Apologética - Teologia 04.11
1.5. A Natureza do Antigo
Testamento
Não obstante ser a
Bíblia o livro mais vendido no mundo inteiro, nem por isso todo povo tem
perfeito conhecimento dela, muito especialmente no Brasil.
Lida pelos
pregadores e mesmo pelos crentes, dela se valendo muitos para reforçar as suas
opiniões em matéria de moral e mesmo filosofia, ainda assim se pensa que a
Bíblia é livro para ser interpretado por especialistas em matéria de exegese.
Este ponto de vista e especialmente verdadeiro quanto ao Antigo Testamento.
Até
certo ponto, são
responsáveis por
tais idéias os intérpretes inexperientes, que procuram colocar o Antigo
Testamento dentro do Novo ou vice-versa, ignorando a situação histórica de cada
parte.
Se o A.T. é apenas o Novo em hieróglifos, então é muito mais fácil ler
apenas o Novo Testamento e desprezar o Antigo.
Qualquer estudo feito à margem
da história do Antigo Testamento é a mesma coisa que lhe tirar a vida e formar
um esqueleto.
Muitos dos
críticos têm dado sua contribuição a esta maneira de entender o Antigo
Testamento e de criar uma antipatia de todo desnecessária.
Muitos deles
decompuseram-no em pedaços, como se estivessem fazendo um estudo anatômico,
tirando-lhe toda a conexão histórica e destruindo a verdade ou relegando-a a um
plano de segunda categoria.
Um grande escritor disse: “eles começaram com um
canivete e terminaram com um machado; ou como outro afirmou”: “eles foram
atiçados pelas fascinantes cavilações da vaidade humana.” Todavia, valiosa
contribuição foi feita ao estudo do Antigo Testamento no sentido de que é
impossível interpretar uma passagem deslocada do seu lugar e do sentido
histórico; e o estudo destes críticos tem sido feito de tal modo que todo o
peso e o valor das verdades espirituais foram totalmente negligenciados.
A sua
ênfase evolucionista levou-os à convicção de que apenas pequenas porções do Antigo
Testamento são dignas de estudo: as dos profetas do oitavo século antes de
Cristo, quando o Antigo Testamento alcançou o seu ponto culminante.
Entretanto,
para os escritores do Novo Testamento, o Antigo tinha outro valor muito
diferente.
Não se detiveram apenas nos livros do Antigo Testamento que mais se
aproximavam dos ensinos de Jesus, mas contemplaram a história dos hebreus no
seu todo, culminando com a revelação de Deus ao Israel espiritual, por meio da
encarnação do Filho. Em Jesus mesmo encontramos essa atitude.
Ele sempre
considerou as Escrituras como um todo e nunca como uma compilação.
Outros, por sua
vez, diminuem o Antigo Testamento, quando o comparam com o Novo Testamento.
Afirmam que, sendo o Novo Testamento o cumprimento do Antigo, o estudo das
Escrituras judaicas é de pequena valia. Tal opinião é tão estulta como a do
estudante que imaginasse começar o seu estudo da linguagem do Antigo Testamento
numa classe de Hebraico adiantado, na suposição de que somente num estudo
avançado é que se pode compreender a revelação completa.
A verdade é que, para
se compreender o hebraico, tem de se passar pelo vale preliminar da iniciação
desta língua.
Do mesmo modo, os que pretendem entender o Novo Testamento
ignorando o Antigo são passíveis de penalidades, pelas injustiças e
incompreensões de suas interpretações.
Tal atitude tem levado muitos eruditos a
interpretar o Novo Testamento segundo a literatura e pensamento gregos,
ignorando ou pretendendo ignorar o conceito e a natureza hebraica, que lhe deram
origem. Esta tem sido a característica feição da história do pensamento
cristão.
Nos últimos anos, entretanto, a maior ênfase da erudição neo-testamentária
tem sido posta na unidade essencial da Bíblia.
Como um escritor muito bem
disse: “Nenhum progresso ou compreensão do cristianismo primitivo será
possível, a menos que a arca da exegese do Novo Testamento seja reconduzida de
sua má troca nas terras dos filisteus ao porto seguro das Escrituras clássicas
do Antigo Testamento, à Lei e aos
Profetas.” Contrariamente,
o Antigo Testamento não deve ser estudado independente do Novo, porque é este
que abre a porta de muitos mistérios do Antigo Testamento, inclusive do plano e
propósito que presidiram a sua revelação.
Talvez a maior
dificuldade que uma pessoa que deseja compreender o Antigo Testamento encontre
seja justamente a inadequada compreensão de sua literatura.
O meio pelo qual os
escritores comunicaram os seus pensamentos foi a linguagem.
A arte de falar é a
principal bênção pela qual as idéias de uma pessoa podem ser comunicadas a
outra.
A linguagem, por sua vez, tem suas formas definidas, as quais levam
consigo suas leis e seus modos de interpretação.
Se um escritor bíblico usou um
tipo particular de literatura, o seu pensamento deve ser interpretado de acordo
com as leis universais da linguagem, daquele modo de expressão.
A menos que uma
pessoa seja capaz de determinar se certa passagem é uma ousada imaginação
poética ou apenas prosaica declaração de um fato científico, a sua
interpretação deve, necessariamente, ser precária.
Se tal fato não puder ser
devidamente determinado, o significado da passagem deve permanecer em
dúvida.
Uma vista de olhos
à Bíblia em português revelará que bem pouco auxílio poderá obter um leitor
para descobrir o tipo de literatura de uma passagem qualquer.
Se abrirmos a
Bíblia em qualquer ponto, verificaremos que ela foi arbitrariamente dividida em
capítulos, livros e versos. Não compreendendo que os capítulos e versos foram
colocados para facilitar a leitura, o leitor comum concluirá que aquelas
divisões sempre fizeram parte da Bíblia, sabendo nós, entretanto, que o
original não tinha nem capítulos nem versos.
Certamente tais coisas ajudam a
compreender as Escrituras, mas a literatura sagrada sofreu muito por causa de
tal desmembramento.
Imagine-se o que aconteceria se os poemas de Tennison
fossem editados em capítulos e versos, sem qualquer consideração para com o
arranjo original.
Entretanto, foi justamente isto que aconteceu com a Bíblia.
Há alguns que
consideram o estudo literário das Escrituras como desaconselhável, como se a
admiração da beleza de uma flor prejudicasse a apreciação do seu admirável
odor.
Antes de qualquer coisa poder ser admirada, deve ser capaz de atrair.
O
manejo teológico das Escrituras tem destruído muito da sua beleza e atração.
Necessitamos renovar a apreciação da beleza das narrativas bíblicas, porque
isso é o mesmo que abrir a porta à realização da revelação fundamental.
É uma
tragédia da moderna civilização que os estudantes dos colégios e universidades
tenham sido ensinados a apreciar as belezas e sublimidades das obras de Byron e
Shakespeare, Browning e outros e tenham permanecido inteiramente ignorantes da
grandeza e magnitude da maior literatura que o mundo já conheceu, só porque
esta se encontra na Bíblia.
Se tal literatura estivesse em qualquer outro
livro, o mundo inteiro se curvaria ante ela.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
Não perca tempo, Indique esta maravilhosa Leitura
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