Trindade: Doutrina bíblica que
repousa essencialmente sobre duas premissas:
1)
O monoteísmo é uma verdade;
2)
A divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, também é uma
verdade. Portanto, temos um único Deus,
mas três pessoas.
A Bíblia Sagrada diz explicitamente
que existe um único Deus (Dt 6.4; Mc 12.29-
32). O apóstolo
João, conhecido como
apóstolo do amor,
diz no Evangelho
escrito por ele:
Ora a vida
eterna é esta:
que conheçam a
ti, o único
Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste (Jo 17.3).
João registrou essas palavras do
Senhor Jesus Cristo, deixando claro que existe
um único Deus
Verdadeiro, neste versículo
a expressão Deus
Verdadeiro está claramente associada à pessoa do Pai. Na
declaração do Senhor Jesus o Pai é o único
Deus Verdadeiro. Porém, o mesmo João que escreveu o Santo Evangelho que
leva o seu
nome, escreveu também
na sua Primeira
Epístola Universal no
capítulo 5 e
versículo 20: Também
sabemos que o
Filho já veio,
e nos deu
entendimento para
conhecermos aquele que é verdadeiro.
E estamos naquele
que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus
e a vida eterna. Essas palavras afirmam
categoricamente a divindade de Jesus: Ele é
o Verdadeiro Deus e a vida eterna.
Podemos observar que o mesmo João que
escreveu no Quarto Evangelho, foi o
autor da 1ª
Epístola a que
referimos. Assim sendo,
ele atribui a
palavra Deus Verdadeiro,
tanto à pessoa
do Pai, como
à pessoa do
Filho. Esses textos
são provas explícitas de que o
apóstolo João conhecia a Unidade Composta de Deus, ou
seja, a unidade
de essência de
Deus como sendo
único e verdadeiro,
composto por pessoas, neste caso: Pai e Filho. Não estou dizendo que o
Pai seja o Filho, de maneira alguma,
mas que o Pai e o Filho são duas pessoas como o próprio João declara: Graça, misericórdia, e
paz, da parte de Deus Pai e de Jesus
Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor (2 Jo 1.3).
Se o Pai é chamado de Deus Verdadeiro
(Jo 17.3) e o Filho é chamado de Deus
Verdadeiro (1 Jo 5.20), e o Espírito
Santo é chamado de Deus (Atos 5.34), e, em
Isaías capítulo 43 versículo 10 e 11
lemos:
Vós
sois as minhas
testemunhas, diz o
Senhor, e o
meu servo, a
quem escolhi, para que o saibais, e me creiais, e
entendais que eu sou o mesmo, e que antes de
mim deus nenhum
se formou, e
depois de mim
nenhum haverá. Eu,
eu sou o
Senhor, e fora
de mim não há Salvador;
se existem três
pessoas chamadas na
Bíblia de Deus Verdadeiro e ela não admite outro deus ou Deus, senão o
Deus único, ou admitimos a pluralidade
na unidade ou somos obrigados a admitir um
politeísmo barato, insuportável e grosseiro.
O
Unicismo (Movimento que
nega as pessoas
da Trindade. Também
chamado “só Jesus”.)
tenta explicar o
assunto desenvolvendo a
teoria das três
manifestações. Seria um
único Deus Verdadeiro
que se manifestara
em três formas,
ora como Pai,
ora como Filho,
ora como o
Espírito Santo. Essa
teoria unicista não
encontra sustentação na
verdade bíblica, já
que na Bíblia
encontramos passagens deixando
claro que são
pessoas distintas e
não meras manifestações (Jo 1.1-3; 8.16-18; 15.26).
O apóstolo João diz: Quem é o
mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o
Cristo? Esse mesmo
é o anticristo,
esse que nega o Pai
e o Filho
(1 Jo 2.22).
Embora esses versículos
foram escritos para
proteger a Igreja
do gnosticismo, nos
ensina que não
podemos negar a
personalidade das pessoas.
Quem nega
que
Jesus é o
Cristo, quem nega
a personalidade do
Pai e a
personalidade do Filho
é classificado como
mentiroso, contrário a
Cristo, já que
negar essas verdades bíblicas são características da
doutrina do espírito do anticristo e não
do cristianismo ortodoxo.
Algumas seitas por não compreenderem
o mistério de Deus-Cristo, criaram uma
teoria “racionalista paradoxal” negando a divindade de Cristo e a
pluralidade na unidade divina (1 Tm 3.16).
Assim desenvolveram um sistema
doutrinário peculiar, ou seja, a crença em duas divindades, uma todo-poderosa, chamada de
Jeová e outra menos poderosa ou apenas Poderosa,
chamada de Jesus.
Esse ensino caí
de vez no
politeísmo, ou seja, a crença em duas ou mais divindades.
Algo que é impensável na fé cristã monoteísta. Bem diz o Credo Niceno ou
Atanasiano: Pois da mesma forma que
somos compelidos pela verdade cristã a reconhecer cada Pessoa, por si
mesma, como Deus e Senhor. Assim também
somos proibidos pela religião católica (uni-
versal) de dizer: Existem três deuses ou três senhores.
A
crença num Deus
eternamente subsistente em três Pessoas : Pai,
Filho e Espírito Santo contempla a realidade bíblica
sem ferir o monoteísmo ético. Não
enveredamos para
o politeísmo nem
para a negação
das pessoas. Assim,
a doutrina da Trindade não é
irracional e antibíblica como querem os grupos não ortodoxos, mas é plenamente bíblica e
verdadeira.
Temos, porém, de ter em mente que as
seitas arianas não conseguem dissociar a
palavra Deus do Pai. Todas as vezes que dizemos que Jesus é Deus, elas,
no seu complexo sistema
de entendimento, acusam
a idéia de
que estamos confundindo o Pai com o Filho. As seitas
arianas precisam entender que quando
estamos falando de que Jesus é Deus, não estamos dizendo que Jesus é o
Pai que seja o
Espírito Santo. Mas
o sistema de
entendimento desenvolvido por
essas seitas não permite esse
raciocínio, e a primeira coisa que ouvimos delas quando falamos que Jesus é Deus, são as seguintes
indagações: “Se Jesus é Deus então Ele
orou para si mesmo? Se Jesus é Deus então o céu ficou vaziou quando Ele veio
a terra? Se Jesus é
Deus então Deus
morreu?” Tudo isso
porque elas confundem
as pessoas da
divindade. Essas perguntas
das seitas arianas
devem direcionar para os
unicistas e não para os que acreditam na Trindade. Já que a Trindade são três Pessoas em unidade divina,
daí o motivo de qualquer das três
Pessoas poder ser chamada de Deus.
Outro
problema levantado pelas
seitas que rejeitam
a doutrina da
Trindade é aplicar
as passagens bíblicas
que se referem
ao Filho como
homem, para contradizer
sua natureza divina.
Ignoram que o
Senhor Jesus possui
duas naturezas: a
divina e a
humana, assim, essas
seitas apresentam as
passagens bíblicas que provam a
humanidade de Jesus para negar a sua divindade, sendo que essas passagens não contradizem sua
divindade, apenas provam sua outra
natureza, a humana. Assim como as passagens que revelam a divindade de
Jesus não contradizem
sua natureza humana,
mas simplesmente revelam
sua outra natureza a divina, já que o Filho possui
duas naturezas, verdadeiro homem (1 Tm
2.5) e verdadeiro Deus (1 Jo 5.20).
Assim
reza o Credo
Niceno acerca de
Jesus: Igual ao
Pai no tocante
à sua Deidade, e inferior ao Pai no tocante à sua
humanidade.
No importante documento intitulado
Tomo de Leão, que foi bispo de Roma (440- 461) parte III diz:
Assim, intactas
e reunidas em
uma pessoa às
propriedades de ambas
as naturezas, a
majestade assumiu a
humildade, a força
assumiu a fraqueza,
a eternidade assumiu a
mortalidade e, para
pagar a dívida
de nossa condição,
a natureza inviolável uniu-se à
natureza que pode sofrer.
Desta maneira, o único e idêntico
Mediador entre Deus e os homens, o homem
Jesus Cristo, pôde, como convinha à nossa cura, por um lado, morrer e,
por outro, não morrer... e na parte IV
diz: Neste mundo fraco entrou o Filho de Deus. Desceu do
seu trono celestial,
sem deixar a
glória do Pai,
e nasceu segundo
uma nova ordem, mediante um novo modo de nascimento.
Segundo uma nova ordem, visto que invisível
em sua própria
natureza, se fez
visível na nossa
e, Ele que
é incompreensível, se tornou
compreendido; sendo anterior aos tempos, começou a existir no tempo; Senhor do universo
revestiu-se de forma de servo, ocultando a
imensidade de sua
Excelência; Deus impassível,
não se horrorizou
de vir a
ser carne passível; imortal, não
recusou as leis da morte. Segundo um novo modo de nascimento,
visto que a
virgindade, desconhecendo qualquer
concupiscência, concedeu-lhe a
matéria de sua carne. O Senhor tomou, da mãe, a natureza, não a culpa.
Jesus Cristo nasceu
do ventre de
uma virgem, mediante
um nascimento maravilhoso. O fato de o corpo de o Senhor
nascer portentosamente não impediu a
perfeita identidade de sua carne com a nossa, pois Ele que é verdadeiro Deus,
é também verdadeiro
homem. Nesta união
não há mentira
nem engano.
Corresponde-se numa unidade mútua a
humildade do homem e a excelsitude de
Deus. Por ser misericordioso, Deus [divindade] não se altera; por ser
dignificado, o homem [humanidade] não é
absorvido. Cada natureza [a de Deus e a de servo] realiza
suas próprias funções
em comunhão com
a outra. O
Verbo faz o
que é próprio do verbo; a carne faz o que é
próprio à carne; um fulgura com milagres; o
outro se submete às injúrias. Assim como o Verbo não deixa de morar na
glória do Pai, assim a carne não deixa
de pertencer ao gênero humano... Portanto, não
cabe a ambas
as naturezas dizerem:
“O Pai é
maior do que
eu ou “Eu
e o Pai
somos um Pois, ainda que em Cristo Nosso Senhor
haja só uma pessoa. Deus-ho- mem, o
princípio que comunica
a ambas as naturezas as
ofensas é distinto
do princípio que lhes torna
comum a glória...
O
autor evangélico Robert
M. Browman Jr.,
declara com muita
propriedade e profundo
senso de responsabilidade: Existe
a escolha, portanto,
entre crer no
Deus verdadeiro conforme Ele se revelou, com mistérios e tudo, ou crer
num Deus que é relativamente fácil de
ser compreendido, mas que tem pouca semelhança
com o Deus verdadeiro, Os trinitários estão dispostos a conviver com um
Deus a quem não
conseguem compreender plenamente,
já que adoramos
a Deus conforme Ele se tem revelado.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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