História De Israel – Teologia 31.170
CAPÍTULO 21
GRANDE VITÓRIA OBTIDA POR PTOLOMEU LATUR SOBRE ALEXANDRE,
REI DOS
JUDEUS, E SUA HORRÍVEL DESUMANIDADE. CLEOPATRA, MÃO DE
PTOLOMEU,
VEM EM AUXÍLIO DOS JUDEUS, E LATUR TENTA INUTILMENTE
TORNAR-SE
SENHOR DO EGITO. ALEXANDRE TOMA GAZA E PRATICA GRANDES ATOS
DE
CRUELDADE. DIVERSAS GUERRAS REFERENTES AO REINO DA SÍRIA.
ESTRANHO
ÓDIO DA MAIORIA DOS JUDEUS CONTRA ALEXANDRE, SEU REI,
QUE CHAMAM DEMÉTRIO EUCERO EM SEU AUXÍLIO.
551. Depois que Ptolomeu Latur tomou Azoto de assalto, foi a
Séforis, que fica próxima, e atacou-a, mas foi repelido, com grandes perdas. Em
vez de continuar esse assédio, ele marchou contra Alexandre, rei dos judeus.
Encontrou-o em Azofe, muito perto do Jordão, e acampou em frente dele. A
vanguarda de Alexandre era composta de oito mil homens, soldados veteranos,
todos armados com escudos de bronze. Os da vanguarda de Ptolomeu também o eram,
mas o resto de suas tropas não estava bem armado, o que os fazia recear o
combate. Um certo Fílonstevão, muito experimentado na guerra, tranqüilizou-os e
fê-los passar o rio que separava os dois acampamentos, sem que Alexandre se
opusesse a isso, porque ele julgava vencer mais facilmente quando os inimigos,
tendo o rio por trás, não pudessem mais fugir.
O combate foi deveras sangrento, e era difícil julgar para
que lado pendia a vitória. Por fim, as tropas de Alexandre começaram a
prevalecer, enquanto as de Ptolomeu estavam se esfacelando. Mas Fílonstevão as
susteve com um corpo de tropas que ainda não havia combatido e as reanimou. Os
judeus, espantados com tal mudança e sem receber nenhum reforço, fugiram, e
todos os outros seguiram-lhes o exemplo. Os inimigos perseguiram-nos tão
vivamente e fizeram tal morticínio que só cessaram a matança quando não
agüentaram mais o cansaço e a ponta de suas espadas começava a se entortar. O
número de mortos foi de trinta mil ou, segundo uma relação de Timagenes,
cinqüenta mil. O resto do exército foi aprisionado ou salvou-se na fuga.
552. Depois de tão
assinalada vitória e de tão longa perseguição, Ptolomeu retirou-se, à tarde,
para algumas aldeias da Judéia e, encontrando-as cheias de mulheres e de
crianças, ordenou aos seus soldados que as estrangulassem, fizessem-nas em
pedaços e as lançassem numa caldeira de água fervente, a fim de que os judeus
que haviam escapado da batalha, ao chegar àquele lugar, pensassem que os
inimigos comiam carne humana e tivessem ainda maior medo deles. Estrabão não é
o único que faz menção dessa horrível desumanidade, pois Nicolau a refere
também. Ptolomeu apoderou-se depois de Ptolemaida, à força, como já dissemos em
outro lugar.
553. Quando a rainha
Cleópatra viu que o seu filho crescia daquele modo em poder e devastava, sem
resistência, toda a Judéia, submetendo Gaza à sua obediência e estando já quase
às portas do Egito, e que ele nada mais pretendia além de se apoderar do país,
julgou não dever esperar mais para enfrentá-lo. Assim, sem perder tempo, reuniu
grandes forças de terra e mar, cujo comando confiou a Chelcias e a Ananias,
judeus de nascimento. Colocou em segurança, na ilha de Choos, a maior parte de
suas riquezas, seus netos e seu testamento, mandou Alexandre, seu outro filho,
para a Fenícia com uma grande esquadra, porque aquela província estava para se
revoltar, e veio em pessoa a Ptolemaida. Os seus habitantes, porém,
fecharam-lhe as portas, e ela sitiou-os. Quando Ptolomeu viu que ela havia
deixado o Egito, para lá partiu, na esperança de que facilmente dele se poderia
apoderar, mas viu-se enganado em seus intentos. Por aquele mesmo tempo, Chelcias,
um dos generais do exército de Cleópatra, que perseguia Ptolomeu, morreu na
Baixa Síria.
554. Cleópatra, ao
saber que as intenções do filho a respeito do Egito haviam sido frustradas,
enviou para lá uma parte de suas forças, que o rechaçaram totalmente. Assim,
ele foi obrigado a voltar e passou o inverno em Gaza. Então Cleópatra tomou
Ptolemaida, onde Alexandre, rei dos judeus, veio encontrar-se com ela,
trazendo-lhe muitos presentes. Ela o recebeu com prazer e como um príncipe que,
tendo sido tão maltratado por Ptolomeu, somente a ela podia recorrer. Alguns
servidores propuseram que ela se apoderasse do país, para não permitir que um
número tão grande de judeus, homens de bem, estivesse sujeito a um único homem.
Mas Ananias aconselhou o contrário, dizendo que ela não podia com justiça
despojar um príncipe que fizera aliança com ela e era parente próximo dele.
Também não podia evitar dizer-lhe que, se ela fizesse aquela injustiça, nenhum
judeu deixaria de se tornar inimigo dela. Essas razões persuadiram-na, e assim,
ela não somente evitou causar desprazer a Alexandre como renovou a aliança com
ele em Citópolis, que é uma cidade da Baixa Síria.
555. Logo que o príncipe se viu livre dos receios quanto a
Ptolomeu, entrou na Baixa Síria, tomou a cidade de Gadara depois de um cerco de
dez meses e Hamate logo em seguida, que é a mais resistente de todas as
fortalezas situadas sobre o Jordão e na qual Teodoro, filho de Zenão, havia
posto tudo o que tinha de mais precioso. Teodoro, para vingar-se, atacou os judeus
quando menos esperavam, matou cerca de dez mil e tomou toda a bagagem de
Alexandre. Esse príncipe, sem se abater com tal perda, não deixou de sitiar e
de tomar Rafa, que está à beira-mar, e Antedom, que Herodes depois chamou
Agripíada. Vendo que Ptolomeu abandonara Gaza para voltar a Chipre e que a
rainha Cleópatra, sua mãe, retomara também o caminho para o Egito, o seu
ressentimento pelo fato de os moradores de Gaza haverem chamado Ptolomeu em seu
auxílio, contra ele, levou-o a devastar-lhes o país e a sitiá-los.
Apolodoto, que os comandava, atacou o acampamento dos judeus
com dois mil soldados estrangeiros e mil servidores que pôde reunir. Durante a
noite, ele obteve vantagem, porque os judeus estavam certos de que Ptolomeu
viera em socorro dos sitiados, mas quando raiou o dia eles viram que se haviam
enganado, retomaram ânimo e atacaram Apolodoto com tanta coragem que mataram
ali mesmo mil de seus soldados. Os sitiados, porém, não perderam a coragem,
embora fossem ainda acossados pela fome. Preferiam sofrer até o fim a se
entregar. Aretas, rei dos árabes, que lhes prometia auxílio, fortalecia-os em
seu intento. Mas Apolodoto foi morto à traição antes que esse rei tivesse
chegado, e a cidade foi tomada. Foi Lisímaco, seu próprio irmão, quem cometeu
esse crime, por inveja do prestígio que os próprios e grandes méritos haviam
granjeado a Apolodoto. Lisímaco então reuniu um grupo de soldados e entregou a
praça a Alexandre.
Quando esse príncipe lá entrou, parecia ter Espírito de paz,
mas depois enviou tropas às quais permitiu castigar o povo com toda espécie de
crueldade. Eles não pouparam um sequer de todos os que puderam matar, porém
isso custou também a vida a vários judeus, pois uma parte dos habitantes morreu
com armas na mão, defendendo-se valentemente, outros incendiaram as próprias
casas, para impedir que fossem presa do inimigo, e outros mataram as próprias
mulheres e filhos, para evitar-lhes uma vergonhosa escravidão. Sabendo que o
senado estava reunido quando essas tropas sanguinárias entravam na cidade, eles
fugiram para o templo de Apoio, a fim de ali buscar asilo seguro, mas não o
encon-traram. Alexandre mandou matá-los e, depois de destruir a cidade, que
conservava sitiada durante um ano, voltou a Jerusalém.
556. Por esse mesmo tempo, o rei Antioco Gripo foi morto à
traição por Heracleu, na idade de quarenta e cinco anos, após reinar vinte e
nove. Seleuco, seu filho, sucedeu-o e fez guerra a Antioco Cizicenio, seu tio,
aprisionou-o numa batalha e mandou matá-lo. Pouco tempo depois, Antioco, filho
de Cizicenio, e Antonino, cognominado Eusébio, vieram a Arade, onde foram
coroados reis. Eles fizeram guerra a Seleuco, venceram-no numa batalha e o
expulsaram da Síria. Ele fugiu para a Cilícia, onde foi recebido pelos
mopseatas, mas, em vez de reconhecer a obrigação que lhes devia, quis ainda
exigir deles tributo. Então eles, não o podendo suportar, puseram fogo ao seu
palácio, onde morreu queimado com os seus amigos.
557. Enquanto esse
Antioco reinava na Síria, um outro Antioco, irmão de Seleuco, fez-lhe guerra.
Mas foi derrotado com todo o seu exército. Filipe, seu irmão, fez-se coroar rei
e reinou numa parte da Síria. No entanto, Ptolomeu Latur mandou chamar Demétrio
Eucero, seu quarto irmão, em Gnida, o constituiu rei em Damasco. Antioco
resistiu valentemente a esses dois irmãos, mas não viveu por muito tempo. Tendo
partido para Laodicéia em auxílio da rainha dos galadenianos, que faziam guerra
aos partos, foi morto numa batalha, lutando corajosamente. Filipe e Demétrio,
que eram irmãos, com a morte dele ficaram de posse pacífica do reino da Síria,
como já dissemos em outro lugar.
558. Ao mesmo tempo,
Alexandre, rei dos judeus, viu turbar-se o seu reino, pelo ódio que o povo
tinha contra ele. No dia da festa dos Tabernáculos, quando se levam ramos de palmas
e de limoeiros, ele preparava-se para oferecer sacrifício. O povo não se
contentou de lhe lançar limões à cabeça, mas o ofendeu com palavras, dizendo
que, tendo sido escravo, ele não merecia honra alguma e era indigno de oferecer
sacrifícios a Deus. Ele ficou de tal modo enfurecido que mandou matar uns seis
mil deles e em seguida reprimiu o esforço da multidão irritada com uma cerca de
madeira que mandou fazer ao redor do Templo e do altar, e que se estendia até o
lugar onde somente os sacerdotes têm direito de entrar.
Ele assalariou soldados pisídios e cilícios porque, sendo
inimigo dos sírios, não se servia deles. Venceu depois os árabes, impôs
tributos aos moabitas e aos galaditas e destruiu Hamate sem que Teodoro se
atrevesse a dar-lhe combate. Fez também guerra a Obede, rei dos árabes, mas,
tendo caído numa emboscada perto de Gadara, na Galiléia, impelido por um grande
número de camelos a um estreito muito apertado e difícil de transpor, chegou a
salvo com muita dificuldade em Jerusalém. Esse mau resultado foi seguido de uma
guerra que seus súditos lhe moveram durante seis anos. Ele matou mais ou menos
uns cinqüenta mil deles e, embora tudo fizesse para estar bem com eles, o ódio
que lhe tinham era tão violento que, quanto mais queria acalmá-lo, tanto mais
ele aumentava. Assim, perguntando-lhes um dia o que queriam que fizesse para
contentá-los, todos exclamaram que ele devia se matar. Mandaram então
imediatamente chamar Demétrio Eucero, para pedir-lhe auxílio.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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