Eclesiologia - Teologia 25.08
Outra agrupação
de termos reflete
a missão a
ser desempenhada pela
igreja. Estas designações
como corpo e
membros de Cristo,
refletem a igreja
como a
presença
visível e ativa de Deus na terra. A missão de estender o ministério de Cristo espelha-se nos termos como ramos da
parreira, galhos da oliva, lavradores
da vinha, coluna
e baluarte da
verdade, luzeiro e
sacerdócio real. Há
também expressões parecidas
sacadas da agricultura
como lavoura, vinha
e horta, mas
estes termos refletem
mais a obra
de Cristo nos
integrantes da igreja,
em conjunto com
termos no sentido
de edifício, construção
e seu vínculo
com colocações da
obra de Cristo
na igreja. Este
agrupação de termos
reflete a natureza da igreja pelo seu aspecto do
processo de desenvolvimento, chegando a
cumprir com o propósito de Deus.
Tratando-se
da questão de continuidade entre Israel e a igreja, deve-se lembrar da parábola de Jesus lançada aos fariseus,
na qual ele os trata como lavradores maus,
cuja posição e responsabilidade lhes são tomadas para serem entregues a outros. Aqui é interessante notar que os
fariseus compreenderam a mensagem de
que o reino lhes seria tirado, mesmo se não aceitassem a palavra. Além
desta passagem, lembra-se
também as colocações
no livro de
Isaias referentes à
missão de trazer
todos os povos
a cultuarem a Deus
. Lembra-se que
a Bíblia deixa abertura para que Israel se volte a
Deus e novamente encontre o seu lugar dentro dos
propósitos de Deus.
Esta reintegração, no
entanto, dependeria do
arrependimento do povo.
A mensagem
missionária referida por
Jesus já havia
sido expressa na
aliança sinaítica, a qual, por
sua vez, tem fundamento no propósito de Deus, registrado a partir de Gênesis 3, para reconciliar
consigo mesmo os seres humanos alienados
em pecado. Tal
ensino é mais claro nos profetas como Isaías. Na aliança sinaítica, a proposta missionária era integral à
identificação do povo como povo de Deus.
Esta condição foi
quebrada por Israel
inúmeras vezes. A
única ressalva para
o povo continuar
sob a aliança
era a misericórdia
de Deus, pois
eles já haviam
rompido a aliança desde o deserto, mesmo antes de entrar na terra prometida.
A
aliança entre o povo e Deus é de certa forma frágil, pois dependia sempre
da fidelidade do povo em obedecer ao
pacto. “O termo aliança... significou sempre
uma aliança de graça, um acordo em que Deus tomava a iniciativa e determinava as condições”. Era sempre pela graça divina
que Deus iniciava a restauração da
aliança rota pelo povo. Tal conceito está em todo o Antigo Testamento,
porém é muitas vezes
ignorado pela questão
da insistência divina
em re-estabelecer o
pacto. No entanto, não havia nada que impedisse que Deus desligasse o
povo em preferência a
outro, senão por
causa da promessa
a Abraão. Mesmo
essa
promessa,
porém, não implicava no povo permanecer para sempre como povo de
Deus. A promessa a
Abraão foi de
ser bênção às
nações e de
sua descendência ser multiplicada. A convocação do povo no Sinai foi estabelecida em
termos condicionais. Era
apenas necessário que
o povo se
multiplicasse e fosse utilizado como bênção a todas as
nações, condição esta que se cumpriu em
Jesus.
Grande
parte da expectativa judaica referente ao Messias girava em torno de um reino político e geográfico. Jesus, no
entanto, declarava claramente que o reino
dele não era político. Ele pregava o reinar de Deus no interior do ser
humano, enfatizando que mesmo o jugo
romano sobre Israel do seu dia não era tema de
interesse. Jesus não tinha interesse político, nem em sentido pessoal de
reinar, nem em libertar Israel da
opressão romana. Por outro lado, ensinou em vários contextos
da necessidade do
povo ser fiel
em servir a
Deus de forma
comprometida. O reinar de Deus por sua mensagem era algo interior, não
uma questão nacional,
institucional ou de
outra forma externa
ao indivíduo. Sua
pregação era com respeito ao
compromisso interior com Deus. Logo, questões
de Israel como um povo soberano são considerações ignoradas por Jesus
por não terem importância.
É
comum tratar a adoração como parte do propósito ou missão da igreja.
Existe um problema nessa designação,
resultando de uma compreensão falha do termo
adoração. O conceito
original de adoração
é muito mais
amplo no aspecto
da forma, do que na maneira pela
qual o termo é utilizado em círculos evangélicos atuais.
O termo grego
latreia, quer dizer
serviço, cujo conceito
seria melhor traduzido por servir a Deus, do que por
“adorar a Deus”. Em geral, o termo vem
sendo aplicado em relação à música ou à prestação de um culto
formalizado, no qual se
proclama a grandeza
de Deus. Hebreus
9.14 clarifica a
questão no contexto de obras mortas, sendo comparadas a
serviço de adoração real a Deus. O que
é enfatizado aqui é o servir a Deus, não em cantos e hinos, mas na prática do reinar de Deus com base na salvação
alcançada em Cristo.
Em Apocalipse
4.7-11, a perspectiva
do culto a
Deus se equipara
com Isaías 6,
onde o enfoque
é expressamente a
grandeza e incomparabilidade de
Deus . Nesta adoração, Isaías se prontifica a
serviço em anúncio da mensagem, o que
parece ser o
propósito do culto em
si. Isaías vê
a grandeza de
Deus e a
sua conseqüente necessidade de
se encurvar perante o Altíssimo em serviço. Todo o
proceder do culto
é direcionado a
traçar a distinção
ou a distância
entre o Criador e a sua criatura frágil e
dependente. Não há nenhuma expressão aqui de Isaías,
nem dos seres
celestiais em Apocalipse
se sentirem numa
êxtase emocional, mesmo
que o evento
para Isaías seja
de uma visão.
São levados a
contemplar a sua necessidade, fraqueza e inadequação perante a
identidade de Deus, assim dando a Deus
real louvor.
O
louvor aqui tratado é dever humano, mas é ao mesmo tempo uma expressão da necessidade humana, não de qualquer
necessidade divina. Deus tem prazer num
culto digno, mas tal prazer não espelha tanto a necessidade de Deus como espelha
a necessidade do ser humano
em reconhecer a
Deus como Senhor
absoluto. Há passagens
que indicariam a
necessidade de uma
prestação de adoração
e louvor a
Deus em reconhecimento de
Sua identidade e
grandeza. Mesmo quando Jesus
indica que as pedras clamariam se o povo tivesse calado, ainda
não espelha uma
necessidade da parte
de Deus, mas
a necessidade do
evento e da proclamação digna. A razão da exclamação era o
reconhecimento e a proclamação da
identificação de Jesus como sendo o ungido de Deus.
Adoração, portanto,
nos termos de
servir a Deus
é parte da missão da
igreja. Adoração em sentido de
prestar um culto a Deus não chega a ser parte integral da
missão da igreja.
Este tipo de
adoração realmente tem
mais vínculo com
a necessidade humana
de reverenciar a
Deus e lembrar-se
de Sua grandeza,
do
que
por qualquer necessidade divina de receber o culto prestado. Deus, Deus de Israel,
está muito além
de carecer do
culto humano. Uma
rápida comparação entre
as narrativas de
Gênesis 1-11 com
as narrativa mitológicas
babilônicas revelam de forma bem
clara este conceito.
Nas narrativas
babilônicas, os deuses
chegam aos sacrifícios
como moscas ou
aves famintos, precisando
da comida oferecida
em holocausto. A
Bíblia
apresenta a Deus
sem necessidade alimentícia,
exigindo em troca
que o ser
humano reconheça a
sua dependência e
obedeça às Suas
instruções. Logo, o
culto prestado em
louvor a Deus
é necessário em
decorrência da necessidade
humana de reconhecer e lembrar da grandeza de Deus em contraste com a
sua fragilidade de
criatura. A instrução
ao culto é
motivado pela necessidade
humana, não por qualquer necessidade divina. A própria criação já presta
culto a Deus, como também os seres
celestiais. O culto humano não passa muito além de uma ajuda para o indivíduo a lembrar-se
de sua própria necessidade perante
Deus, Criador do universo.
Como a
igreja é integrada
por seres humanos
falhos, há uma
constante necessidade de avaliar
as formas e práticas existentes em relação não somente à missão,
mas também de
acordo com a
sua natureza ideal.
A igreja é
de certa
forma um
organismo vivo e
precisa adaptar-se a
novos contextos para
permanecer fiel à
sua natureza e
ao seu propósito.
As investigações e
preocupações da Reforma
partiram do contexto
histórico-cultural que os
reformadores vivenciaram. Havia
abusos para serem
corrigidos na sua
época, como também no presente.
A correção de alguns erros já possibilita a correção de outros menos aparentes de
início.
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NATUREZA DA IGREJA: Part 1/2
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