História Do Cristianismo -
Teologia 32.85
9 Nestorianos, Paulícios e Maometanos
(600-700)
A IGNORÂNCIA DO CLERO
As trevas que se amontoavam
sobre o cristianismo, iam-se tornando cada vez mais espessas à proporção que os
anos iam passando, e no princípio do VII século a ignorância do clero e a
superstição do povo eram extraordinárias. 0 decreto de Gregório, o Grande, pelo
qual se impedia a continuação dos estudos profanos, produziu este resultado
deplorável, cuja importância se pode avaliar pelo fato de que muitos dos padres
não sabiam escrever os seus próprios nomes. A língua grega estava quase
esquecida. Até a Bíblia pouco se lia; e os bispos que não tinham aptidão para
compor os seus próprios discursos aproveitavam-se vergonhosamente das homílias
dos antigos anciões da igreja para encobrirem a sua falta de sabedoria.
Contudo havia nisto alguma coisa, pois as suas vidas, a maior parte das vezes,
eram tão dissolutas que um sermão feito por eles devia ser um palavreado, ou
então uma contradição de lei moral e uma negação do Evangelho. Quase toda a
literatura que circulava entre o povo consistia nas mais extraordinárias
lendas dos mártires e das vidas fictícias dos santos. Isto era lido com avidez,
e em toda a parte se encontrava gente bastante supersticiosa e ignorante para
acreditar. O orgulho e a avareza do clero, que até então eram próprios só
daquela ordem de gente, também se introduziu nos mosteiros, instituições estas
que realmente deviam a sua existência aos esforços de homens piedosos e que
deviam, por isso, escapar a estes males; e nada se exagera dizendo-se que
muitas dessas casas estavam literalmente cheias de vícios. Havia também
freqüentemente questões entre os monges e os padres por causa da usurpação que
estes últimos faziam de grande e férteis pedaços de terreno pertencentes aos
mosteiros. Estes campos eram incontestável-, mente dos monges. Essas terras
haviam sido estéreis, e eles com o seu trabalho as transformaram em plantações
férteis; e não se sabe como foi que os padres puderam sustentar as suas
reclamações. Contudo, as contendas nunca foram decididas, porque os padres
eram muito ambiciosos e os monges não pareciam dispostos a sofrer de boa
vontade que os despojassem dos seus bens.
Não deve contudo admirar-nos
esta deplorável decadência que se observa de todos os lados, atendendo aos
exemplos que davam os papas, cuja arrogância e impiedade pareciam aumentar dia
a dia. A sua ambição era insaciável e não conhecia limites, e para conseguirem
os seus fins, empregavam todos os meios, mesmos os mais vis.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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