Didática - Teologia 11.02
A Didática é um dos principais ramos da Pedagogia. Ela investiga
os fundamentos e as condições para a realização do ensino que contém a
instrução. A Pedagogia codifica o conhecimento amplo sobre a educação e a
Didática o decodifica para a realização do ensino. Concluímos que o objeto da
Pedagogia é a Educação e a Didática, disciplina da própria
Pedagogia, é a teoria do ensino.
O vocábulo didática deriva da expressão grega techné didaktiké,
que se traduz por arte ou técnica de ensinar. Enquanto adjetivo derivado de um
verbo, o vocábulo referido origina-se do termo didásko cuja formação
lingüística – note-se a presença do grupo sk dos verbos incoativos – indica a
característica de realização lenta através do tempo, própria do processo de
instruir.
Como o Mestre Jesus, observemos cuidadosamente uma criança para
aprender dela o que vem a ser a educação. Sim, porque a educação no seu sentido
mais largo abarca todos os passos e processos pelos quais o Infante
gradativamente é transformado num adulto inteligente e bem desenvolvido.
Consideremos a criança. Tem ela um corpo humano completo, com
olhos, mãos e pés – todos os órgãos do sentido, da ação e da locomoção – e, não
obstante, está ali inerme – sem meios de defesa – desajudada no seu berço. Ri,
chora, sente. Tem os atributos dum adulto, mas não os poderes dele.
Em que o bebê difere do adulto? Só no fato de ser um bebê. Tem
corpo e membros pequenos, frágeis e sem uso voluntário. Seus pés não podem
andar; as mãos, sem habilidade; seus lábios não falam. Seus olhos vêem, mas não
percebem; e seus ouvidos não entendem. O universo no qual acaba de entrar e que
o rodeia é para ele coisa misteriosa e desconhecida.
Maior consideração e estudo nos aclaram que a criança é apenas um
germe – não tendo ainda o crescimento que lhe é destinado – e é Ignorante – sem
idéias adquiridas.
Sobre esses dois fatos descansam os dois conceitos da educação.
Primeiro o desenvolvimento das capacidades; segundo, a aquisição da
experiência. Aquele é a maturação do corpo e da mente. E este, o processo de
fornecer à criança a herança da raça.
Cada um desses fatos – a imaturidade da criança e a sua ignorância
– devem servir de base à ciência da educação. O primeiro enfatizará as
capacidades do ser humano, bem como a ordem em que se desenvolvem e as suas
leis de crescimento e ação. O segundo abarcará o estudo dos vários ramos do
conhecimento humano, e como são descobertos, desenvolvidos e aperfeiçoados.
Cada uma dessas ciências necessariamente inclui a outra, assim como o estudo dos
poderes inclui o conhecimento dos seus produtos, assim como o estudo dos
efeitos abarca uma revisão das causas.
Baseando-se nessas duas formas da ciência educacional podemos ver
que a arte da educação é dupla: a arte de exercitar e a arte de ensinar.
Uma vez que a criança mostra-se imatura no uso de todas as suas
capacidades, vê-se que o primeiro passo na educação é exercitá-la no sentido de
desenvolver inteiramente essas capacidades. Tal preparo deve ser físico, mental
e moral.
Visto que a criança é ignorante, a educação deve comunicar-lhe a
experiência da raça. Esta é propriamente a obra ou a função do ensino. Vista a
esta luz, a escola é uma das agências de educação, uma vez que continuamos por
toda a vida a adquirir experiência. Então, o primeiro objetivo do ensino é
estimular ou criar no aluno o amor ou a vontade de aprender, e formar nele
hábitos e ideais de estudo independente.
Estas duas coisas juntas – o cultivo das capacidades e a
transmissão de experiência – é que constituem a obra do professor. Toda
organização e toda direção são subsidiárias a esse alvo duplo. O resultado que
se deve procurar é justamente este: uma personalidade bem desenvolvida física,
intelectual e moralmente, com recursos tais que lhe tornem a vida útil e feliz,
e habilitem o indivíduo a continuar aprendendo através de todas as atividades
da vida.
Estes dois grandes ramos da arte educacional – treinamento e
ensino – conquanto separados em nosso pensamento, não estão separados na
prática. Só podemos treinar ensinando, e ensinamos melhor quando melhor
treinamos ou praticamos. O próprio treinamento das capacidades intelectuais é
encontrado na aquisição, elaboração e aplicação do conhecimento e das artes que
representam a herança da raça.
Todavia, há uma vantagem prática em se ter sempre em mente esses
dois processos da educação. O mestre, tendo-os claramente diante de si, mais
facilmente observará, e estimulará mais inteligentemente o progresso real dos
alunos. Não se contentará com um seco exercício diário que conserve os alunos
em ação como se estivessem num moinho, e nem se contentará também com encher e
abarrotar a mente dos estudantes de fatos e nomes sem uso prático. Ele anotará
cuidadosamente os dois lados da educação de seus alunos, e norteará seus
trabalhos e adaptará suas lições sábia e escrupulosamente para conseguir as
duas finalidades que tem em vista.
Portanto, o objetivo deste conteúdo é apresentar, de modo
sistemático, os princípios da arte de ensinar. Tratar das capacidades mentais
somente no que urge serem consideradas numa discussão clara sobre o esforço de
se adquirir experiência no processo da educação. Conquanto, não se pretende
expor toda a ciência da educação, e nem também toda a arte de ensinar. Mas,
agrupar ao
redor os fatores que estão presentes em cada atividade do
verdadeiro ensino, os capitais princípios e regras da arte de ensinar, de modo
que sejam vistos em sua ordem e relações naturais e possam ser metodicamente
aprendidos e usados.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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