História De Israel – Teologia 31.133
CAPÍTULO 3
FAVORES RECEBIDOS PELOS JUDEUS DOS REIS DA ÁSIA. ANTÍOCO, O
GRANDE, CONTRAI ALIANÇA COM PTOLOMEU, REI DO EGITO, QUE LHE
DÁ
CLEÓPATRA, SUA FILHA, EM CASAMENTO E DIVERSAS PROVÍNCIAS
COMO
DOTE, ENTRE AS QUAIS AJUDÉIA. ONIAS, SUMO SACERDOTE, IRRITA
O REI
DO EGITO PELA RECUSA EM LHE PAGAR TRIBUTO.
455. Os reis da Ásia trataram também os judeus com grande
honra, por causa das provas que estes, nas guerras, lhes davam de sua
fidelidade e coragem. Seleuco, cognominado Nicanor, deu-lhes o direito de
burguesia, tal como aos macedônios e aos gregos, em todas as cidades que
construiu na Ásia, na Baixa Síria e mesmo em Antioquia, que é a capital. Eles
desfrutam ainda hoje esse direito, pois, não querendo usar o óleo dos
estrangeiros, os que têm o encargo do comércio são obrigados a dar-lhes uma
certa soma de dinheiro no valor do óleo.
Os habitantes de Antioquia esforçaram-se, durante as últimas
guerras, por abolir esse costume. Mas Múcio, governador da Síria, impediu-o. E
esses mesmos habitantes e os de Alexandria não puderam obter dos imperadores
Vespasiano e Tito que os privassem de seu direito de burguesia. Nisso os
romanos, e particularmente esses dois grandes príncipes, mostraram a sua
justiça e generosidade. As tribulações que sofreram nas guerras contra nós e o
ressentimento pela nossa revolta não os persuadiram a tocar em nossos
privilégios. Em vez de se deixarem levar pela cólera e pelas instâncias de dois
povos tão importantes como o de Alexandria e o de Antioquia, eles tiveram mais
consideração aos antigos méritos de nossa nação que às ofensas que dela
receberam e ao desejo manifestado por nossos inimigos de nos maltratarem. E
deram-lhes esta razão, digna deles: aqueles dentre nós que tomaram armas contra
os romanos já haviam sido castigados por isso na mesma guerra, e não seria
justo privar de um direito adquirido com justo título os que não os haviam
ofendido.
Sabe-se também que Marco Agripa fez semelhante justiça aos
judeus, quando os jônios instaram com ele para privá-los do direito de
burguesia concedido por Antíoco, neto de Seleuco, ao qual os gregos dão o nome
de Deus. Pois, se quisessem ser tratados como eles, então que adorassem os
mesmos deuses. Esse assunto foi posto em deliberação, e os judeus, defendidos
por Nicolau de Damasco, ganharam a causa, sendo-lhes permitido continuar a
viver segundo as suas leis e costumes. O soberano declarou, até mesmo em favor
dele próprio, que não era permitido fazer inovação alguma. Se alguém desejar
saber mais particularmente como o assunto decorreu, terá apenas de ler os
livros cento e vinte e três e cento e vinte e quatro desse historiador.
E verdade que não há motivo de admiração pelo juízo
pronunciado por Agripa, pois não havíamos ainda tomado armas contra os romanos.
Mas sem isso não saberíamos admirar o bastante a grandeza da coragem de
Vespasiano e de Tito, os quais, depois de se haverem exposto a tantos perigos e
dificuldades na guerra que sustentamos contra eles, em vez de se deixarem levar
pelo ressentimento, procederam com tanta moderação e justiça. Devemos, porém,
retomar agora o fio de nossa narração.
456. Durante o tempo em que Antíoco, o Grande, reinava na
Ásia e fazia guerra a Ptolomeu Filopater, rei do Egito, e a seu filho, não
ainda vencedor nem vencido, a Judéia e a Baixa Síria sofriam do mesmo modo e
eram como um barco batido pelas ondas, pela boa ou má sorte desse príncipe.
Mas, por fim, Antíoco, vitorioso, submeteu a judéia. Após a morte de Ptolomeu
Filopater, Ptolomeu, seu filho, cognominado Epifânio, enviou contra a Síria um
grande exército, sob o comando de Escopas, que se apoderou de várias cidades e
pôs a nossa nação sob o domínio desse príncipe. Pouco tempo depois, Antíoco
venceu Escopas numa grande batalha perto da nascente do Jordão e reconquistou a
Síria e Samaria. Os judeus, então, entregaram-se inteiramente a ele, receberam
o seu exército na cidade, alimentaram os seus elefantes e ajudaram as tropas
que atacaram as guarnições deixadas por Escopas na fortaleza de Jerusalém.
Antíoco, para recompensá-los pela afeição que lhe haviam
demonstrado, escreveu aos generais de seu exército e aos seus mais féis
servidores, que disso sabiam, que resolvera gratificá-los. Transcreverei a
cópia da carta, depois de dizer de que modo Políbio Megalopolitano fala dela no
décimo sexto livro de sua história. Diz ele: "Escopas, general do exército
de Ptolomeu, entrou no inverno pela parte superior do país e submeteu os
judeus". Ele acrescenta pouco depois: "Quando Antíoco venceu Escopas,
tornou-se senhor das cidades de Samaria, Gadara, Batanea e Aíla, e
imediatamente os judeus que moram em Jerusalém, onde está o célebre Templo,
abraçaram o seu partido". Estas são palavras do próprio historiador.
A carta de Antíoco, após a qual retomarei o fio da história,
assim estava exarada: "O rei Antíoco, a Ptolomeu, saudação. Os judeus nos
testemunharam grande afeto logo que penetramos no seu território. Eles vieram à
nossa presença com os seus chefes, receberam-nos em sua cidade com toda espécie
de honras, deram alimento às nossas tropas e aos nossos elefantes e uniram-se
aos nossos contra a guarnição egípcia da fortaleza de Jerusalém. Cremos que é
dever de nossa bondade manifestar-lhes a nossa gratidão. Assim, para lhes
darmos os meios de repovoar a sua cidade, que tantos revezes tornaram deserta,
e para lá reunir os anciãos esparsos por diversas nações, ordenamos o que
segue. Primeiramente que, em favor da religião e por um sentimento de piedade
lhes seja dada a importância de vinte mil peças de prata, para a compra de
animais para os sacrifícios, e medidas de trigo recolhidas na província, para
delas se tirar a flor da farinha, e trezentos e sessenta e cinco medidas de
sal. Queremos também que lhes sejam fornecidos todos os artigos de que
necessitarem para a reparação das portas e das outras dependências do Templo e
que a madeira, que para esse fim será obtida da Judéia, das províncias vizinhas
e do monte Líbano, não pague tributo, bem como todos os outros materiais de que
tiverem necessidade para a reedificação do Templo. Permitimos também aos judeus
viver segundo as suas leis e costumes e isentamos os seus governadores,
sacerdotes, escribas e cantores do tributo ordenado por cabeça, do presente que
costumavam oferecer ao rei — uma coroa de ouro — e de tudo o mais em geral. E,
para que a cidade de Jerusalém possa ser mais rapidamente repovoada, isentamos
também de todo tributo, durante três anos, todos os que nela residem agora e os
que vierem habitá-la no mês de hiperbereteom. Diminuímo-lhes, para futuro, o
terço de todos os tributos, em consideração às perdas que sofreram. Queremos
ainda que todos os cidadãos que foram aprisionados e feitos escravos sejam
postos em liberdade com seus filhos e restaurados em todos os seus bens".
O príncipe não se contentou em escrever essa carta, mas,
para mostrar o seu respeito pelo Templo, fez um edito contendo o que segue: que
jamais seria permitido a um estrangeiro lá penetrar sem o consentimento dos
judeus, assim como ao judeu que não se tivesse purificado segundo o que a Lei
determina; que não se levaria à cidade carne de cavalo, de mula ou de asno,
quer domesticado, quer selvagem, de pantera, de raposa, de lebre ou de qualquer
outro animal imundo que fosse proibido comer entre os judeus; que nem mesmo se
levariam as suas peles e não se criaria nenhum deles, mas somente animais de
que os seus antepassados estavam acostumados a se servir para os sacrifícios,
sob pena de os contraventores pagarem uma multa de três mil dracmas de prata em
favor dos sacerdotes.
O mesmo príncipe deu-nos ainda outra prova de seu afeto e da
confiança que depositava em nós, pois, quando soube que havia rebelião na
Frígia e na Lídia, escreveu a Zêuxis, que comandava o seu exército nas
províncias superiores e era o mais querido de seus generais, que mandasse para
a Frígia alguns dos judeus que moravam em Jerusalém.
Assim estava escrita a sua carta: "O rei Antíoco a
Zêuxis, seu pai, saudação. Tendo sabido que alguns provocam rebelião na Frígia
e na Lídia, julgamos que esse assunto merece a nossa atenção e cuidado. Depois
de termos tratado disso em nosso conselho, julgamos conveniente mandar para lá,
aos lugares onde seja mais necessário, uma guarnição de dois mil judeus dentre
os que moram na Mesopotâmia e na Babilônia, porque a sua piedade para com Deus
e as provas que os reis nossos prede-cessores receberam de seu afeto e de sua
fidelidade nos dão motivo para crer que eles nos serão muito úteis. Assim, é
nosso desejo que, não obstante todas as dificuldades, os encaminheis para lá.
Que vivam segundo as suas leis e se lhes dêem espaço para construir e terras
para cultivar e plantar vinhas, sem que sejam obrigados, durante dez anos, a
contribuir com qualquer coisa dos frutos que colherem. Queremos também que lhes
forneçais o trigo de que precisarem para viver até que tenham colhido o fruto
de seu trabalho, a fim de que, depois de receberem tantas provas de nossa
benevolência, nos sirvam ainda de melhor vontade. Recomendamos que tomeis
grande cuidado deles, de modo que ninguém se atreva a lhes causar
desprazer".
457. Isso basta para
mostrar o afeto de Antíoco, o Grande, pelos judeus. Esse príncipe fez aliança
com Ptolomeu, rei do Egito, e deu-lhe Cleópatra, sua filha, em casamento. E,
como dote, entregou-lhe a Baixa Síria, a Fenícia, a judéia e metade dos
tributos de suas províncias, pagos pelos principais habitantes a esses dois
reis, que entregavam a soma aos seus tesouros.
458. Ao mesmo tempo,
os samaritanos, que então eram poderosos, causaram muitos males aos judeus,
quer por devastações no campo, quer por fazerem prisioneiros. Onias, filho de
Simão, o justo, e sobrinho de Eleazar, havia sucedido no cargo de sumo
sacerdote a Manasses, que o havia ocupado depois da morte de Eleazar. Onias era
um homem de pouco Espírito e tão avaro que não queria pagar o tributo de vinte
talentos de prata que seus predecessores estavam acostumados a pagar ao rei do
Egito. Ptolomeu, cognominado Evérgete, pai de Filopater, ficou tão irritado com
isso que mandou Ateniom, que desfrutava grande prestígio perante ele, a
Jerusalém para ameaçá-lo de entregar o país ao saque de suas tropas se ele não
cumprisse a obrigação. E ele foi o único dentre os judeus que não se
atemorizou, pois seu amor pelo dinheiro o tornava insensível a tudo o mais.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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