História Do Cristianismo -
Teologia 32.142
PEDRO WALDO
Mas a luz mais brilhante desse
século foi talvez Pedro Waldo, o piedoso negociante de Lyon. A morte súbita de
um amigo despertou-lhe pensamentos sérios, e ele tornou-se um atento leitor das
Escrituras Sagradas. Distribuiu seus bens pelos pobres, dedicou o resto de sua
vida a praticar atos piedosos. Um conhecimento mais amplo da Bíblia fez-lhe
perceber a corrupção no sistema religioso que então predominava e levou-o por
fim a repeli-lo como cristão. Entretanto estava também ansioso por livrar
outros do estado tenebroso em que ele também se encontrara havia ainda tão
pouco tempo, e começou a andar por um lado e outro, a fim de pregar as riquezas
insondáveis de Cristo. Um dos seus adversários, Stephanus de Borbonne, informa-nos
que Waldo era aplicado ao estudo dos primeiros ensinadores da igreja e prestava
muita atenção à leitura da Bíblia, e por isso tornou-se tão familiar com este
livro, que tinha tudo gravado na memória, e determinou procurar aquela
perfeição evangélica que distinguiu os apóstolos. Stephanus informa-nos mais
que, tendo vendido todos os seus bens, e distribuído aos pobres o dinheiro
resultante dessa venda, o piedoso negociante foi por diversos sítios pregando o
evangelho e as coisas que sabia de cor, nas ruas e praças públicas. Entre
outras coisas contadas pelo mesmo escritor, lemos que reunia à roda de si
homens e mulheres de todas as classes, mesmo das mais humildes, e
confirmando-os no conhecimento do Evangelho mandava-os pelos países vizinhos
para pregarem. Mas os passos que Waldo deu para a tradução dos Evangelhos em
língua vulgar serão sempre considerados como a sua maior obra. Sem isto nunca
poderia ter mandado para fora do país, com palavras de vida, os seus
discípulos, porque eram ignorantes e as Sagradas Escrituras só se podia obter
na língua latina.
A sua fidelidade, porém não
podia deixar de ter oposição, e a notícia deste grande fato provocou logo a
oposição do Vaticano. Enquanto Waldo se contentou com a insignificante tarefa
de reformar a vida do clero, não sofreu grande oposição, mas logo que tirou da
bainha aquela terrível arma, a Palavra de Deus, e a colocou nas mãos do povo,
declarou-se inimigo de Roma. Colocar uma Bíblia aberta nas mãos dos leigos era,
nem mais nem menos que perturbar os próprios fundamentos do papismo, porque a
Palavra de Deus era o maior adversário de Roma. O papa foi por isso muito
pronto e decisivo, e mandou publicar uma excomunhão contra o honrado
negociante. Ainda assim, a despeito da bula de Alexandre, Waldo ficou em Lyon
mais três anos, muito ocupado a pregar e distribuir as Sagradas Escrituras, e
por este tempo, vendo o papa que as medidas que tinha adotado não produziam
efeito, estendeu as suas ameaças a todos os que estivessem em contato com o
herege. Foi então que Waldo, por causa dos seus inimigos, deixou a cidade e
durante os quatro anos que ainda viveu foi como peregrino na face da terra,
tendo, contudo, sido sempre guardado pela providência de Deus de ser vítima da
Perseguição de Roma, e morreu de morte natural no ano 1179.
A dispersão dos adeptos de
Waldo (os "Homens pobres de Sião") depois da morte dele contribuiu
muito para que o Evangelho se espalhasse, e muitos deles encaminharam-se para
os Alpes, entre os quais estão situados os vales dos Vaudois. Ali, com grande alegria
sua, encontraram uma colônia de cristãos que professava idéias muito semelhantes
às deles e que davam, pelo seu modo de vida e conversa, um belo exemplo, tanto
de fraternidade cristã como de felicidade doméstica. Foram recebidos por esses
crentes simples, de braços abertos, e até lhes permitiam morar na sua colônia,
e deste modo participar da felicidade deles e, dentre pouco tempo, partilharam
também dos seus sofrimentos. Deixemo-los ali por enquanto e lancemos a vista a
outros que estavam dentro do grêmio da igreja de Roma, cujos nomes têm alguma
importância nas memórias eclesiásticas do século.
Nomearemos quatro entre eles:
Bernardo de Clairvaux, Abelard, Arnaldo de Brescia e Tomaz A. Becket. Apesar de
estes não serem tão ortodoxos como muitos partidários de Roma poderiam ter
desejado.
De Bernardo de Clairvaux já
falamos, e de um modo bastante desfavorável; mas, apesar do seu zelo contra os
adeptos de Henrique e Pedro de Bruys, parece ter sido um homem de alguma
piedade, pois censurou sem receio os abusos e os crimes do clero, a vida
luxuriosa dos bispos, e sua embriaguez; as suas carruagens ricas, as suas
baixelas de alto preço, as suas esporas de ouro. Tudo isso caiu sobre a censura
da sua pena! Também não teve escrúpulo de falar dos padres como servos do
Anticristo; dos abades como sendo mais senhores de castelos do que padres de
mosteiros, mais príncipes de províncias do que dirigentes de almas. Na
verdade a influência de Bernardo era enorme e, talvez, não tivesse igual.
Abelardo era francês, e
tornou-se notável por ser o primeiro homem que ensinou teologia publicamente
sem ter ordens de padre. Da parte romântica da sua história não estamos
dispostos a tratar, mas, ainda assim, há nela o bastante para nos comover e
excitar uma certa admiração pelo homem. Contudo, foram os poetas e não os
teólogos que disseram as melhores coisas a seu respeito. Podemos considerá-lo,
porém, como um sábio eclesiástico, e como tal ele leva a palma a todos os seus
contemporâneos. Vinha gente de grandes distâncias, pronta a atravessar mares e
montanhas e a se sujeitar a muitos inconvenientes conquanto tivesse o
privilégio de o ouvirem. Mas nas suas pregações o raciocínio, em grande parte,
tomava o lugar da fé, a ponto de afastar do bom caminho, até no que diz respeito
a alguns princípios fundamentais do cristianismo. Por fim a sua
grande popularidade despertou a animosidade de Roma, e o grande sábio
retirou-se mais tarde para o mosteiro de Clugny onde foi muito bem recebido
pelo respectivo abade. Morreu no ano 1142.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
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