3. O Homem é um ser recaido e debaixo do justo juizo de DeusPart 3
Não pretendo fechar os olhos ao fato de que as Escrituras ensinam que Deus é paciente, complacente e misericordioso para com a humanidade rebelde, e que
apesar
da desobediência e rebelião das pessoas, Ele graciosamente lhes dá a
vida,
saúde, bens, e até longevidade. Mesmo as pessoas mais ímpias por vezes
experimentam nessa vida privilégios materiais que excedem em muito a porção
magra com que freqüentemente os justos são agraciados. A constatação dessa
realidade levou muitos santos antigos a inquirir acerca da justiça de Deus (ver
Salmo 72; o livro de Jó; o livro de Eclesiastes). A resposta é que Deus, em sua
muita misericórdia e seguindo propósitos freqüentemente ocultos aos nossos
olhos, nem sempre nesta vida castiga o pecado imediatamente e na proporção que
o mesmo merece. O juízo e a condenação final dos ímpios é certa e Deus tem
reservado a punição deles para aquela ocasião. Aqui no presente Ele os castigue
por vezes com flagelos e aflições temporais, como prenúncios daquela condenação
eterna que os aguarda.
A
idéia de que todo mal — quer sob a forma de sofrimento e misérias, quer sob a
forma de pecado — provém da atuação direta de demônios é bastante difundida
pelo movimento de batalha espiritual. Na verdade, acredito que o conceito de
que "todo mal é demoníaco" é a mais fundamental doutrina desse movimento.
A esses espíritos malignos é atribuída a responsabilidade, não somente de
doenças, desastres, fracassos, divórcios, desemprego e coisas semelhantes, mas
também de atitudes pecaminosas, como o uso de drogas, a prostituição, o
homossexualismo, o consumo de pornografia e todos distúrbios morais de
comportamento. Segundo o entendimento de muitos proponentes da "batalha
espiritual", essas entidades maléficas se instalam na vida das pessoas
(crentes e descrentes) e nas estruturas sociais, políticas e econômicas de determinadas
regiões geográficas. Resta à Igreja somente o método de expelir essas entidades
dos locais estratégicos onde se instalaram, como meio eficaz de combatê-las e
libertar as pessoas debaixo de seu controle.
O
ponto que desejo frisar é que esse ensino do movimento de "batalha
espiritual" é uma perspectiva limitada e reducionista do ensino bíblico
acerca do sofrimento humano bem como uma avaliação distorcida da realidade que
nos cerca. Os diferentes sofrimentos experimentados nessa vida pelos homens têm
como origem, muitas vezes, não somente a desobediência humana, como também o
castigo divino. Evidentemente, não sabemos ao certo dizer quando um termina e o
outro começa. E é preciso reconhecer que, em casos como o de Jó, Satanás pode
servir como instrumento dentro dos propósitos divinos.
Provavelmente
os efeitos do pecado, os juízos divinos e a atuação dos demônios estão tão
interligados em alguns casos que a separação na prática é impossível. De
qualquer forma, creio ter ficado claro que o conceito defendido pelo movimento
de batalha espiritual, de que todo sofrimento, toda miséria e todo mal
circunstancial que sobrevêm às pessoas hoje, tem origem demoníaca, não tem
qualquer sustentáculo bíblico.
Não
estou dizendo que os espíritos malignos não atuam na promoção da miséria e da
dor, bem como na disseminação do pecado. Negar isso seria negar o ensino da
Bíblia. Ela afirma que o diabo veio para matar, roubar e destruir (João 10.10).
Afirma também que ele é o pai da mentira (Jo 8.44). Sabemos que Satanás se
utiliza da nossa natureza depravada como instrumento de tentação, como se fosse
um aliado interno, para nos levar ao pecado.(39) O que estou questionando é a
ênfase do movimento de batalha espiritual de que toda forma de mal
(circunstancial e moral) provém diretamente de Satanás, e que ele é, em última
análise, o responsável pela nossa escravidão a determinados pecados.
Reconheço
que muitos cristãos acham extremamente difícil romper com determinados
comportamentos compulsivos que sabem ser pecaminoso, como ver pornografia,
comer em excesso, sentir autopiedade ou mentir. Estou também pronto a admitir
que Satanás procura levar as pessoas a permanecer escravas desses hábitos e
padrões pecaminosos. Questiono, porém, a idéia de que tais crentes não conseguem
se livrar porque estão debaixo do poder de um
determinado
espírito maligno que os levam a pecar sempre que esses demônios assim o
desejem. Questiono essa idéia porque creio estar claro nas Escrituras que o
homem é corrompido o suficiente para atrair sobre si sofrimentos e aflições
decorrentes de seus próprios atos (sem que nenhum demônio esteja
necessariamente envolvido). A idéia de que todo comportamento compulsivo é
decorrente de demonização é um diagnóstico inadequado e abre portas para
soluções inadequadas.
A
Bíblia também ensina, como vimos, que Deus é o autor de males e sofrimentos que
envia sobre os ímpios (e mesmo, sobre seus filhos, para corrigilos). Com isso
não estou, nem por um segundo, sugerindo que Deus é o autor do pecado, ou que
seja, no mínimo, cúmplice do mesmo. Quando começamos a ir além da Escritura, e
responsabilizamos o diabo por todo o mal que ocorre nesse mundo, corremos
alguns riscos:
Perdermos
de vista o ensino bíblico acerca da queda e depravação do homem. Num artigo
crítico contra os ensinos de Peter Wagner e demais proponentes do movimento de
batalha espiritual, Mike Wakely acusa a teologia do movimento de ser pobre,
descuidada e inferior, pois apresenta uma perspectiva inadequada do ensino
bíblico acerca da queda do homem. Satanás, continua Wakely, é visto como
operando primariamente através de instituições políticas, econômicas e
religiosas. Uma vez que seu poder sobre esses sistemas é quebrado, as pessoas
prontamente se converterão a Cristo.(40) Mas esse ensino, diz Wakely, está em
completo desacordo com o ensino bíblico de que o coração do homem é endurecido,
teimoso e rebelde. Esse ensino de Wagner e de outros tende a justificar os
pecados dessas pessoas e sua recusa em submeter-se a Cristo.(41)
Veja Tambem:
3. O Homem é um ser recaido e debaixo do justo juizo de Deus Part 4
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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