Que estão a fazer as nossas igrejas,
em geral? O enfoque, quase exclusivo, é
no evangelismo--será que não? Estamos a fim de "ganhar almas", de ver
as pessoas convertidas. (Isso nas igrejas que ainda têm compromisso com a
Bíblia; certas outras não passam de clubes sociais e já estão nas mãos do
inimigo.) Nas igrejas "tradicionais" ou "históricas" o novo
convertido deve freqüentar os cultos e participar da vida da igreja; querendo
ser bom mesmo passa a ser dizimista. Já nas igrejas "pentecostais" ou
"renovadas" o novo convertido deve também procurar "a segunda
benção"; sendo "batizado no Espírito" aí chegou mesmo. Mas quem
está fazendo discípulos no sentido que Jesus mandou?
Qual
será o resultado prático desse enfoque nosso? É exatamente aquele quadro
calamitoso que já comentamos: meio mundo sem ouvir uma vez o Evangelho de
Cristo; um terço das etnias sequer tem porta-voz de Cristo ainda. É claro. O
enfoque de apenas ganhar almas enche as igrejas de crianças, crianças
espirituais (não tem nada a ver com a faixa etária da pessoa). Pois bem, e
daí? Daí, criança trabalha? Criança não
trabalha, dá trabalho (e como!). Amados
irmãos, estamos diante duma questão do tamanho do mundo, literalmente. Embora
possa doer, precisamos avaliar objetiva e corajosamente este assunto--o destino
eterno do mundo está em jogo.
Menor
Abandonado Não é Negócio!
Que devemos pensar de um homem que
no âmbito físico anda gerando filhos sem ter a menor preocupação com a
alimentação, o abrigo, a educação, enfim o cuidado desses filhos? Com toda
justiça tacharemos esse homem de irresponsável, de inimigo da nossa sociedade.
Sim, porque ele está introduzindo menores abandonados na sociedade, e
estatisticamente muitos deles (provavelmente a maioria) passarão a ser
marginais e criminosos. Menor abandonado não é negócio! Gostaria de sugerir
para a reflexão cuidadosa do leitor que existe uma analogia quase perfeita
entre o âmbito físico e o âmbito espiritual nesta área.
Quando
trazemos à luz filhos espirituais (por assim falar), mas não os discipulamos,
não os levamos a fazer uma entrega sem reservas a Jesus, não os levamos à
condição de adultos na fé, então acarretamos uma série de conseqüências
negativas. Que é que mais faz pastor
envelhecer antes da hora? São os incrédulos lá fora, ou é a criancice dentro da
igreja? É claro que é a criancice espiritual na igreja. (Observar de passagem
que às vezes a justiça se faz, pois quando o pastor só prega mensagens
evangelísticas o maior culpado é ele mesmo, pois não apascenta as ovelhas.
Comida de bode não serve para ovelha.)
Ao
fazer evangelismo pessoal, qual a desculpa que mais se ouve quando alguém quer
se livrar? Ele não apela para a vida de crente Fulano, Beltrano ou Cicrano? É a
criancice espiritual na igreja. E depois tem os "gatos
escaldados"--são aqueles que dizem, "já fui crente". Que será
que aconteceu com ele? Presumivelmente ouviu a pregação, atendeu ao apelo,
seguiu as instruções dadas e deu sinais de vida, participando nas atividades da
igreja. Mas aí Satanás deu em cima dele, a vida de crente não foi aquele
"mar de rosas", houve mais problemas do que bênçãos. E como ninguém explicou a razão das coisas, como
ninguém o discipulou aí ele começou a desanimar, ficar perplexo, se sentir
iludido e abandonado. Daí ele vai se distanciando e quando menos espera já está
longe. Agora é "gato escaldado" pois já foi vacinado. Reconquistar
uma pessoa assim dá mão de obra, sem comentar todos os reflexos negativos que
se espalham pela vizinhança.
Quando
pensamos nos povos não alcançados o problema da criancice espiritual nas
igrejas se faz sentir de forma bem aguda. Precisamos de soldados, e para tanto
criança não serve. Via de regra nem vai se oferecer (ainda bem). Mas acontece
que nem todos os que se apresentam, e que acabam sendo enviados aos campos
missionários, são discípulos--alguns deles pouco passam de criança. E se
criança pega em serviço de homem, por acaso o serviço vai sair bem feito?
Dificilmente. A criança, coitada, está fazendo por onde, mas não tem a força, o
saber, a experiência e a capacidade dum homem. É criança. O mundo perdido está
à espera de adultos, gente grande, discípulos.
Amados
irmãos, sejamos pais responsáveis! é simplesmente uma falta de responsabilidade
terrível trazer à luz filhos (no ^âmbito espiritual também) sem assumir as
conseqüências naturais e necessárias--alimentar, proteger, educar e levar os
mesmos à condição de adulto. Menor abandonado
não é negócio. Creio que vem muito ao caso o exemplo do nosso Mestre.
O
Exemplo de Cristo, e de Paulo
Como
fez o Senhor Jesus durante seus três anos de ministério público aqui na terra?
Com quem Ele gastou a maior parte do tempo? Não foi com doze homens? Andaram
juntos, comeram juntos, dormiram no mesmo lugar, e estavam a ouvir e observar
tudo que o Mestre fazia, durante uns dois anos. E Jesus jogou tudo naquele
"time", naqueles homens. Quando Ele voltou para o Céu o futuro da
Igreja estava nas mãos deles. Se tivessem fracassado de uma vez a Igreja
acabava por lá mesmo, logo no início.
Mesmo quando Jesus lidava com o povo, como fazia? Ele promovia campanha
evangelística? Não consta. O que o Texto Sagrado registra é que o que Ele fazia
mais era ensinar o povo, às vezes o dia inteiro. Pois Jesus queria discípulos.
Em qualquer época o bem-estar da Igreja depende dos discípulos que existirem.
Parece
que o Apóstolo Paulo, pelo menos, entendeu o exemplo e a estratégia de Cristo,
pois também cuidou de fazer discípulos. Ao despedir-se da igreja de Éfeso ele
afirmou, "nada que útil seja deixei de vos anunciar e ensinar,
publicamente e de casa em casa" (Atos 20:20), e novamente, "nunca
deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus" (Atos 20:27). Paulo não se
detinha numa mensagem meramente evangelística--queria discípulos. Tudo indica
que a motivação maior ao escrever suas cartas era levar os convertidos à
condição de discípulos. Só para exemplificar podemos citar Colossenses 1:28. Falando de Cristo, Paulo escreve: "A
quem anunciamos, admoestando a todo homem e ensinando a todo homem em toda a
sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo. "
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FAZER DISCÍPULOS, NÃO MERAMENTE CONVERTIDOS PART 1/6
FAZER DISCÍPULOS, NÃO MERAMENTE CONVERTIDOS PART 2/6
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Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine o nosso entendimento
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