5.1.1. O processo de avaliação está relacionado com o
processo de aprendizagem. Quando professor e aluno estão empenhados em
conseguir uma aprendizagem, é fundamental e imprescindível que ambos possam
contar com um conjunto de dados e informações que lhes digam se a aprendizagem
está sendo conseguida ou não, se estão caminhando em direção ao conjunto terminal
pretendido, ultrapassando os pontos intermediários de forma sucessiva e
cumulativa, ou se desviando dele. E, como conseqüência dessa constatação,
professor e aluno tomam a decisão de se manterem na reta e progredirem ou de
redirecioná-la, para que a aprendizagem seja completamente estabelecida.
5.1.2. O processo
de avaliação deve ser pensado, planejado e realizado de forma coerente e
conseqüente com os objetivos propostos para a aprendizagem. Os objetivos a
alcançar são os critérios definidores do processo de avaliação: quer dizer, são
os objetivos que dizem “o que avaliar”, “de que forma avaliar”, “qual técnica
ou instrumento utilizar para avaliar”, “o que registrar e de que forma”, “como
discutir o aproveitamento da atividade” e “qual o encaminhamento” a ser
combinado com o aluno, tendo em vista o reiniciar do processo de aprendizagem.
Este momento de avaliação permite ao professor perceber se têm claros os seus
objetivos de aprendizagem ou não. Estará preocupado em avaliá-los ou o que faz
é expor um certo conteúdo durante algumas aulas e depois realizar provas para
poder dar uma nota?
5.1.3. O processo de avaliação, para acompanhar o processo
de aprendizagem, é contínuo. Sabemos que a aprendizagem, comumente, se faz de
forma contínua, cumulativa e evolutiva ou em ritmo ascendente em direção ao
objetivo proposto. E, justamente para que possa se concretizar, ela tem
necessidade de contar com um instrumento de retroalimentação (feedback), um
processo de avaliação, que seja contínuo, realizado durante o processo de
aprendizagem. Esta colocação distancia-se diametralmente daquela que entende a
avaliação como uma atividade que se realiza ao final do semestre ou do ano para
se verificar se o aluno aprendeu ou não ao término daquele espaço de tempo, quando
o professor realiza um julgamento do aluno, para dar seu veredicto: foi
aprovado ou reprovado.
5.1.4. A avaliação, como um processo contínuo, permite um
contínuo reiniciar do processo de aprendizagem, até atingir os objetivos
finais. Para que a avaliação se constitua num processo contínuo, é condição
básica que, em todas e cada uma das atividades previstas e realizadas, aluno e
professor se informem sobre sua aproximação ou não dos objetivos propostos.
Esta informação dirá se a atividade foi realizada adequadamente, e então se
pode passar para a atividade seguinte; ou se foi realizada inadequadamente ou
não foi realizada simplesmente e,então, algo precisa ser feito antes da
atividade seguinte, ou até conjuntamente com ela para que os objetivos possam ser
atingidos. Um plano de aprendizagem adequadamente elaborado, incluindo,
portanto um processo contínuo de avaliação, levará o aluno à consecução dos
objetivos e, por conseguinte, à aprovação final. Esta conseqüência contradiz
aquela crença de que “o professor é bom porque reprova grande número de alunos
de sua classe” ou de que “o ensino ministrado em tal disciplina é de tão alto
nível que grande parte da turma não consegue aprender e é reprovada”.
5.1.5. O processo de avaliação deverá estar voltado para o
desempenho do aluno. Isto é, para a atividade do aluno enquanto realiza ou não
que foi planejado, e se o realiza adequada ou inadequadamente. Esta afirmação
questiona o modo de ser de muitos professores que, a partir de sua experiência,
se dizem capazes de identificar logo ao início do curso, decorridas as
primeiras semanas, os que “não querem nada com nada”. E a partir destas
primeiras impressões rotulam seus alunos e os classificam definitivamente numa
ou noutra categoria, permitindo que esta classificação condicione daí para
frente seu relacionamento com eles. E as conseqüências desses julgamentos à
priori são bem conhecidas: os alunos “julgados
bons” ou “sérios” têm praticamente garantida sua
aprovação, porque até mesmo seus erros ou suas faltas serão relevados, e os
“julgados malandros” ou “que não querem nada com nada” terão que lutar e muito
contra uma quase certa reprovação. Quando falamos que o processo de avaliação
deverá estar voltado para o desempenho do aluno, queremos dizer que é importante
acompanhamos seu desenvolvimento, a partir do desempenho concreto em cada uma
das atividades e procurarmos o máximo de objetividade para colaborarmos com a
revolução do próprio aluno em direção aos objetivos.
5.1.6. O processo de avaliação deverá incidir também sobre
o desempenho do professor e a adequação do plano. Um processo de aprendizagem
resulta da inter-relação de, pelo menos, três elementos: um aprendiz - que
procura adquirir o aprendizado de alguma coisa; um orientador ou preceptor,
cuja função é a de colaborar para que o aprendiz consiga seu intento; e um
plano de atividades, que apresente condições básicas e suficientes que, sendo
realizadas, permitam ao aprendiz atingir seu objetivo. Assim sendo, o processo
de avaliação que procura oferecer elementos para avaliar se a aprendizagem está
se realizando ou não, deve conter em seu bojo uma análise não só do desempenho
do aluno, mas também do desempenho do professor e da adequação do plano aos
objetivos propostos. Com efeito, muitos casos de não aprendizagem se explicaram
e se explicam não por um desempenho inadequado do aluno, mas por uma falta de
preparação do professor, sua improvisação, falta de planejamento, falta de
flexibilidade na aplicação de um plano, desconhecimento ou não aplicação de técnicas
pedagógicas adequadas aos objetivos propostos, por comportamentos
preconceituosos do professor. Outras vezes, a falha se encontra no próprio
plano: este por vezes inexiste, por vezes existe, mas não está adequado às
condições físicas daquela classe ou às condições culturais e intelectuais
daquela turma, ou às condições de tempo e calendário, ou aos imprevistos que
sempre surgem. O que vale dizer: a avaliação da consecução ou não de uma
aprendizagem deve recair sobre estes três aspectos: o desempenho do aluno, o
desempenho do professor e a adequação do plano.
5.1.7. Em todo processo de avaliação requer-se uma
capacidade de observação e de registro por parte do professor e, se possível,
por parte do aluno também. Como já dissemos anteriormente, o processo de
aprendizagem é dinâmico e, em geral, ascendente em direção aos objetivos
propostos. Não se trata, porém, de um movimento ascendente linear. Ele se
compõe também de desvios e retrocessos. Todavia, sempre exige, por parte do
professor, uma cuidadosa observação (e sabemos que esta é uma habilidade que
precisa ser treinada), sobretudo do que se relaciona com a aprendizagem, bem
como uma troca de idéias entre professor e aluno para encaminhamento posterior,
que tanto poderá servir para que o aluno se desenvolva mais e mais rapidamente,
como para que ele ou o professor corrijam determinadas falhas em seus
desempenhos, ou o plano seja melhor adaptado.
5.1.8. Dependendo de seus participantes, podemos ter
apenas uma hetero-avaliação ou contar também com a auto-avaliação. Além do já
exposto, pensamos também que, para a consecução eficiente de uma aprendizagem,
é de fundamental importância que, além da hetero-avaliação (avaliação realizada
pelo professor), o aluno possa desenvolver sua capacidade de auto-avaliação.
Capacidade esta que requer todo um trabalho do professor e aluno para que seja
adquirida e desenvolvida: ou seja, exige o desenvolvimento de habilidades como
a de observar-se a si mesmo, comparar e relacionar seu desempenho com os
objetivos propostos, honestidade pessoal para reconhecer tanto seus sucessos
como suas falhas evitando aquelas “celebérrimas desculpas” para seus erros e
mais ainda aquela voz corrente: “auto-avaliação é a oportunidade que o aluno
tem para se defender dos ataques que o professor vai fazer”. Trata-se de uma
atividade que precisa ser aprendida, treinada e realizada. Trata-se de uma
atividade que para ser realizada com eficácia supõe a existência de um clima de
cooperação e confiança entre professor e aluno; mas que, acontecendo, se
constitui num dos instrumentos mais preciosos para que o aprendiz tome
consciência do processo de aprendizagem e assuma sua participação no
mesmo.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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