História Do Cristianismo -
Teologia 32.43
5 Nono e décima
perseguições gerais
(274-306)
DECADÊNCIA ESPIRITUAL DOS
CRISTÃOS
Depois dum descanso de uns
vinte e oito anos, tornou a mesquinha mão do homem a estender-se para continuar
a perseguição, e o imperador fez o último e desesperado esforço para
exterminar a religião tão odiada. Historicamente, foi este o último e decisivo
conflito entre o paganismo e o cristianismo. Durou dez anos, e foi sem dúvida a
mais desoladora de todas as perseguições. A segurança tranqüila, que a Igreja
desfrutara desde a morte de Aureliano tinha produzido uma tal inação nos
cristãos, que a sua condição levantou um certo sentimento de vergonha no coração
de muitos, misturado com o receio de que o desagrado do Senhor estivesse
pendente sobre as suas cabeças. Em conseqüência da sua infidelidade, a Igreja
tinha diminuído muito em poder espiritual, mas tinha aumentado em soberba e
ambição mundana; e a simplicidade de seu culto quase se ofuscou por ritos mais
judaicos que cristãos.
E isto ainda não era tudo.
Muitos empregavam os seus dons espirituais em ostentação em vez de os
empregarem em edificação; e aqueles que tinham o privilégio de poder alimentar
o rebanho de Deus, descuravam o seu encargo sagrado e ocupavam-se na acumulação
de riquezas. Os bispos, cujo verdadeiro dever era servir ao povo e trabalhar
pessoalmente entre os pobres e os doentes, tornavam-se numa grande ordem
sacerdotal, e procediam como "tendo domínio sobre a herança de Deus".
Estes tinham empregados às suas ordens e já não seguiam a hospitalidade de que
Paulo falara como sendo uma qualidade indispensável aos bispos, mas recebiam um
salário, tornando-se dependentes dos ganhos alheios.
Antes de ter passado um século,
ouviu-se um pagão dizer: "Façam-me bispo de Roma, que eu logo me tornarei
cristão".
Na verdade, a distinção entre o
clero e os leigos procedia deste sistema de tirania espiritual; e daqui
provinham por sua vez, aqueles medonhos abusos da Idade Média, que mais tarde
foram condenados em parte (se bem que por razões políticas) pelo arrogante e
ousado Hildebrando, quando subiu à cadeira papal.
Além disso, a paz inteira das
assembléias era constantemente perturbada pelas discussões. Havia contínuas
disputas entre os bispos e os presbíteros, por causa das altivas pretensões
dos primeiros, que exigiam superioridade na igreja, superioridade esta que os
últimos não queriam de modo algum conceder. Nos primeiros tempos do cristianismo
aqueles dois títulos haviam sido considerados iguais, e só perto do fim do
segundo século é que o costume conseguiu colocar um acima do outro. A
controvérsia foi longa e amarga, e enquanto os pastores assim lutavam uns com
os outros, as ovelhas morriam de fome, e os lobos daninhos estavam-se
introduzindo no meio delas, não poupando o rebanho.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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