História De Israel – Teologia 31.158
CAPÍTULO 9
TRÍFON TENTA RESTABELECER ANTÍOCO, FILHO DE ALEXANDRE BALAS,
NO
REINO DA SÍRIA.JÔNATAS CERCA A FORTALEZA DE JERUSALÉM E
MANDA
SOCORRO AO REI DEMÉTRIO NICANOR, QUE POR ESSE MEIO REPELE OS
HABITANTES DE ANTIOQUIA, QUE O HAVIAM SITIADO EM SEU
PALÁCIO. SUA
INGRATIDÃO PARA COM JÔNATAS. É VENCIDO PELO JOVEM ANTÍOCO E
FOGE
PARA A CILÍCIA. GRANDES HONRAS PRESTADAS POR ANTÍOCO A
JÔNATAS,
QUE O AJUDA CONTRA DEMÉTRIO. GLORIOSA VITÓRIA OBTIDA POR
JÔNATAS
SOBRE O EXÉRCITO DE DEMÉTRIO. JÔNATAS RENOVA A ALIANÇA COM
OS
ROMANOS E OS LACEDEMÔNIOS. SEITAS DOS FARISEUS, SADUCEUS E
DOS
ESSÊNIOS. OUTRO EXÉRCITO DE DEMÉTRIO NÃO OUSA COMBATER
JÔNATAS.
ESTE TENTA FORTIFICAR JERUSALÉM. DEMÉTRIO É VENCIDO E
APRISIONADO
POR ÁRSACES, REI DOS PARTOS.
515. Quando Diodoro,
cognominado Trífon — que era de Apaméia e fora um dos chefes e comandantes do
exército de Alexandre Balas — viu que os soldados de Demétrio Nicanor estavam
indispostos contra ele, foi procurar um árabe de nome Male, que educava
Antíoco, filho de Alexandre. Contou-lhe do descontentamento dos soldados de
Demétrio e rogou que lhe entregasse o jovem príncipe, pois queria colocá-lo no
trono de seu pai. O árabe, que não podia prestar fé a essas palavras, recusou-o
de início, mas Trífon insistiu tanto que por fim ele se deixou vencer pelos
pedidos.
516. jônatas, sumo sacerdote, persistia no seu intento de
expulsar os macedônios da fortaleza de Jerusalém, os quais ainda faziam parte
da guarni-ção, bem como aqueles judeus ímpios que nela se haviam refugiado. Ele
queria também libertar todas as outras fortalezas da Judéia das guarnições que
as ocupavam e então enviou embaixadores com presentes ao rei Demétrio para
pedir-lhe permissão. O príncipe não somente consentiu como disse que faria
ainda mais, tão logo se tivesse livrado da guerra que estava empreendendo e que
o impedia de executar imediatamente o seu desejo. Enquanto isso, rogava a
Jônatas que lhe mandasse auxílio, porque os seus soldados o haviam abandonado e
passado para o lado dos inimigos. Jônatas enviou três mil soldados escolhidos.
Quando os antioquenses, que esperavam apenas o momento de
matar Demétrio pelos grandes males que lhes causara e pelos ultrajes que haviam
recebido do rei seu pai, viram o auxílio que ele recebia de Jônatas, o receio
de que ele reunisse forças ainda maiores, caso não se antecipassem, levou-os a
tomar as armas. Eles o sitiaram em seu palácio e apoderaram-se das ruas e
avenidas, para impedi-lo de escapar. Demétrio tentou fugir com os soldados
estrangeiros e com os judeus auxiliares, mas depois de um grande combate foi
obrigado, devido ao número dos oponentes, a voltar para o palácio. Então os
judeus, servindo-se da vantagem que tinham num lugar assaz elevado,
lançaram-lhes dardos do alto das ameias, que os obrigaram a abandonar as casas
vizinhas e incendiá-las, o que destruiu imediatamente toda a cidade, pois as
casas estavam muito próximas umas das outras e eram feitas de madeira.
Os habitantes, não podendo resistir à violência do fogo,
pensaram somente em salvar as suas mulheres e filhos. O rei, enquanto os judeus
os perseguiam por um lado, atacou-os pelo outro, por diversos lugares. Vários
foram mortos, e o resto foi obrigado a deixar as armas e se entregar. Ele
perdoou-lhes a revolta, acalmou a sedição, deu aos judeus os despojos que
haviam apanhado e enviou-os a Jerusalém, a Jônatas, com grandes elogios,
dizendo que lhe devia a vitória alcançada sobre os seus súditos. Mas bem
depressa mostrou também a sua ingratidão, pois, não se contentando em não
cumprir o que prometera a Jônatas, ainda ameaçou fazer-lhe guerra, caso os
judeus não lhe pagassem o mesmo tri-buto que pagavam ao seus predecessores
Essas ameaças teriam sido seguidas por fatos se Trífon não o
tivesse obrigado a voltar as armas contra ele. Vindo da Arábia para a Síria com
o jovem Antíoco, filho de Alexandre Balas, que fizera coroar rei, e com os
soldados de Demetrio que não haviam mais recebido o seu soldo, os quais agora
estavam unidos a ele, deu combate a Demetrio. Venceu-o, tomou-lhe os elefantes,
apoderou-se de Antioquia e obrigou-o a fugir para a Cilícia.
517. O jovem Antioco enviou depois embaixadores a Jônatas,
com cartas pelas quais o chamava de amigo e aliado, confirmando-o no cargo de
sumo sacerdote e concedendo-lhe as quatro províncias que haviam sido unidas à
judéia. Mandou-lhe também vasos de ouro, uma veste de púrpura, um broche de
ouro com a autorização de usá-lo e afirmou que o considerava um de seus maiores
amigos. Além disso, constituiu a Simão, irmão de Jônatas, general das tropas
que ele mantinha desde Tiro até o Egito. Jônatas, cumulado de tantos favores e
honras, enviou, por seu lado, embaixadores ao jovem príncipe e a Trífon para
afirmar que jamais lhes faltaria à amizade e à fidelidade, e que se unia a eles
para combater Demetrio, de quem tinha muitos motivos para se lamentar, pois
este lhe pagara com ingratidão os auxílios dele recebidos.
Antioco permitiu-lhe em seguida recrutar soldados na Síria e
na Fenícia, a fim de marchar contra as tropas de Demetrio, e ele foi logo às
cidades vizinhas. Estas o receberam muito bem, mas não lhe deram soldados. Ele
partiu para a Asquelom, cujos habitantes compareceram à sua presença com muitos
presentes. Ele os exortou, como aos das outras cidades e da Baixa Síria, a
abraçar, como ele havia feito, o partido de Antioco e abandonar o de Demetrio,
para se vingarem das injúrias que dele tinham recebido. As razões de que se
serviu foram tão poderosas que eles se deixaram persuadir e prometeram-lhe
auxílio.
Dali ele partiu para Gaza, a fim de ganhar também os seus
habitantes em favor de Antioco. Estes, porém, em vez de fazer o que ele
desejava, fecharam-lhe as portas. Para vingar-se, ele devastou os campos,
sitiou a cidade e, depois de deixar parte de suas tropas para continuar o
assédio, foi com o resto incendiar as aldeias vizinhas. Os habitantes de Gaza,
não podendo numa alternativa tão difícil esperar socorro de Demetrio, pois,
ainda que ele estivesse em condições de atendê-los, a distância faria com que
não o pudesse enviar imediatamente, foram então obrigados a ceder. Assim,
enviaram embaixadores a Jônatas, contraíram aliança com ele e obrigaram-se a
unir as suas armas naquela guerra. Esse exemplo nos faz ver que a maior parte
dos homens não sabe o que lhes é útil, a não ser pela experiência dos males que
sofrem, quando a prudência os deveria levar a preveni-los e a fazer
voluntariamente o que não poderiam deixar de fazer, jônatas, depois de tomar
dentre eles alguns reféns, os quais mandou a Jerusalém, visitou toda a
província até Damasco.
518. Nesse entretempo, um grande exército reunido por Demétrio
veio acampar próximo da cidade de Cedasa,* junto ao território de Tiro e da
Galiléia, a fim de obrigar jônatas a deixar a Síria para socorrer a Galiléia,
que era de seu governo. Com efeito, ele avançou imediatamente para aquele lado,
mas deixou Simão, seu irmão, na Judéia. Este, com as tropas que pôde reunir,
sitiou Bete-Zur, que é a praça mais forte da província e o lugar onde, como
dissemos, Demétrio conservava uma guar-nição. Ele atacou com tanto vigor,
fazendo funcionar tantas máquinas, que os sitiados, temendo ser vencidos e
perder a vida, capitularam e se retiraram para Demétrio, depois de entregar a
Simão aquela praça, e ele colocou ali a sua guarnição.
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* Ou Quedes.
519. jônatas, que estava na Galiléia, deixou as margens do
lago de Genezaré e avançou para Azoto, onde julgava não encontrar os inimigos.
Estes, porém, que desde o dia precedente tinham notícia de sua marcha, puseram
soldados de emboscada no monte e avançaram contra ele na planície. Logo que os
viu marchando, dispôs os seus homens em ordem de batalha, para iniciar o
combate. Mas quando os judeus viram surgir os que estavam de emboscada, tiveram
tanto medo de ser envolvidos ao mesmo tempo pela vanguarda e pela retaguarda
que fugiram todos, exceto Matatias, filho de Absalão, Judas, filho de Capso,
generais de Jônatas, e cinqüenta outros dos mais valentes, os quais, levados
pelo desespero, atacaram os inimigos com tanta fúria e tão prodigioso valor que
os assustaram. Os inimigos fugiram, e tão inesperado êxito fez voltar do susto
os que haviam abandonado Jônatas. Ele os perseguiu até o seu acampamento,
próximo de Cedasa, e dois mil deles foram mortos.
Jônatas, após obter, com o auxílio de Deus, tão gloriosa
vitória, voltou a Jerusalém e enviou embaixadores a Roma para renovar a aliança
com o povo romano, dando-lhes ainda o encargo de passar, no regresso, pela
Lacedemônia e renovar também a aliança com eles e a recordação de sua
consangüinidade. Esses embaixadores foram tão bem recebidos em Roma que não
somente obtiveram tudo o que desejavam, mas também cartas dirigidas aos reis da
Ásia, da Europa e aos governadores de todas as cidades, a fim de poderem voltar
com toda segurança.
Quanto à Lacedemônia, a carta que lá apresentaram estava
assim escrita:
"jônatas, sumo sacerdote, o senado e o povo judeu, aos
éforos, ao senado e ao povo da Lacedemônia, nossos irmãos, saudação. Há alguns
anos, Demoteles entregou a Onias, então sumo sacerdote de nossa nação, uma
carta de Ario, vosso rei, da qual vos mandamos uma cópia, pela qual vereis que
nela se fazia menção do parentesco que há entre nós. Recebemos com alegria essa
carta e a manifestação a Ario e a Demoteles, embora tal parentesco não nos
fosse desconhecido, porque os nossos santos livros o dizem. O que nos impediu
de vos falar disso foi que julgamos não dever desejar a vantagem de vos
anteceder. E, desde o dia em que renovamos a nossa aliança, não deixamos de
rogar a Deus, em nossos sacrifícios e nas festas solenes, que vos conserve e
vos faça vitoriosos sobre os vossos inimigos. Embora a ambição desmesurada de
nossos vizinhos nos tenha obrigado a sustentar grandes guerras, não quisemos
depender de nossos aliados. E, após triunfarmos honrosamente em todas elas,
enviamos aos romanos dois embaixadores, Numênio, filho de Antímaco, e
Antípatro, filho de Jasão, ilustres senadores, e lhes ordenamos que vos
entregassem esta carta, a fim de renovarmos a amizade e as boas relações entre
nós. Dar-nos-ei um grande prazer fazendo-nos saber em que vos poderemos ser
úteis, não havendo serviços que não estejamos prontos a vos prestar". Os
lacedemônios receberam muito bem os embaixadores e deram-lhes uma demonstração
pública da renovação de sua amizade e aliança.
520. Havia então
entre nós três seitas, divergentes nas questões relativas às ações humanas. A
primeira era a dos fariseus; a segunda, a dos saduceus; a terceira, a dos
essênios. Os fariseus atribuem certas coisas ao destino, porém nem todas, e
crêem que as outras dependem de nossa liberdade, de sorte que podemos
realizá-las ou não. Os essênios afirmam que tudo geralmente depende do destino
e que nada nos acontece que ele não determine. Os saduceus, ao contrário, negam
absolutamente o poder do destino, dizendo que ele é uma quimera e que as nossas
ações dependem tão absolutamente de nós que somos os únicos autores de todos os
bens e males que nos acontecem, conforme seguimos um bom ou um mau conselho.
Mas tratei particularmente dessa matéria no segundo livro das Guerras dos
(udeus.
521. Os chefes do
exército de Demétrio, querendo reparar a perda que haviam sofrido, reuniram
grandes forças, maiores que as anteriores, para marchar contra Jônatas. Logo
que ele soube disso, veio contra eles ao campo de Hamate, para impedir que
entrassem na Judéia. Acampou a cinqüenta estádios deles e enviou exploradores
até o seu acampamento. Depois de saber, pelas informações deles e de alguns
prisioneiros, que eles os queriam surpreender, tomou providências
imediatamente: colocou guardas e sentinelas avançadas e conservou o exército em
armas durante toda a noite.
Quando os inimigos, que não se julgavam bastante fortes para
combatê-lo em campo raso, viram que o seu intento fora descoberto, levantaram
acampamento e acenderam uma grande quantidade de fogueiras, para cobrir a sua
retirada. Jônatas partiu ao alvorecer, para atacá-los em seu acampamento, e,
vendo que estava abandonado, perseguiu-os, mas em vão: eles já haviam passado o
rio de Eleutério e estavam salvos. Voltou então à Arábia, devastou o país dos
nabateenses, conquistou grandes despojos e levou uma grande quantidade de
prisioneiros, os quais vendeu em Damasco.
522. Nesse mesmo
tempo, Simão, irmão de jônatas, percorreu toda a Judéia e a Palestina até
Asquelom e colocou guarnições em todas as praças-fortes onde julgou
conveniente. Depois de assim haver assegurado e fortificado o país, marchou
para Jope, tomou-a e lá deixou uma forte guarnição, porque soubera que os seus
habitantes queriam entregar a cidade a Demétrio.
523. Os dois irmãos,
depois de tantos feitos assinalados, voltaram a Jerusalém. Jônatas reuniu o
povo e aconselhou-o a refazer os muros da cidade, a reconstruir os do Templo,
que o rodeavam, acrescentando-lhes grandes torres, para torná-los ainda mais
fortes, e também a fazer outro, no meio da cidade, a fim de cortar a entrada da
guarnição da fortaleza e impedir-lhe assim o fornecimento de viveres. A isso
ele acrescentou que era de opinião que se fortificasse e guarnecesse, mais do
que já estavam, as praças mais fortes e importantes da província. Todas essas
propostas foram aprovadas. Ele encarregou-se de fortificar a cidade, e Simão,
seu irmão, de providenciar a fortificação das outras.
524. O rei Demétrio,
depois de passar o rio, foi para a Mesopotâmia, para dela se apoderar, e à
Babilônia, para lá estabelecer a capital de seu império depois que as outras
províncias lhe estivessem também sujeitas, pois os gregos e os macedônios, que
as habitavam, enviavam-lhe continuamente embaixadores para garantir que se
submeteriam a ele e o serviriam na guerra que fizesse a Arsaces, rei dos
partos. Demétrio, iludido com tais esperanças, apressou-se em marchar para
aquele país, julgando que se vencesse os partos seria fácil expulsar Trífon da
Síria. Os povos dessas províncias receberam-no com alegria, e ele, depois de
reunir um grande exército, fez guerra a Ársaces, mas este o derrotou
completamente, e Demétrio caiu vivo em suas mãos, como dissemos alhures.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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