História De Israel – Teologia 31.256
CAPÍTULO 9
HERODIAS, MULHER DE HERODES, O TETRARCA, E IRMÃ DO REI
AGRIPA, NÃO PODENDO TOLERAR A PROSPERIDADE DO IRMÃO, OBRIGA O MARIDO A IR A
ROMA, PARA LÁ OBTER TAMBÉM UMA COROA. AGRIPA ESCREVE CONTRA ELE AO IMPERADOR.
CAIO ENVIA HERODES E A MULHER PARA O EXÍLIO, A LIÃO.
788. Herodias, irmã
do novo rei Agripa e mulher de Herodes, tetrarca da Galiléia e da Peréia, não
pôde suportar a prosperidade de seu irmão, que o elevava acima de seu marido.
Ela ardia de inveja ao ver aquele que antes fora obrigado a se refugiar junto
deles por não ter meios de pagar as próprias dívidas retornar agora cumulado de
honras e de glória. Tão grande mudança de fortuna era-lhe insuportável,
principalmente quando o via caminhar com vestes reais no meio do povo. Assim,
não podendo dissimular o despeito que sem cessar lhe roía o coração, insistia
com o marido para que fosse a Roma reivindicar semelhante honra. Declarou
ser-lhe intolerável ver Agripa — que era apenas filho de Aristóbulo, ao qual o
pai mandara matar, e que fora obrigado a fugir por não ter recursos para saldar
os próprios débitos — usando uma coroa, enquanto aquele que era filho de um rei
e que todos os parentes desejavam ver carregando o cetro não aspirava a
semelhante glória, contentando-se em levar uma vida modesta.
Dizia ela: "Se pudestes suportar até aqui viver numa
condição menos elevada que a de vosso pai, começai agora a desejar pelo menos
uma honra que seja digna do vosso nascimento. Não queirais ser inferior a um
homem que outrora educastes nem tão fraco para não trabalhar, na abundância dos
bens que desfrutais, pela obtenção de algo que ele conseguiu num estado de
carência, em que tudo lhe faltava. É vergonhoso para vós caminhar à retaguarda
daquele que já se viu na condição de não poder viver sem o vosso auxílio.
Vamos, pois, a Roma e não poupemos para isso trabalhos nem despesas, porque não
há maior prazer em conservar tesouros senão para empregá-los na obtenção de um
reino".
Herodes, que amava a tranqüilidade e desconfiava da corte
romana, tudo fez para dissuadir a mulher de tal idéia. Porém, quanto mais ela o
via resistir, mais insistia, e nada havia que a sua paixão por obter um reino
não a levasse a realizar para consegui-lo. Por fim, tanto o atormentou que ele
não pôde mais resistir às suas importunações — esse consentimento foi-lhe
arrancado, não obtido. E, com um soberbo séquito, partiram juntos para Roma.
Agripa, apenas o soube, enviou Fortunato, um de seus libertos, ao imperador,
com presentes e cartas, nas quais escreveu contra Herodes. Ele deu ao liberto o
encargo de procurar a ocasião favorável para tratar do assunto junto a Caio.
Fortunato teve o vento tão favorável que chegou a Putéoli ao
mesmo tempo que Herodes. Caio achava-se então em Bayes, pequena cidade da
Campanha, onde existem soberbos palácios, em grande número, construídos pelos
imperadores, sendo que cada um deles se havia esforçado para construir o maior
em magnificência. Fora convidado a ir para lá porque havia também fontes e
banhos de água quente, não menos agradáveis que benéficos para a saúde. Depois
que Herodes cumprimentou o imperador, Fortunato apresentou-lhe as cartas de
Agripa. Ele as leu na mesma hora e entendeu que Agripa acusava Herodes de haver
conspirado com Sejano contra Tibério e de agora favorecer Artabano, rei dos
partos, contra o próprio Caio — e não era necessário maior prova que o fato de
ele ter em seus arsenais o suficiente para armar setenta mil homens.
O imperador, impressionado com tal acusação, perguntou a
Herodes se era verdade que ele possuía tão grande quantidade de armas. E, como
ele respondesse que sim, porque não o podia negar, julgou que a traição dele
era verdadeira. Assim, tirou-lhe a tetrarquia e anexou-a ao reino de Agripa, confiscou
todo o seu dinheiro, entregando-o também ao Agripa, e condenou-o ao exílio
perpétuo em Lião, cidade das Gálias. Porém, ao saber que a mulher de Herodes
era irmã de Agripa, decidiu deixar com ela aquele dinheiro, na convicção de que
a princesa não desejava seguir o marido em sua desgraça, e disse-lhe que a
perdoava, por causa de seu irmão.
Ela então respondeu: "Vós agis, senhor, de uma maneira
digna de vós, fazen-do-me esse favor. Todavia, o amor pelo meu marido não me
permite recebê-lo. Como tive parte na sua prosperidade, não é justo que eu o
abandone agora no infortúnio". Tão grande coragem numa mulher foi
intolerável a Caio, e ele a mandou também para o exílio, entregando todos os
seus bens a Agripa. Deus assim castigou Herodias pela inveja que sentia da
felicidade de seu irmão e Herodes por ter dado ouvidos às vãs insinuações de
sua mulher.
789. Esse novo
imperador governou muito bem durante os dois primeiros anos de seu reinado. Ele
conquistou o coração dos romanos e de todos os povos sujeitos ao império. Mas
esse grande poder a que se viu elevado deixou-o depois tão cheio de si que ele
se esqueceu de que era homem. A sua loucura cresceu tanto que ele chegou a
proferir blasfêmias contra Deus e a atribuir a si mesmo honras que somente a
Ele pertencem.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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