A noção ocidental
de homem como indivíduo tem como ponto de partida o pensamento grego.
Para
Sócrates e Platão, cada ente só pode ser definido se todos os seres do universo
estiverem classificados segundo certas articulações lógicas e ontológicas.
Definir um ente consiste então em tomar a categoria à qual ele pertence e
situar essa categoria no lugar ontológico que lhe corresponde.
Esse lugar
ontológico é determinado por dois elementos de caráter lógico: a categoria
próxima e a diferença específica.
Por eles se chega à definição de Aristóteles:
o homem é um animal racional.
Animal é a categoria próxima, na qual se inclui o
homem; racional é a diferença específica, por meio da qual se distingue conceitualmente
o homem dos outros animais.
Para a filosofia grega, o homem é um "ser
racional", ou melhor dito, um animal que possui razão.
Essa definição
implica dizer que o homem é uma coisa cuja natureza consiste em poder dizer o
que são as outras coisas.
Ou seja, a razão permite ao homem definir-se e
definir o conjunto do universo.
Os gregos admitem
que o homem tenha sido "formado", e também que sua formação tenha
obedecido a condições especiais em relação aos demais seres, mas rejeitam a
hipótese da criação.
A visão do homem como ser criado é comum ao judaísmo e ao
cristianismo e exerceu forte influência sobre todas as concepções filosóficas
relacionadas com essas religiões e também com o islamismo.
O homem seria,
então, uma criatura, ou seja, um ser cuja realidade não é própria, mas que foi
criado "à imagem e semelhança de Deus", o que lhe confere
superioridade em relação aos outros seres.
Para os gregos, o homem vive em dois
mundos: o mundo sensível, que ele apreende pelos sentidos, e o mundo inteligível,
que apreende pela razão, e onde se confirma sua realidade como ser
racional.
Na concepção judaico-cristã, o homem também se acha
suspenso entre dois mundos: o finito e infinito, o que opõe em uma mesma
natureza a insignificância e a imensa grandeza.
Afirma Pascal que "... a
natureza do homem pode ser considerada de duas maneiras: uma, segundo seu fim,
e então é grande e incomparável; outra, segundo a multidão, como se aprecia a
natureza do cavalo e do cão, e então é abjeto e vil.
Esses são os dois caminhos
que levam a julgamentos tão diversos do homem, e a tantas discussões dos
filósofos".
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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