História De Israel – Teologia 31.122
CAPÍTULO 12
MORTE DE NABUCODONOSOR, REI DA BABILÔNIA. EVIL-MERODAQUE,
SEU
FILHO, SUCEDE-O E PÕE JECONIAS, REI DEJUDÁ, EM LIBERDADE.
SÉRIE DOS
REIS DA BABILÔNIA ATÉ BELSAZAR. CIRO, REI DA PÉRSIA, E
DARIO, REI DOS
MEDOS, CERCAM-NO NA BABILÔNIA. VISÃO QUE ELE TEM, EXPLICADA
POR
DANIEL. CIRO TOMA A BABILÔNIA E APRISIONA O REI BELSAZAR.
DARIO
LEVA DANIEL PARA A MÉDIA E O ELEVA A GRANDES HONRAS. A
INVEJA DOS
NOBRES CONTRA ELE É CAUSA DE ELE SER LANÇADO NA COVA DOS
LEÕES.
DEUS O SALVA, E ELE TORNA-SE MAIS PODEROSO DO QUE NUNCA.
SUAS PROFECIAS E SEU LOUVOR.
433. Depois da morte
do rei Nabucodonosor, de que acabamos de falar, Evil-Merodaque, seu filho,
sucedeu-o e não somente pôs Jeconias (que antes se chamava Joaquim), rei de
Judá, em liberdade, como também deu-lhe ricos presentes, tornou-o mordomo-mor
de seu palácio e dedicou a ele um afeto muito particular. E assim, tratou-o de
uma maneira bem diferente da que Nabucodonosor o havia tratado, quando o amor
pelo bem de seu país, como vimos, o fez entregar-se em boa fé nas mãos deste,
com sua mulher, seus filhos e todos os seus bens, para que fosse levantado o
cerco de Jerusalém, sendo que Nabucodonosor lhe faltou à palavra.
Evil-Merodaque reinou dezoito anos. Niglizar, seu filho,
sucedeu-o e reinou quarenta anos. Seu filho Labofordá, que o sucedeu, reinou
somente nove meses. Belsazar, filho deste, a quem os babilônios chamam
Naboandel, substituiu-o. Ciro, rei dos persas, e Dario, rei dos medos,
fizeram-lhe guerra e o sitiaram na Babilônia.
434. Daniel 5.
Enquanto a cidade era cercada, esse soberano oferecia um banquete aos nobres da
corte e às suas concubinas numa sala onde havia um armário riquíssimo, em que
se conservavam os preciosos vasos de que os reis se costumam servir. A isso ele
quis acrescentar uma nova magnificência e ordenou então que fossem trazidos os
vasos sagrados do templo de Jerusalém, os quais Nabucodonosor mandara colocar
junto com os de seus deuses, porque não se atrevera a servir-se deles. Como
Belsazar estava turvado pelo vinho, teve a ousadia de beber num daqueles vasos
e de blasfemar contra Deus. No mesmo instante, ele viu uma mão sair da parede e
escrever nela algumas palavras.
A visão deixou-o atônito, e ele mandou buscar da Caldéia e
de outras nações alguns dos maiores sábios que sabiam interpretar os sonhos e
ordenou-lhes que dissessem o significado daquelas palavras. Eles responderam
que era impossível. O seu sofrimento aumentou de tal modo que ele mandou
apregoar que daria uma cadeia de ouro, uma túnica de púrpura, como as que usam
os reis da Caldéia, e a terça parte do reino a quem interpretasse aquelas
palavras.
A promessa de tão grande recompensa fez chegar de todos os
lados candidatos que passavam pelos mais hábeis e peritos. Todavia, por maiores
esforços que todos fizessem, ninguém foi capaz de interpretá-las. A princesa
sua avó, vendo-o em tal aflição, disse-lhe para não perder a esperança de que
alguém lhe desse a explicação que desejava, porque havia entre os escravos que
Nabucodonosor trouxera para a Babilônia depois da ruína de Jerusalém um certo
Daniel, cuja ciência era extraordinária. Ele explicava coisas que somente eram
conhecidas por Deus e interpretara um sonho que nenhum outro conseguira
explicar. Precisava apenas mandar chamá-lo e dizer-lhe do seu desejo de saber o
significado daquelas palavras, pois talvez até fosse algo inquietante que Deus
quisesse comunicar.
Diante de tal conselho, Belsazar mandou imediatamente chamar
Daniel, disse-lhe o quanto se sentia feliz por saber que ele recebera de Deus o
dom de penetrar e conhecer o que os outros ignoravam e rogou que lhe dissesse o
que significavam as palavras escritas naquela parede, prometendo-lhe, se o
fizesse, dar-lhe uma túnica de púrpura, uma cadeia de ouro e a terça parte de
seu reino, para mostrar a todos, com aquelas demonstrações de honra, a sua
sabedoria, quando fosse conhecida a causa de ele merecê-las. Daniel, ciente de
que a sabedoria que vem de Deus deve sempre ter em vista fazer o bem sem
pretender outra recompensa, suplicou ao rei que o dispensasse de aceitá-las.
Disse-lhe em seguida que aquelas palavras significavam que o
fim da vida de Belsazar estava próximo, porque ele não havia aprendido com o
castigo com o qual Deus punira a impiedade de Nabucodonosor e nem aproveitara
aquele exemplo para evitar colocar-se acima da sua condição de simples homem,
pois não podia ignorar que aquele príncipe fora obrigado a viver durante sete
anos à maneira dos animais e que só depois de muitas preces Deus, movido pela
compaixão, o reconduziu ao convívio dos homens e o restabeleceu no trono. E
Nabucodonosor foi tão grato que pelo resto de sua vida não deixou de dar a Deus
contínuas ações de graças e de admirar o seu poder onipotente. No entanto
Belsazar, em vez de se deixar levar por aquele exemplo, não tivera medo de
blasfemar contra Deus e de beber com as suas concubinas nos vasos consagrados
em honra dEle. Por isso Ele estava tão irritado que desejou manifestar por meio
daquelas palavras qual seria o fim de sua vida.
Daniel acrescentou ainda que esta era a explicação das
palavras: Mene, isto é, "número", significava que o número que Deus
marcara aos anos do reinado de Belsazar iria se completar, e lhe restava muito
pouco tempo de vida. Tequel, isto é, "peso", significava que Deus
havia pesado na sua justa balança a duração daquele reinado, e que ele tendia
ao fim. Peres, que quer dizer "fragmento" e "divisão",
significava que o reino seria dividido entre os medos e os persas. Por maior
que fosse a dor que sentia, o rei Belsazar, sabendo pela explicação dessas
palavras misteriosas as desgraças que o aguardavam, julgou que Daniel agira
como um homem de bem e lhe dissera somente a verdade, e seria muito injusto
maltratá-lo por essa razão. Por isso não deixou de o recompensar, dando-lhe o
que prometera.
435. Naquela mesma noite, Babilônia foi tomada e Belsazar,
morto. Isso aconteceu no dédicmo sétimo ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia.
Dario, filho de Astíages, ao qual os gregos dão outro nome, tinha sessenta e
dois anos quando, com o auxílio de Ciro, seu parente, destruiu o império da
Babilônia. Levou consigo para a Média o profeta Daniel e, para mostrar até que
ponto o estimava, nomeou-o um dos três governadores supremos, cujo poder se
estendia sobre outros trezentos e sessenta, pois o considerava um homem todo
divino e só se aconselhava com ele nos assuntos mais importantes.
Os outros ministros, como geralmente acontece na corte dos
reis, não podendo tolerar que ele fosse tão preferido, sentiram tal inveja que
tudo fizeram para encontrar um motivo de caluniá-lo. Mas isso lhes foi
impossível, porque a virtude de Daniel era tão grande e as suas mãos tão puras
que ele julgava que seriam manchadas se recebessem presentes e considerava
coisa vergonhosa desejar recompensa pelo bem que se faz. Eles, porém, não se
arrependeram nem desistiram. E, faltando-lhes outros meios, imaginaram um pelo
qual, pensaram, poderiam destruí-lo.
Tendo notado que três vezes por dia ele fazia as suas
orações a Deus, foram ter com o rei e disseram-lhe que todos os grandes e
governadores do império haviam julgado conveniente elaborar um edito pelo qual
seria proibido a todos os súditos, durante trinta dias, fazer orações a
qualquer deus ou a qualquer homem, senão a ele, o rei, devendo ser lançados na
cova dos leões todos os que desprezassem essa ordem. Dario, que não desconfiava
de sua malícia, aceitou a proposta e mandou publicar esse edito em todo o seu
território. Todos o obser-varam, exceto Daniel, que sem se impressionar
continuou a fazer as suas orações a Deus, como era seu costume.
Os seus inimigos não deixaram de ir imediatamente ao rei
acusá-lo de ter violado a ordem. Afirmaram que ele fora o único a ousar
desobedecer, e era tanto mais culpado porque não o fizera por um sentimento de
piedade apenas, mas por saber que aqueles que não o estimavam observavam as
suas ações. E, como esses nobres temiam que a grande afeição de Dario por
Daniel o levasse a perdoá-lo, insistiram tanto em que fosse inflexível em fazer
observar o seu edito e ordenasse que Daniel fosse atirado na cova dos leões que
não lhe foi possível defender-se. Mas ele esperava que Deus libertasse Daniel
do furor daqueles temíveis animais e exortou-o a suportar generosamente a sua
desdita. E assim, foi Daniel atirado àquele lugar, e fecharam a porta com uma
grande pedra. Dario mandou selá-la com o seu sinete e voltou para o palácio
imerso em tão grande aflição pelo que poderia acontecer a Daniel que não quis
comer e passou toda a noite sem dormir.
No dia seguinte, ao despontar do sol, o rei foi à cova dos
leões e viu que o seu selo estava intacto. Chamou Daniel por uma abertura que
havia na entrada e perguntou, gritando com todas as suas forças, se ele ainda
estava vivo. Daniel respondeu que não sofrerá mal algum, e o soberano no mesmo
instante mandou que o retirassem de lá. Os inimigos de Daniel, em vez de
reconhecerem que Deus o salvara por um milagre, disseram ousadamente ao rei que
aquilo acontecera porque antes se dera demasiado alimento aos leões, os quais,
não tendo mais fome, não o quiseram devorar. O rei ofendeu-se com a malícia
deles e ordenou que se desse grande quantidade de carne aos leões e que depois
de eles estarem fartos fossem atirados à cova os acusadores de Daniel, para ver
se os animais os poupariam, como diziam haverem poupado Daniel. A ordem foi
imediatamente executada, e ninguém mais pôde duvidar de que Deus salvara
Daniel, porque os leões devoraram os caluniadores com tanta avidez que pareciam
os mais esfomeados do mundo. Minha opinião, porém, é que foi o crime desses
malvados, e não a fome, o que irritou os leões contra eles, porque Deus quis
que esses animais irracionais fossem ministros de sua justiça e de sua
vingança.
Depois que os inimigos de Daniel foram assim punidos, Dario
mandou publicar em todo o seu território que o Deus que Daniel adorava era o
único verdadeiro e Todo-poderoso e elevou esse grande personagem a tão alto
grau de honras que ninguém duvidava que ele fosse o homem mais estimado pelo
rei em todo o império, e todos admiravam tão grande glória e tão extraordinário
favorecimento da parte de Deus.
Dario mandou construir em Ecbátana,* capital da Média, um
soberbo palácio, que ainda hoje se vê e que parece ter sido recém-concluído,
pois conserva o seu primitivo brilho, ao contrário do comum dos edifícios, aos
quais o tempo apaga a beleza, envelhecendo-os como aos homens. É nesse palácio
que está a sepultura dos reis dos medos, dos persas e dos partos. A sua guarda
ainda hoje está confiada a um sacerdote de nossa nação.
Nada encontro de mais admirável nesse grande profeta que
esta felicidade particular e quase incrível de que desfrutou, acima dos demais:
ter sido durante toda a sua vida honrado pelos reis e pelos povos e deixar
depois de sua morte uma memória imortal. Os livros que ele escreveu, lidos
ainda hoje, comprovam que Deus mesmo lhe falou e que ele não somente predisse
em geral, como os outros profetas, as coisas que deviam acontecer, mas também
determinou o tempo em que sucederiam. E, enquanto eles prediziam somente
desgraças, o que os tornava odiosos aos soberanos e aos súditos, ele predisse
coisas favoráveis, que levaram os reis a amá-lo. E a veracidade de suas
palavras, confirmada depois pelos fatos, fez com que todos não somente
prestassem fé às suas pala-vras, mas cressem que havia nele algo de divino.
Narrarei uma de suas profecias, para mostrar como eram
corretas. Ele disse que, tendo saído com os seus companheiros da cidade de
Susã, que é a capital do reino da Pérsia, para tomar ar no campo, houve um
tremor de terra, que surpreendeu e espantou de tal modo os que estavam com ele
que todos fugiram e o deixaram sozinho. Ele lançou-se então com o rosto em
terra e, estando assim nesse estado, percebeu que alguém o tocava e lhe dizia
para levantar, a fim de ver as coisas que sucederiam muito tempo depois aos de
sua nação.
Depois que ele se ergueu, viu um carneiro que tinha vários
chifres, sendo o último maior que os outros. Voltando os olhos para o lado do
ocidente, viu aproximar-se um bode, que se chocou com o carneiro, derrubou-o e
o pisou. Viu depois sair da fronte desse bode um chifre bem grande, que foi
quebrado, e dele saíram outros quatro, voltados para os quatro ventos. Entre
esses quatro chifres, surgiu um menor. Deus lhe disse que esse chifre, quando
crescesse, faria guerra à sua nação, tomaria Jerusalém, aboliria todas as
cerimônias do Templo e durante mil e duzentos e noventa e seis dias proibiria
que ali se oferecessem sacrifícios.
Depois que Deus lhe manifestou essa visão, explicou-a deste
modo: o carneiro significava o império dos medos e dos persas, cujos reis eram
representados pelos chifres. O maior era o último deles, porque sobrepujava a
todos em riquezas e em poder. O bode significava que viria da Grécia um rei que
venceria os persas e se tornaria senhor daquele grande império — o chifre
grande significava esse rei. Os quatro chifres pequenos nascidos desse grande
chifre e que se dirigiam para as quatro partes do mundo representavam aqueles
que depois da morte desse soberano dividiriam entre si esse grande império,
embora não fossem nem seus filhos nem seus descendentes. Eles reinariam durante
vários anos, e de sua posteridade viria um rei que faria guerra aos judeus,
aboliria todas as suas leis e toda a forma de sua república, saquearia o Templo
e durante três anos proibiria que ali se oferecessem sacrifícios. Isso tudo
aconteceu sob o reinado de Antíoco Epifânio.
Esse grande profeta deu também notícia do império de Roma e
da extrema desolação a que reduziria o nosso país. Deus lhe tornou patentes
todas essas coisas, e ele as deixou por escrito para serem admiradas pelos que
lhe vissem os efeitos, para mostrar os favores que recebera dEle e para
confundir os erros dos epicureus, que, em vez de adorarem a Providência, dizem
que Ele não se importa com os interesses deste mundo e que a terra não é
conservada nem governada por essa suprema Essência, igualmente bem-aventurada,
incorruptível e onipotente, mas subsiste por si mesma. Se eles considerassem
verdade o que dizem, ver-se-iam logo perecendo como um navio que, não tendo
piloto, é batido pela tempestade ou como um carro sem condutor, que é arrastado
pelos cavalos. Não pode haver melhor prova que as profecias de Daniel para nos
fazer constatar a loucura de quem não aceita que Deus tenha cuidado com o que
se passa sobre a terra. Pois se tudo o que acontece no mundo é por acaso, como
explicar o cumprimento de todas essas profecias? Julguei meu dever relatar tudo
isso conforme o que encontrei nos Livros Santos, mas deixo a cada qual
liberdade para ter outras opiniões ou acreditar no que quiser.
__________________
* Ou Acmetá.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa
Leitura
Custo:O Leitor não paga Nada,
Você APENAS DIVULGA
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