História Do Cristianismo -
Teologia 32.36
O MÁRTIR CIPRIANO
Logo que ocorreram os primeiros
boatos da perseguição, Cipriano tornou-se notável. Algumas referências à sua
prévia história não deixam de ter lugar aqui. Nasceu no ano 200, descendia de
uma família nobre, e recebeu uma educação adequada à sua posição. Mais tarde
ensinou retórica publicamente e com grande sucesso em Cartago, onde vivia de
uma maneira principesca. Dizem que se vestia com magnificência, tinha uma
comitiva suntuosa, e levava uma multidão de pessoas às sua ordens, quando ia
para fora. Sendo convertido do paganismo aos quarenta e cinco anos de idade,
vendeu imediatamente os seus bens e deu a maior parte do produto da venda aos
pobres. Progredia admiravelmente no estudo da verdade, e depois de três anos;
durante os quais se aplicou muito de perto à leitura das Escrituras Sagradas,
fizeram-no bispo de Cartago.
No reinado de Décio, foi
publicada uma ordem de prisão contra ele, mas Cipriano retirou-se para um
lugar seguro até passar a tempestade, e ali empregou as suas horas de descanso
a escrever cartas consoladoras aos cristãos que sofriam. Não foi, contudo, o
medo que o fez dar este passo, como o prova a evidência da sua conduta numa
ocasião posterior. Acabara de voltar para Cartago no princípio do reinado de
Valeriano, quando rebentou a peste naquela cidade, e nessa ocasião pôde ele
prestar valioso auxílio aos que sofriam.
Exortava os cristãos a que
esquecessem as injúrias que tinham sofrido, e manifestassem as graças do
Evangelho, tratando, não só dos seus próprios irmãos, como também dos seus
inimigos que se achassem atacados da peste. Responderam à exortação com a
melhor boa vontade, e foram tratar das doentes alegremente.
Quando no reinado de Valeriano
a perseguição rebentou, Cipriano não tornou a fugir. Foi, por isso, preso por
ordem do procônsul, e desterrado; mas tornou depois a ser chamado por mandado
de um novo procônsul. Contudo, este chamamento foi simplesmente para que fosse
julgado mais uma vez; e surdo aos rogos sinceros dos seus irmãos, que instavam
com ele para que se escondesse até a perseguição ter passado, consentiu que o
prendessem de novo. No dia seguinte à sua prisão, teve lugar o julgamento, e o
primeiro senador de Cartago foi conduzido, por uma grande guarda, ao palácio
do procônsul. Foi uma cena digna de se ver, e todos os habitantes da cidade
saíram para a rua para presenciar. O interrogatório foi curto, e de ambos os
lados se trocaram poucas mas decisivas palavras.
"És tu Tácio Cipriano, o
bispo de tantos homens ímpios?" "Sou eu mesmo". "Pois bem,
o mais sagrado dos imperadores ordena-te que ofereças sacrifício".
"Não ofereço sacrifício algum". "Pensa bem", disse o
procônsul. "Executai as vossas ordens; o caso não admite considerações",
respondeu Cipriano. O procônsul então proferiu a sentença, concluindo com estas
palavras: "Deves expiar o teu crime com o teu sangue". Cipriano
exclamou: "Louvado seja Deus!" E nesta alegre disposição de espírito
foi pouco depois conduzido a um campo vizinho, e ali decapitado.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
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