História Do Cristianismo -
Teologia 32.200
LUTERO NUM MOSTEIRO
Vamos agora encontrá-lo no
mosteiro dos frades agostinhos, em Erfurt, e como tudo está mudado! Quando o
deixamos era ele um inteligente estudante de Direito, um bacharel de artes, e
o ídolo da Universidade; agora é um monge, e o mais íntimo entre eles. Aquele
que outrora tinha pronunciado discursos e tomado parte em discussões sábias
era agora o criado da sua ordem, e tinha de limpar as celas, dar corda ao
relógio, e varrer a capela do mosteiro! Contudo Lutero sujeitava-se a estes
trabalhos penosos, inerentes à sua nova posição, sem se queixar; a luta moral
porque estava passando quase lhe fazia esquecer a degradação. Muitas vezes,
quando sentia a sua alma apoquentada, deixava seu trabalho para ir à capela do
mosteiro, onde estava guardada a Bíblia, e ali procurava o alimento espiritual
de que carecia. E era só nestas ocasiões que ele podia estudar a Palavra de
Deus.
Mais tarde, porém, foi nomeado
para a cadeira de teologia e filosofia de Wittenberg, que se achava vaga. A
nomeação foi feita por Staupitz, vigário geral da ordem agostinha de Saxônia, por
conselho de Frederico, o Sábio, Eleitor de Hanover. Lutero era agora até um
certo ponto senhor do seu tempo, e podia dedicar-se mais ao estudo da Bíblia.
A solidão de sua cela era muito conveniente para esse fim, e ele estudava com
um zelo pouco vulgar. Fazia esforços extraordinários para reformar o seu modo
de viver, e para expiar o passado por meio de orações e penitências, e foram
muitos os votos que ele fez para se abster de pecado, mas estes esforços nunca
o satisfizeram, e quebrava sempre os seus votos. "É em vão", dizia
Lutero tristemente a Staupitz, "que eu faço tantas promessas a Deus: o
pecado é sempre o mais forte". Staupitz discutia brandamente com ele, e
falava-lhe do amor de Deus e que Deus não estava zangado com ele, como Lutero
supunha; mas o monge continuava desconsolado. "Como posso eu ousar crer na
graça de Deus", dizia ele, "se é certo que ainda não se operou em mim
uma conversão? Preciso necessariamente mudar de vida para ser aceito por
Ele".
A sua ansiedade tornou-se mais
profunda do que nunca, e os seus esforços para apaziguar a justiça divina
continuavam com um zelo incansável. "Eu era na realidade um monge
piedoso", escreveu anos depois, "seguia os preceitos da minha ordem
com mais rigor do que posso exprimir. Se fosse possível a um monge obter o Céu
por suas obras monacais eu era, certamente, um dos que tinha direito a isso.
Todos os frades que me conheceram podem ser testemunhas. Se tivesse continuado
por muito mais tempo as minhas penitências ter-me-iam levado à morte, a força
de vigílias, orações, leituras e outros trabalhos".
O monge tinha ainda, de
aprender a significação destas palavras: "Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8,9).
As repetidas conversações com
Staupitz davam-lhe uma certa esperança, e de vez em quando sentia um estremecimento
de alegria, e o seu coração ganhava confiança. Mas a lembrança dos seus pecados
tornava a voltar e a sua alma perturbada tremia de horror ao pensar no
julgamento a que tinha de comparecer. "Oh! os meus pecados! Os meus
pecados!" exclamou ele um dia diante do vigário geral; e quando Staupitz
lhe falou em Cristo como o Salvador do pecado e da impureza, as suas palavras pareciam
ser um mistério impenetrável para o pobre monge.
Por fim a sua saúde
ressentiu-se de tal maneira por tão repetidas vigílias e mortificações que
chegou a estar às portas da morte. E então aos seus outros receios juntava-se
mais o terror do seu próximo fim, e o medo do julgamento futuro mergulhava-o
num abismo ainda mais profundo.
Que lhe aconteceria se morresse
sem estar salvo? Que aconteceria se morresse nos seus pecados? Ainda não tinha
uma certeza completa de misericórdia divina; aqueles pecados ainda não tinham
sido postos de parte, e ele receava levar para a sepultura o peso deles.
Nesta triste condição foi um
dia visitado na sua cela por um monge piedoso, que lhe disse algumas palavras
de consolação. Lutero, vencido pela bondade dessas palavras, abriu o seu
coração ao velho monge, mal imaginando o que havia de resultar daí. O monge não
podia segui-lo em todas as suas dúvidas, mas repetiu-lhe ao ouvido uma frase do
Credo dos Apóstolos que muitas vezes o tinha consolado:
"Creio na remissão dos
pecados". Foi esta uma mensagem de Deus para a alma de Lutero, e
agarrou-se àquelas palavras com uma energia quase desesperada. "Eu
creio", repetia ele para consigo, "eu creio na remissão dos
pecados".
Ouvindo-o repetir essas
palavras, o monge lembrou-lhe que a fé deve ser pessoal e não uma fé geral, que
não era bastante crer meramente no perdão dos pecados de Davi, ou dos pecados
de Pedro, mas sim no perdão dos seus próprios pecados. Todas estas palavras
soavam como música celestial aos ouvidos do trêmulo ouvinte, e quando o digno
ancião acrescentou, "Atendei ao que diz S. Bernardo, e ao testemunho que o
Espírito Santo produz no vosso coração, B que é este: "Os teus pecados te
são perdoados". A luz brotou naquele coração atribulado, e Lutero deu
graças a Deus por essas palavras serem verdadeiras com respeito a H ele
mesmo.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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