódio do pai contra Davi. Pois Saul, não podendo mais dissimulá-lo, ergueu-se em cólera contra ele, acusando-o de se ter tornado seu inimigo para ser amigo de Davi e perguntando-lhe se não tinha vergonha de abandonar assim o próprio pai para conspirar com o homem que lhe devia ser o mais odioso ou de não compreender que enquanto Davi estivesse vivo ninguém poderia reinar em segurança. Depois de assim falar, ordenou a Jônatas que o buscasse a fim de que sofresse o castigo que merecia. Perguntando então o generoso príncipe qual crime cometera Davi, para merecer a morte, o furor de Saul não se conteve mais nos limites das simples recriminações: passou às injúrias e das injúrias às ações. Tomou um dardo para matar o filho, e teria cometido tão horrível crime se os que estavam presentes não o houvessem impedido.
Assim, Jônatas não teve mais dúvida acerca do que Davi lhe dissera sobre o ódio mortal de Saul, principalmente depois que a amizade deles também quase lhe custara a vida. Saiu do banquete sem comer, passou toda a noite em grande sofrimento e ansiedade por ter sabido daquele modo, correndo risco de vida, em quão grave perigo vivia o seu amigo. Logo ao alvorecer, sob o pretexto de dar-se aos exercícios, dirigiu-se ao lugar onde Davi o esperava. Atirou três flechas e enviou o pajem sem lhe ordenar que as recolhesse, a fim de poder falar com Davi a sós. Davi lançou-se-lhe aos pés e confessou-se devedor da própria vida. Jônatas ergueu-o e o beijou. Ficaram depois abraçados por muito tempo, deplorando a infelicidade daquela separação, que lhes seria mais dolorosa que a própria morte, e não se podiam afastar um do outro. Por fim, separaram-se, embora com enorme desgosto e tristeza, não porém sem renovar ainda uma vez, com juramento, os protestos de sua inviolável amizade.
244. 1 Samuel 21. Davi, para evitar a perseguição de Saul, foi a Nobe falar com o sumo sacerdote Aimeleque. Este, admirando-se de o ver sozinho, perguntou-lhe o motivo. Davi respondeu-lhe que iria executar uma ordem do rei para a qual não precisava de ninguém e que ordenara aos seus homens que viessem encontrá-lo num lugar determinado. Assim, pediu a Aimeleque tudo o que necessitava para aquela pequena viagem e algumas armas. Aimeleque satisfez a sua vontade. Quanto às armas, disse-lhe que não as tinha, exceto a espada de Golias, que o próprio Davi consagrara a Deus. Ele a ofereceu, e Davi aceitou-a.
Um certo Doegue, porém, sírio de nascimento que cuidava das mulas de Saul, estava por acaso presente. Dali Davi foi a Gate, uma cidade dos filisteus, onde o rei Aquis tinha a sua corte. Mas foi reconhecido, e comunicaram imediatamente ao soberano que aquele hebreu, de nome Davi, que havia matado tantos filisteus, estava na cidade. Davi veio a sabê-lo e, vendo-se em tão grave perigo, pensou em fingir-se de louco para escapar. Ele fingiu tão bem que Aquis se encolerizou com os que o levaram, ordenando que lhe dessem a liberdade.
245. 1 Samuel 22. Depois de conseguir escapar usando desse expediente, Davi foi para a tribo de Judá, onde se escondeu numa caverna perto da cidade de Adulão, avisando disso os seus irmãos. Eles vieram vê-lo com todos os parentes, e vários outros reuniram-se também a ele, ou por causa do mau estado de seus negócios ou pelo medo que tinham de Saul. Elevou-se então o seu número a quatrocentos, e Davi desde então nada mais temeu. Foi ter com o rei dos moabitas e rogou-lhe que consentisse que ele e todos os que o acompanhavam ficassem em seu país até que a má sorte passasse. O soberano consentiu-o e tratou-o muito bem, assim como a todos os seus soldados, durante o tempo em que ele permaneceu naquelas terras.
Ele só saiu de lá por ordem do profeta Samuel, que lhe ordenou deixar o deserto para voltar à sua tribo. Davi então ficou na cidade de Sarim. Saul veio a sabê-lo e também que ele tinha consigo um grande número de homens armados. Ficou por isso muito perturbado, pois sabia que o valor e o proceder de Davi tornavam este capaz de tudo. Com tal apreensão, reuniu no palácio da cidade de Gibeá, que está situada sobre uma colina de nome Arnom, todos os seus amigos e toda a sua tribo e do trono, acompanhado dos guardas e oficiais de sua casa, falou-lhes: "Não podendo crer que esquecêsseis os benefícios com que aumentei a felicidade a que eu mesmo vos elevei, quisera saber se esperais recebê-los maiores da parte de Davi, pois bem conheço o afeto que lhe dedicais, o qual o meu próprio filho vos inspirou. Sei que Jônatas e ele se uniram, sem o meu consentimento, por uma estreita aliança, que confirmaram com juramento, e que Jônatas auxilia Davi contra mim com todas as suas posses. Vós ainda não vos deixastes influenciar por isso, mas esperais tranqüilamente pelo resultado".
Depois das palavras do rei, todos ficaram em silêncio. Doegue então quebrou-o, dizendo: "Majestade, eu presenciei Davi procurar o sumo sacerdote Aimeleque em Nobe, que lhe predisse o que devia acontecer, deu-lhe a espada de Golias e ajudou-o em tudo o que ele necessitava para continuar a viagem". Saul mandou chamar imediatamente Aimeleque e todos os seus parentes e disse-lhe: "Que motivos de queixa tendes contra mim, para receberdes tão bem a Davi, embora ele seja meu inimigo e conspire contra o meu governo, a ponto de lhe fornecerdes armas e predizerdes o que lhe deverá acontecer? Acaso ignorais que ele está fugitivo por causa do ódio que me tem e à casa real?"
Aimeleque não negou ter prestado a Davi o auxílio de que o acusavam. Mas, para mostrar que não fora tanto em consideração a ele quanto ao rei, respondeu: "Eu o recebi, majestade, não como vosso inimigo, mas como um de vossos fiéis servidores, como um dos principais oficiais do vosso exército e como tendo a honra de ser vosso genro. Poderia eu imaginar que um homem que vos é devedor de tantos favores pudesse ser vosso inimigo em vez de alguém dedicado ao vosso serviço? Quanto ao que ele me consultou sobre a vontade de Deus e ao que lhe respondi, procedi também do mesmo modo. Sobre o que lhe dei para continuar a viagem, ele me disse que vossa majestade o enviava em missão muito importante. Assim, julguei que, recusando-o, ofenderia vossa majestade. Enfim, por pior que pudesse ser o desígnio de Davi, vossa majestade não se deve persuadir de que eu tenha querido ajudá-lo em prejuízo vosso".
Saul, julgando que Aimeleque falava daquele modo apenas por medo, não prestou fé alguma às suas justificativas e ordenou que os guardas o matassem, bem como a todos os seus parentes. Como eles recusassem cometer tal sacrilégio, porque a lei de Deus não permitia tal obediência, o rei deu esse encargo àquele miserável Doegue. Este, juntamente com alguns celerados semelhantes a ele, massacrou Aimeleque e todos os de sua família, e o número total foi de trezentas e oitenta e cinco pessoas. Porque o horrível furor de Saul ainda não estava satisfeito. E enviou esses mesmos ímpios a Nobe, que era a moradia dos sumos sacerdotes e dos outros ministros da lei de Deus, onde mataram todos os que encontraram, sem poupar nem mesmo as mulheres e as crianças, e puseram fogo à cidade. Abiatar, um dos filhos de Aimeleque, foi o único a escapar de tão terrível crueldade. Essa infame matança realizou o que Deus revelara ao sumo sacerdote Eli, isto é, que a sua posteridade seria destruída por causa de seus dois filhos.
Essa detestável ação de Saul, que pela mais horrível das impiedades não receou derramar o sangue de toda a casta sacerdotal, sem mesmo poupar os velhos e as crianças, nem temeu reduzir a cinzas uma cidade que o próprio Deus escolhera para ser a moradia de seus sacerdotes e profetas, demonstra até onde pode chegar a corrupção do espírito humano. Enquanto a mediocridade de sua condição os impede de fazer o mal a que a sua inclinação os leva, parecem mansos e moderados, mostram amor pela justiça e pela piedade e estão conven-cidos de que Deus, que está presente em toda parte, vê todas as suas ações e penetra todos os seus pensamentos. Mas quando se vêem elevados pela autoridade e poder, mostram que não tinham no coração aqueles sentimentos e, tal como os atores, que depois de trocar as vestes apresentam-se no palco para representar um papel qualquer ou outro personagem, eles aparecem em seu natural. Tornam-se audaciosos e insolentes, desprezando a Deus e fazendo pouco caso dos homens.
Dessa forma, embora a grandeza de sua posição, que expõe até as menores de suas ações à vista de todos, os devesse fazer agir de maneira irrepreensível, eles julgam que o próprio Deus mantém os olhos fechados ou os teme, e passam a desejar que Ele aprove e que os homens achem justo tudo que o seu temor, o seu ódio e a sua imprudência lhes inspiram, sem preocupação com as conseqüências. De modo que, depois recompensar com muitas honras os grandes serviços, não se contentam em privar delas, por meio de falsas denúncias e calúnias, aqueles que os prestaram e que as tinham tão justamente merecido. Tiram-lhes até mesmo a vida. E agem assim não no uso legítimo de seu poder, como na punição dos culpados, mas com ações de injustiça e de crueldade, oprimindo inocentes, os quais, sendo-lhes inferiores, não se podem livrar de suas violências.
Saul, como acabamos de ver, é disso um nítido exemplo. Pois, pode haver algo mais estranho que, após o governo aristocrático e o dos juizes, ele, o primeiro a ser feito rei sobre todo o povo de Deus, tenha, por uma simples suspeita, matado Aimeleque e mais de trezentos sacerdotes e profetas, queimado a cidade deles e os sepultado nas ruínas, sem se incomodar que, não restando mais nenhum ministro da vontade de Deus, o Templo ficasse inteiramente abandonado? Ou que o seu furor o tenha levado não somente a exterminar essas pessoas constituídas para prestar a Deus o culto supremo que lhe é devido, mas também a destruir até os alicerces o lugar que Ele lhes dera como moradia?
Abiatar, o único sobrevivente da mortandade, foi procurar Davi e contou-lhe como as coisas se haviam passado. Este não ficou admirado, pois quando foi falar com Aimeleque percebeu que Doegue estava presente e bem imaginou que ele não perderia ocasião para caluniar o sumo sacerdote. Ficou sensivelmente comovido por ter dado motivo a isso e rogou a Abiatar que ficasse com ele, pois em outro lugar não estaria em segurança.
246. 1 Samuel 23. Soube Davi, ao mesmo tempo, que os filisteus haviam entrado no território de Queila e feito grande destruição. Resolveu atacá-los, mas antes consultou Samuel para saber se era do agrado de Deus. O profeta garantiu que Ele daria a vitória a Davi, que os atacou imediatamente. Ele fez uma grande matança, apoderou-se de ricos despojos e entrou em Queila para proteger os habitantes até que trouxessem o trigo para a cidade. Como tão grande feito não podia permanecer oculto e a notícia se espalhasse por toda parte, ela chegou até Saul. Ele sentiu grande alegria por saber onde Davi se havia estabelecido, julgando ser aquilo um sinal de que Deus queria entregá-lo em suas mãos. Ordenou então que alguns soldados fossem cercá-lo, com ordem de não se levantar o cerco antes de se apoderarem dele e matá-lo.
Deus, no entanto, revelou a Davi que ele estaria perdido se não se retirasse imediatamente, porque os habitantes de Queila o entregariam nas mãos do rei, a fim de terem paz com ele. Assim, partiu com os seus seiscentos homens para o deserto, até uma colina de nome Haquila, e Saul viu frustradas as suas esperanças. Do deserto, Davi passou ao território de Zife, a um lugar de nome Horesa. jônatas foi até lá encontrar-se com ele, para abraçá-lo e para conversarem. Exortou-o a esperar para o futuro, não obstante a infelicidade presente. Assegurou que Davi ainda reinaria sobre todo o povo e que não era de admirar que para chegar a tão alta posição fosse mister suportar tão duros sofrimentos. Renovaram depois, com juramento, os protestos de amizade e tomaram a Deus como testemunha. Fizeram imprecações contra aquele que a eles faltasse, e Jônatas regressou, depois de ter dado a Davi essa consolação naquele momento de infelicidade.
Os habitantes de Zife, para agradar a Saul, avisaram-no de que Davi estava perto da cidade e asseguraram que fariam o possível para entregá-lo em suas mãos, o que lhes seria muito fácil de conseguir se o rei mandasse fechar algumas passagens por onde ele poderia escapar e avançasse com as suas tropas. Saul louvou-lhes a fidelidade, manifestando o seu agradecimento por aquele serviço e prometendo retribuí-lo. Mandou-lhes em seguida muitos soldados para procurar Davi nos lugares mais ocultos do deserto, com a garantia de que ele mesmo, o rei, os seguiria bem depressa. Os zifenianos serviram de guia a essas tropas e tudo fizeram, no que dependia deles, para agradar a Saul.
Assim, esses homens maléficos, que deveriam se conservar em silêncio, para salvar um homem que era não apenas inocente, mas muito virtuoso, fizeram por interesse e por bajulação tudo o que puderam para entregá-lo ao inimigo e à morte. Mas Deus não permitiu um êxito correspondente a essa má vontade. Davi, alertado dê que o rei se aproximava, abandonou os lugares para os quais se havia retirado e instalou-se num grande rochedo que está no deserto de Jesimom. Saul perseguiu-o, chegou ao outro lado da rocha, cercou-o por todos os lados e tê-lo-ia apanhado, não fora o aviso de que os filisteus haviam entrado no país. Ele julgou mais conveniente repelir os inimigos públicos, tão temíveis, a deixar-lhes o reino como presa por causa da obstinação em perseguir um inimigo particular. Davi salvou-se dessa maneira de um perigo que parecia inevitável e refugiou-se no estreito de En-Gedi.
247. 1 Samuel 24. Saul soube disso e, mal repeliu os filisteus, tomou três mil homens escolhidos de todas as suas tropas e marchou para esse lugar. Impelido por uma necessidade, o rei entrou sozinho numa caverna muito espaçosa e profunda, onde Davi se havia escondido com todos os seus homens. Um deles reconheceu o rei e foi logo dizer a Davi que Deus lhe oferecia ocasião a mais favorável para vingar-se do inimigo: fazendo-o perder a vida, livrar-se-ia para sempre daquela injusta perseguição. Davi, em vez de seguir tal conselho, julgou por um sentimento de piedade que não podia, sem ofender a Deus, dar a morte àquele que Ele fizera rei e que como tal era seu amo e senhor. Porque, por piores que sejam os nossos inimigos e por mais que façam para nos eliminar, jamais lhes devemos pagar o mal com o mal. Assim, contentou-se em cortar um pedaço do manto de Saul. E, quando ele saiu da caver-na, seguiu-o e gritou para ele. Saul reconheceu-o e voltou-se.
Então Davi prostrou-se diante dele, como de costume, e disse: "Será justo que vossa majestade preste fé aos caluniadores, que vos enganam, e desconfie daqueles que vos têm mais afeto e vos são mais fiéis, quando deveríeis julgar uns e outros por suas ações? As palavras podem enganar, mas as ações mostram o que eles têm no fundo da alma. Vossa majestade acaba de conhecer, pelos efeitos, a malícia daqueles que me acusam sem cessar de más intenções, em que jamais pensei e que não poderia executar mesmo que as tivesse. No entanto, eles levaram vossa majestade a empregar toda espécie de meios para me matar. Mas, como vossa majestade pode ver, a afirmativa de que atentei contra a vossa pessoa é falsa. Ter-me-ia sido tão fácil matá-lo como cortar este pedaço do vosso manto que tenho em minha mão. No entanto, por mais justo que seja o meu ressentimento, eu o contive, ao passo que vossa majestade se deixa levar pela ira, por mais injusta que seja. Deus nos julgará, senhor, e condenará aquele que de nós dois for culpado".
Saul, espantado pelo perigo que havia corrido e sem poder deixar de admirar a virtude e a generosidade de Davi, soltou um profundo suspiro, que arrancou làgrimas a Davi. Tocado por tão extrema bondade, disse-lhe o rei: "Eu é que deveria chorar, e não vós, porque depois de receber tantos serviços de vós tenho-vos perseguido com muita crueldade. Hoje mostrastes que sois um digno sucessor dos mais virtuosos de nossos antepassados, que, em vez de tirar a vida aos seus inimigos quando estes se encontram em posição desfavorável, gloriam-se de perdoar-lhes. Assim, não duvido de que Deus deseje pôr a coroa em vossa cabeça para fazer-vos reinar sobre todo o povo de Israel. E peço-vos que me prometais com juramento que, em vez de destruir a minha família, tomareis cuidado de conservá-la, sem vos lembrardes dos males que vos causei". Davi prometeu-o e jurou-lhe, e depois se separaram: Saul voltou ao seu reino, e Davi foi para o estreito dos masticianos.
248.  1 Samuel 25. A morte do profeta Samuel deu-se nesse mesmo tempo. E, como todo o povo o havia honrado extremamente pela sua eminente virtude, nada se pode acrescentar às demonstrações de afeto que prestou à sua memória. Depois de o enterrarem com grande magnificência em Rama, lugar de seu nascimento, eles o choraram por muito tempo. Não foi somente luto público, mas todos o lamentavam em particular, como se fosse um parente. Isso porque, além de seu amor pela justiça, a sua bondade era tão extraordinária que o tornou muito querido por Deus. Depois da morte de Eli, sumo sacerdote, ele governou sozinho todo o povo durante doze anos e viveu dezoito anos durante o reinado de Saul.
249. Um homem chamado Nabal, do país dos zifenianos, morava nesse tempo na cidade de Maom e era rico, principalmente em rebanhos: tinha três mil carneiros e mil cabras. Davi proibiu terminantemente aos seus soldados tocar em qualquer coisa que pertencesse a esse homem, por maiores que fossem as necessidades ou sob qualquer pretexto, porque ele sabia que não se pode tomar os bens alheios sem faltar aos mandamentos de Deus e, assim fazendo, julgava que agradaria a um homem de bem, que merecia as suas homenagens. Mas Nabal era um bruto, de mau caráter e muito cruel. Sua mulher, ao contrário, de nome Abigail, era gentil, prestimosa, virtuosa e além disso extremamente bela.
Quando Nabal foi tosquiar as ovelhas, Davi enviou dez dos seus para saudá-lo, desejar-lhe toda sorte de prosperidade por muitos anos e rogar-lhe que o ajudasse com alguma coisa para a subsistência de seus homens, pois podia informar-se com os guardas do rebanho que desde que estava no deserto, e isso havia muito tempo, nem ele nem os seus homens lhe haviam causado o menor prejuízo. Poderiam até dizer o contrário, isto é, que ele os havia conservado. E Nabal agora, obsequi-ando-o, faria bem a um homem muito grato. Esse homem, porém, em vez de dar uma resposta, perguntou-lhes quem era Davi. Eles disseram-lhe que era um dos filhos de Jessé. Nabal exclamou: "Ah! Um fugitivo, que se esconde com medo de cair nas mãos de seu senhor, agora quer passar por ousado e corajoso".
Essas palavras, tão ofensivas, foram referidas a Davi e o deixaram tão encole-rizado que ele jurou que antes de a noite acabar exterminaria Nabal e toda a sua família e destruiria a sua casa e todos os seus bens, pois, não satisfeito em demonstrar tanta ingratidão pelos favores recebidos, tivera ainda a insolência de ultrajá-lo daquele modo. Deixou para a guarda de sua bagagem duzentos dos seiscentos homens que então contava e partiu para executar a sua resolução. No entanto, um dos pastores de Nabal, que ouvira as palavras proferidas por seu senhor, avisou a mulher deste, alertando-a das perigosas conseqüências e afir-mando que nem Davi nem os seus jamais haviam feito mal algum aos rebanhos. Abigail mandou imediatamente carregar alguns asnos com uma grande quantidade de provisões e, sem nada dizer ao marido, que só tratava bem os de caráter semelhante ao dele, foi ter com Davi.
Encontrou-o num vale, desceu em terra logo que o viu e, prostrando-se diante dele, pediu-lhe que não levasse em conta o que dissera o marido, pois o próprio nome Nabal, que em hebreu significa "insensato", era-lhe muito conveniente. Ela declarou ainda que não estava presente quando os homens foram procurá-lo e continuou a falar, nestes termos: "Rogo-vos que nos perdoeis a ambos e considereis o motivo que tendes de dar graças a Deus, por não ter permitido que mergulhásseis as vossas mãos em sangue. Porque, conservando-as puras, vós o obrigareis a vingar os vossos inimigos e a fazer cair sobre as suas cabeças a infe-licidade que estava prestes a cair sobre a de Nabal. Confesso que a vossa cólera contra ele é justa, mas moderai-a, por amor de mim, que não tenho parte na culpa, pois a bondade e a clemência são virtudes dignas de um homem que Deus destinou para reinar um dia. Tende a bondade de aceitar estes pequenos presentes que vos ofereço".
Davi recebeu-os e respondeu-lhe: "Foi Deus quem vos trouxe aqui, do contrário, não teríeis visto o dia de amanhã, porque eu havia jurado exterminar esta noite Nabal e toda a sua família, para castigá-lo pela ingratidão e pelo ultraje que me fez. Devo, porém, perdoar-lhe, em consideração a vós, pois Deus vos inspirou a que vos opusésseis à minha cólera por meio de vossos rogos. Ele, porém, não evitará o castigo que merece e morrerá de qualquer modo". Abigail voltou muito consolada por resposta tão favorável e encontrou o marido tão embriagado que nada lhe pôde dizer. No dia seguinte, porém, contou-lhe tudo o que se havia passado. O grave perigo que correra assustou-o e perturbou-o de tal modo que ele ficou paralítico de todo o corpo e morreu dez dias depois.
Davi, quando o soube, disse que Nabal recebera a recompensa merecida. Louvou a Deus por não ter permitido que manchasse as suas mãos no sangue dele e aprendeu por aquele exemplo que, tendo os olhos voltados para todas as nações dos homens, Ele castiga os maus e recompensa os bons. A virtude e a sabedoria de Abigail, unidas à sua grande beleza, haviam causado a Davi tanta estima e afeto por ela que, vendo-a viúva, mandou perguntar-lhe se o queria desposar. Ela respondeu que não era digna nem mesmo de beijar-lhe os pés. Depois veio encontrar-se com ele, trazendo boa equipagem, e o des-posou. Ele já tinha outra esposa, de nome Ainoã, que era da cidade de Jezreel. Quanto a Mical, Saul a dera em matrimônio a Palti, filho de Laís, que era da cidade de Galim.
250. 1 Samuel 26. Pouco tempo depois, alguns zifenianos avisaram Saul de que Davi regressara àquele país, e, se quisesse ajudá-los, eles poderiam apanhá-lo. O rei se pôs imediatamente em campo com três mil soldados e acampou naquele mesmo dia em Haquila. Davi, alertado de sua marcha, mandou espiões para fazer um reconhecimento, e estes confirmaram o aviso. Ele partiu de noite, acompanhado somente por Abisai, e entrou no acampamento de Saul. Encontrou todos os soldados adormecidos, bem como o general Abner. Passou pela tenda do rei, que também dormia, e da cabeceira de sua cama apanhou-lhe o dardo. Abisai quis matá-lo, mas Davi lhe reteve o braço e o impediu, dizendo que, por pior que fosse Saul, não se poderia sem crime atentar contra a vida de um rei constituído por Deus e que tocava ao próprio Deus castigá-lo, quando julgasse que era tempo de o fazer.
Assim, Davi contentou-se em levar o dardo e um vaso que estava próximo do rei, de modo que não se pudesse duvidar de que poderia tê-lo matado, se o desejasse. Confiando na escuridão da noite e em sua coragem, saiu do acampamento do modo como havia entrado, sem que ninguém o percebesse. Depois de atravessar a torrente, subiu à montanha, de onde todo o acampamento de Saul poderia ouvi-lo, e gritou bem alto, chamando por Abner, que acordou com o barulho, bem como todos os soldados. Abner perguntou quem o chamava.
Ele respondeu: "Sou eu, Davi, filho de Jessé, que vós expulsastes. Como vós, que tão valente sois e gozais de tanta honra perante o rei, mais que qualquer outro, tendes tão pouco cuidado em defendê-lo e dormis em vez de zelar pela garantia de sua pessoa? Podeis negar que não sois culpado de um crime capital, tendo sido tão negligente a ponto de perceberdes que alguns dos meus homens entraram no vosso acampamento e até mesmo na tenda real? Vede onde estão o dardo do rei e o seu vaso e julgai agora se montastes boa guarda".
Saul reconheceu a voz de Davi e, diante das provas que apresentava, percebeu que, graças à negligência dos seus, ter-lhe-ia sido fácil matá-lo sem que nenhum estranho fosse encontrado. Confessou então ser-lhe devedor da vida e declarou que lhe permitia voltar para casa com toda a segurança, porque não podia mais duvidar de seu afeto e de sua fidelidade, depois de lhe poupar a vida diversas vezes, e porque ele, em vez de reconhecer os bons serviços que Davi lhe prestara, o havia exilado, privado da consolação de viver com os parentes e perseguido impiedosamente. Davi mandou em seguida que viessem buscar o dardo e o vaso do rei e protestou que Deus, que sabia que ele teria podido matar Saul, seria o juiz de suas ações.
251. 1 Samuel 27. Eis como Davi uma segunda vez poupou a vida a Saul. E, não querendo mais ficar naquele país, receando vir a cair nas mãos do rei, decidiu, com o consentimento de todos os que estavam com ele, passar às terras dos filisteus. Aquis, rei de Gate, uma das cinco cidades dessa nação, recebeu-o favoravelmente, e Saul, vendo como fora malsucedido e lembrando os graves riscos que correra, não pensou mais em persegui-lo. Davi não quis estabelecer-se na cidade, para não ser pesado aos seus habitantes, e rogou ao rei Aquis que lhe desse um lugar no campo. Ele deu-lhe a aldeia de Ziclague, pela qual Davi tomou tanto afeto que, depois de se tornar rei, veio a comprá-la, para tê-la como propriedade particular.
Lá ficou um ano e quatro meses, e durante esse tempo fazia secretamente incursões sobre as terras dos gerusianos, dos gersianos e dos amalequitas, que eram povos vizinhos dos filisteus, trazendo grande quantidade de cavalos, camelos e gado. Contudo não fazia prisioneiros, temendo que o rei descobrisse de quem ele trazia tais presas, das quais enviava-lhe uma parte. Quando o rei lhe perguntava onde as ia buscar, Davi respondia que era nas planícies da Judéia, do lado sul, no que o príncipe acreditava com tanta felicidade quanto desejava que fosse verdade. Porque Davi se poria em condição de jamais poder regressar àquele país caso tratasse como inimigos os seus súditos. Não sendo assim, porém, podia mantê-lo junto de si e servir-se dele vantajosamente.
252.  1 Samuel 28. Nesse mesmo tempo, os filisteus resolveram fazer guerra aos israelitas. O rei Aquis ordenou a reunião de todas as suas tropas na cidade de Suném e por isso mandou dizer a Davi que lá se encontrasse também, com os seus seiscentos homens. Ele respondeu que obedeceria com prazer, para testemunhar-lhe a sua gratidão pelos favores de que lhe era devedor. O rei, por sua vez, prometeu-lhe que se fosse vitorioso recompensaria os seus serviços com grandes honras e o faria comandante de sua guarda.
  

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