História De Israel – Teologia 31.271
CAPÍTULO 5
GRANDE DISSENSÃO ENTRE OS JUDEUS DA GALILÉIA E OS
SAMARITANOS,
QUE SUBORNAM CUMANO, GOVERNADOR DAJUDÉIA. QUADRATO,
GOVERNADOR DA SÍRIA, MANDA-O A ROMA COM ANANIAS, SUMO
SACERDOTE, E VÁRIOS OUTROS PARA SE JUSTIFICAR PERANTE O
IMPERADOR. O
IMPERADOR CONDENA OS SAMARITANOS, ENVIA CUMANO AO EXÍLIO E
NOMEIA FÉLIX GOVERNADOR DAJUDÉIA. ENTREGA A AGRIPA A TETRARQUIA QUE FORA DE
FILIPE, BEM COMO BATANEA, TRACONITES E ABILA, E TIRA-LHE
A CÁLCIDA. CASAMENTO DAS IRMÃS DE AGRIPA. MORTE DO IMPERADOR
CLÁUDIO. NERO SUCEDE-O NO IMPÉRIO. ELE ENTREGA A PEQUENA
ARMÊNIA
A ARISTÓBULO, FILHO DE HERODES, REI DA CÁLCIDA, E A AGRIPA
CONCEDE
UMA PARTE DA GALILÉIA, TIBERÍADES, TARIQUÉIA E JULÍADA.
843. Aconteceu nesse
mesmo tempo uma grande divergência entre os samaritanos e os judeus, pelo fato
que vou narrar. Os judeus que, nos dias de festa solene, vinham da Galiléia a
Jerusalém costumavam passar pelas terras de Samaria.
E alguns deles tiveram uma desavença com os habitantes de
Nays, aldeia situada no Grande Campo e que estava sujeita aos samaritanos, e
vários judeus foram mortos. Os principais da Galiléia foram queixar-se a
Cumano, pedindo-lhe justiça. Porém, vendo que ele não lhes dava atenção, porque
os samaritanos o haviam subornado com dinheiro, exortaram os outros judeus a
pegar em armas para reconquistar a liberdade, dizendo que a servidão já era
bastante rude por si mesma, para que ainda se lhe acrescentassem injustiças e
ultrajes.
Os magistrados esforçaram-se para acalmá-los,
prometendo-lhes obrigar Cumano a castigar os autores dos assassinatos, mas eles
não os quiseram escutar. Tomaram então as armas e chamaram em seu auxílio
Eleazar, filho de Dineu, que havia muitos anos se entregara ao roubo e
escondia-se nas montanhas, devastando e incendiando as aldeias dependentes de
Samaria. Cumano, apenas o soube, marchou contra eles com a cavalaria de
Sebaste, quatro coortes e numerosos samaritanos, matando vários deles e fazendo
muitos prisioneiros.
Os cidadãos mais influentes de Jerusalém, vendo as coisas
nesse estado e imaginando que esse grande mal poderia ter conseqüências ainda
mais vergonhosas, revestiram-se de um saco, puseram cinza na cabeça e tudo
fizeram para acalmar o espírito de muitos dos seus, a quem, com pesar, viam
abandonar-se ao desespero. Fizeram-lhes ver que, se não deixassem as armas e
não se retirassem para as suas casas, lá permanecendo tranqüilos e sossegados,
seriam a causa da ruína completa de sua nação e veriam o Templo incendiado e as
suas mulheres e filhos transformados em escravos. Essas razões os persuadiram.
Os que dissemos que viviam do roubo, porém, retiraram-se aos lugares
fortificados, onde estavam antes. E desde então a Judéia ficou cheia de
ladrões.
Os mais ilustres dos samaritanos foram em seguida à cidade
de Tiro procurar Numídio Quadrato, governador da Síria, para lhe pedir que
fizesse justiça contra os judeus que devastavam as suas terras e incendiavam as
suas aldeias. Disseram-lhe que, por maior que fosse o prejuízo que estivessem
tomando, não lhes era isso tão penoso quanto o descaso que o povo fazia do
poder dos romanos. E tocava somente a ele julgar as desordens que se sucediam
nas províncias a ele sujeitas. Eles não podiam tolerar que a nação judaica
agisse como se o império não tivesse governadores que pudessem manter a
autoridade. Os judeus disseram, em resposta, que os samaritanos é que haviam
sido a causa daquela sedição e do morticínio que se sucedera em seguida e que
Cumano era mais culpado que qualquer outro, porque, em vez de castiqá-los, se
deixara subornar pelos presentes que deles recebera.
Quadrato, depois de escutá-los, deixou para decidir a
questão quando estivesse na Judéia e conhecesse exatamente toda a verdade.
Algum tempo depois, foi ele à Samaria, onde se pleiteou a causa em sua
presença. Ele ficou convencido de que os samaritanos haviam sido os autores da
perturbação. Soube também que alguns judeus haviam tentado suscitar outras
sedições. Após mandar crucificar aqueles que Cumano conservava na prisão, foi
para a aldeia de Lida, que é tão grande quanto uma cidade, onde, estando em seu
tribunal, ouviu pela segunda vez os samaritanos.
Tendo sabido de um deles que Dorto, homem que ocupava uma
alta posição entre os judeus, e quatro outros haviam incitado os de sua casa à
revolta, mandou matar todos os cinco e enviou Ananias, sumo sacerdote, e o
capitão Anano como prisioneiros a Roma, para se justificarem diante do
imperador. Mandou também para lá os principais samaritanos e judeus, o próprio
Cumano e um oficial de campo, de nome Celer. Porém, temendo outra amotinação
entre os judeus, foi para Jerusalém. Lá encontrou tudo em paz, estando todos
ocupados em oferecer sacrifícios a Deus, nos dias de festa, segundo o costume
de nossos antepassados. Assim, ele julgou que nada havia a temer, e voltou a
Antioquia.
Cumano e os samaritanos chegaram a Roma, e foi marcado o dia
para que defendessem a sua causa. Eles conquistaram com dinheiro favor dos
libertos e dos amigos do imperador, e teriam por esse meio feito condenar os
judeus se Agripa, que então estava em Roma, não tivesse conseguido que a
imperatriz Agripina rogasse ao imperador seu marido que se inteirasse do
assunto e mandasse castigar todos os culpados daquela sedição. Assim, o
imperador Cláudio, após ouvir ambas as partes, achou que os samaritanos haviam
sido a causa principal de toda aquela perturbação e mandou matar a todos os que
tinham vindo se justificar. Enviou Cumano ao exílio e Celer, a Jerusalém, a fim
de que fosse arrastado pelas ruas, na presença de todo o povo, até expirar. Por
fim, nomeou Cláudio Félix, irmão de Palas, governador da Judéia.
844. O imperador, no décimo segundo ano de seu reinado, deu
a Agripa a tetrarquia que pertencera a Filipe, bem como Batanea, Traconites e
Abila, que integrara a tetrarquia de Lísias, mas tirou-lhe a Cálcida, que
governara por três ou quatro anos. Agripa, depois desses favores recebidos de
Cláudio, casou sua irmã Drusila com Aziza, rei de Emesa, que se fizera judeu,
pois antes ela fora prometida a Epifânio, filho do rei Antíoco, ante a palavra
de que ele abraçaria a nossa religião. Como ele não a cumpriu, deu-se então
motivo para o rompimento do contrato. Quanto a Mariana, uma outra de suas irmãs
desposou Arquelau, filho de Chelcias, ao qual havia sido prometida pelo rei
Agripa, o Grande, seu pai, e desse casamento nasceu uma filha, de nome
Berenice. Pouco tempo depois, Drusila abandonou o rei Aziza, seu marido, o que
se deu por este motivo:
Sendo ela a mais bela mulher de seu tempo, Félix, governador
da Judéia, de quem acabamos de falar, apenas a viu e concebeu por ela uma
violenta paixão, chegando a propor-lhe, por meio de um judeu de nome Simão,
cíprio de nascimento, muito seu amigo e perito em magia, que abandonasse o
marido para desposá-lo, prometendo torná-la a mulher mais feliz do mundo. Ela,
agindo com imprudência, e também para ser livrar do tormento que Berenice, sua
irmã, lhe causava por invejar a sua beleza, consentiu na proposta e não teve
receio de abandonar, por esse motivo, a sua religião. De Félix, ela teve um
filho chamado Agripa, que morreu ainda jovem, com sua mulher, na erupção do
Vesúvio, sob o reinado de Tito, como diremos a seu tempo.
Berenice, a mais velha das três irmãs de Agripa, ficou algum
tempo viúva após a morte de Herodes, que era ao mesmo tempo seu marido e seu
tio. Mas, ante a notícia que se divulgou de que ela mantinha relações incestuosas
com o irmão, propôs a Polemon, rei da Cilícia, que abraçasse a religião dos
judeus e a despo-sasse, acreditando que assim provaria que era boato o que se
andava dizendo. O soberano consentiu, porque ela era muito rica, mas não
viveram muito tempo juntos. Ela abandonou-o por motivo de impudicícia, ao que
se diz, e ele, vendo-se rejeitado, deixou também a nossa religião. Mariana não
foi mais virtuosa que suas irmãs. Abandonou Arquelau, seu marido, para desposar
Demétrio, alabarche, o mais ilustre e rico dentre os judeus de Alexandria. Dela
ele teve um filho de nome Agripino. De todas essas pessoas, falaremos mais
detalhadamente.
845. O imperador Cláudio morreu, após reinar treze anos,
oito meses e vinte dias. Alguns acreditavam que Agripina, sua mulher, o mandou
envenenar. Ela era filha de Germânico, irmão de Cláudio. Em primeiras núpcias,
havia desposado Domício Enobarbo, um dos mais ilustres romanos. Havia já muito
tempo que ela estava viúva, quando Cláudio a desposou e adotou o filho que ela
tivera de Domício, chamado também Domício, como seu pai, a quem ele deu o nome
de Nero. Antes, Cláudio havia desposado Messalina, que ele mandou matar por
ciúme, e dela teve Britânico e Otávia.* Quanto à sua filha Antônia,** que era a
mais velha de todos os seus filhos e que tivera de Petina, uma de suas outras
mulheres, ele a fez casar-se com Nero.
___________________________
* Esse nome não consta do texto grego. Trata-se de uma filha
chamada Otávia, como Tácito registra e a continuação há de mostrar, e não um filho
de nome Otávio.
** Esse nome também não consta do texto grego, que chama
esta outra filha de Otávia, quando na verdade ela se chamava Antônia, como
Tácito o refere.
846. Agripina, receando que o império, que ela desejava
assegurar seu filho para Nero, fosse ter às mãos de Britânico, antes chamado
Germânico, que já era um estadista, logo que o imperador seu marido morreu,
enviou Nero ao acampamento dos guardas pretorianos. Ele foi levado por Burrho,
seu comandante, por outros importantes oficiais e pelos libertos de Cláudio,
que desfrutavam grande prestígio, e lá ele foi declarado imperador. Um dos
primeiros atos de Nero após ser elevado ao trono foi mandar envenenar Britânico
secretamente. Alguns anos depois, ele mandou matar a própria mãe, recompensando-a
dessa forma por ela lhe ter dado a vida e por tê-lo feito reinar sobre a maior
parte do mundo. Também mandou matar Otávia, sua mulher, filha do imperador
Cláudio, e várias pessoas ilustres, acusando-as de conspiração contra ele.
Não entrarei em detalhes porque não faltam historiadores que
escrevam sobre os feitos desse príncipe, sendo que alguns falaram em seu favor
pelo fato de ele lhes haver concedido benefícios e outros, sem temer, como os
primeiros, ferir a verdade, denegriram a sua memória de maneira ultrajosa
devido ao ódio que tinham por ele. Mas não me admiro, pois aqueles que
escreveram a história dos imperadores precedentes agiram do mesmo modo, embora,
vindo muito tempo depois deles, não pudessem ter motivos para amá-los ou para
odiá-los. Quanto a mim, que estou resolvido a jamais me afastar da verdade,
contentar-me-ei em tocar somente de passagem naquilo que interessa ao meu
assunto. Só tratarei em particular o que diz respeito à nossa nação, sem
dissimular as faltas que cometemos ou os males que nos aconteceram. Precisamos
agora retomar a continuação de nossa história.
847. Aziza, rei de
Emesa, morreu no primeiro ano do reinado de Nero. Seu irmão sucedeu-o. Nero
entregou a Pequena Armênia a Aristóbulo, filho de Herodes, rei da Cálcida. A Agripa,
concedeu uma parte da Galiléia. Foi seu desejo também que Tiberíades e
Tariquéia lhe fossem sujeitas, e igualmente Julíada, que está além do Jordão, e
seu território, que consta de quatorze aldeias.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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