História Do Cristianismo -
Teologia 32.37
CIRILO, UM JOVEM MÁRTIR
Até as próprias crianças não
foram isentas dessa perseguição, e muitas, pela graça divina, testemunharam
uma boa confissão. Cirilo de Alexandria, um rapaz de tenros anos, foi um
destes; e a realidade da sua fé era tal, que nem ameaças nem bofetadas foram
capazes de o abalar, nem mesmo a perspectiva de uma morte lenta e dolorosa. Foi
insultado por crianças de sua idade, e até o pai o expulsou de casa por ele não
querer renunciar à sua fé e reconhecer o imperador como Deus. A sua conduta na
presença do magistrado foi igualmente interessante e conscienciosa:
"Rapaz", disse-lhe o bondoso pagão, "estou pronto a perdoar-te,
e a consentir que teu pai te leve outra vez para casa, e podes mais tarde
herdar os seus bens; para isso basta que tenhas juízo e olhes pelos teus
próprios interesses". Mas ele recusou com firmeza: "Estou pronto a
sofrer", disse ele, "e Deus há de levar-me para o Céu. Não me importo
de ter sido expulso de casa: hei de ter um lar melhor. Não tenho medo de
morrer; a morte vai apenas conduzir-me a uma vida melhor".
Como o governador não pudesse
persuadi-lo a que se retratasse, disse aos oficiais que o levassem para o
poste e lhe mostrassem a palha e o feixe de lenha, esperando que isso o
intimidasse, mas o rapaz resistiu à prova, e não manifestou sintoma algum de
medo. O bom Pastor conservou-se muito próximo da sua ovelha atribulada, e não
consentiu que o temor entrasse no seu coração; e o povo só pôde chorar e
maravilhar-se. Quando voltou à presença do governador e este lhe perguntou:
"Estás agora resolvido a mudar de idéia?" - ele respondeu com
intrepidez: "O vosso fogo e a vossa espada não me podem molestar: vou para
um lar mais feliz; queimai-me depressa, para que eu chegue lá mais cedo";
e vendo lágrimas nos olhos de muitos espectadores, disse: "Deveis estar
contentes, e decerto estaríeis, se conhecesseis a cidade para onde vou".
Depois disto foi novamente conduzido ao poste e ali amarrado; e puseram os
cavacos e a palha em volta dele, e acenderam-nos. Mas os sofrimentos da criança
bem depressa cessaram, e antes de o fumo da fogueira se dissipar completamente,
já ele estava além do alcance do martírio e daquela terrível prova, e tinha
entrado no "lar melhor" de que ele falara.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
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