Geografia Bíblica - Teologia 25.55
Ao rejeitar o seu Cristo, os judeus disseram:
"Caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos!" (Mt 27.25.)
Essas duras e irresponsáveis palavras foram pronunciadas ante Pôncio Pilatos
que pretendia indultar alguém por ocasião da Páscoa. Ao pedir que escolhessem
entre Jesus e
Barrabás. eles não titubearam. Com os
seus corações cheios de ódio, optaram por um salteador e entregaram o bondoso
-Jesus à morte.
Com essa insana escolha, os filhos de
Abraão começavam a escrever um dos mais tristes e funestos capítulos de sua
atribulada história. O sangue do Nazareno começaria a cair-lhes sobre a cabeça
a partir do ano 70 d.C, com a destruição de Jerusalém e do Templo pelos
romanos.
Nessa época, o Cristianismo já havia
alcançado os mais longínquos rincões do Império Romano. A religião do Nazareno,
inclusive, já havia conquistado considerável terreno na luxuriante e orgulhosa
Roma.
Na Judéia, enquanto isso, os israelitas
foram obrigados a suportar toda a sorte de arbitrariedade das autoridades
romanas. O governador Gesius Florus, por exemplo, assumiu o poder com o
espírito eivado de preconceitos contra os judeus. O carrasco, como era
conhecido, quebrantou as leis mosaicas e desrespeitou, acintosa e publicamente,
as mais caras tradições do povo de Israel. Para esse procurador, os hebreus
não passavam de um bando de fanáticos e desequilibrados.
Em Cesaréia, os gregos, vendo a forma
como Florus tratava os judeus, começou a persegui-los com redobrado fervor. A
vida da comunidade judaica, nessa cidade, transformou-se num inferno. Os
israelitas nem mesmo podiam adorar a Deus. Em frente às sinagogas, os helenos
promoviam grandes tumultos, impedindo a realização dos ofícios religiosos.
Uma delegação judaica foi enviada a
Gesius Florus para pedir-lhe proteção. O governador romano, no entanto,
ordenou a matança dos representantes judeus.
A notícia da aflição dos israelitas de
Cesaréia chegou a Jerusalém e causou profunda comoção. Os zelotes entraram em
ação e iniciaram uma guerra de guerrilhas contra as forças romanas.
Deteriorou-se a situação quando Florus exigiu 17 talentos de ouro que se
encontravam no Templo.
A partir daí, alastrou-se o conflito
romano-judaico.
O governador da Síria, Céstius Gallus,
viajou a Jerusalém para investigar as causas do levante. Sua presença, no
entanto, provocou profundo mal-estar, por incorporar a 80 imagem da opressora
Roma. Embora estivesse acolitado por poderoso exército, foi ele obrigado a
deixar a cidade. Após sofrer vergonhosa e fragorosa derrota, refugiou-se no
território sírio.
Os nacionalistas judeus, entusiasmados
com essa vitória, preparam-se para novos combates. Inicialmente, apenas os
pobres compunham os quadros da resistência. Com os primeiros sucessos, porém,
os ricos e nobres passaram, com o mesmo ímpeto, a atacar os exércitos romanos.
O historiador Flávio Josefo, de origem aristocrática, encontrava-se entre os
combatentes judeus.
Nero foi notificado do levante na Judéia,
quando se encontrava na Grécia assistindo aos jogos olímpicos e participando
de alegres festas. Para sufocar a rebelião, enviou à Palestina um de seus mais
competentes militares. Estrategista de primeira grandeza, o general Vespasiano
começa a tomar cidade após cidade dos revoltosos. Quando preparava-se para
sitiar Jerusalém, foi chamado às pressas à capital do império. Com a morte do
desvairado Nero, foi ele aclamado imperador.
A tarefa de sitiar e tomar a Cidade Santa
é entregue, então, ao filho de Vespasiano. Com a mesma determinação do pai, o
general Tito lança-se sobre Jerusalém, no ano 70 d.C.
O historiador israelita, Simon Dubnow,
narra-nos, com vivas cores, como a mais amada das cidades judaicas foi
destruída:
"...a fome se alastrava cada vez
mais por Jerusalém; os cereais armazenados já se haviam esgotado há muito
tempo; os ricos entregavam suas propriedades e os pobres seus últimos pertences
em troca de um pedaço de pão. Histórias terríveis se gravaram na memória do
povo a respeito dos acontecimentos daqueles dias. Martha, a abastada viúva do
sumo sacerdote Jesus Ben Gamaliel, em cuja passagem, quando se dirigia ao
Templo, se estendiam, outrora, preciosos tapetes, se via agora na contingência
de aliviar sua fome com restos recolhidos nas ruas; outra mulher rica, levada
pela fome, degolou o próprio filhinho para comê-lo. As ruas estavam repletas
de cadáveres e de gente desfalecida, e não havia tempo para enterrar os mortos.
Os cadáveres espalhados por toda a parte empestavam o ar. A fome, a epidemia e
as setas do inimigo provocaram a ruína nas fileiras dos defensores; mas os que
ainda resistiam não perdiam as esperanças. Este heroísmo e pertinácia do povo
assombrou até os heróicos romanos. Finalmente, eles dirigiram suas máquinas de
assédio contra as fortificações do Templo. Quando os romanos tomaram a Torre
Antônia, descobriram repentinamente espessas muralhas que circundavam o
Templo, e, como fosse impossível derrubá-las, Tito ordenou que se incendiassem
os portões exteriores, dos quais partia uma série de colunas que chegavam até o
próprio Templo; os guerreiros judeus lutaram como leões, e cada passo para o
Templo custava ao inimigo rios de sangue.
"De repente, um soldado romano
agarrou um lenho ardente e lançou-o ao interior do Templo, através de uma janela.
As portas de madeira das salas do Templo se inflamaram e logo todo o Templo se
achava envolto em chamas. Tito, que se dirigiu imediatamente para o lugar atingido,
proferiu aos soldados, em altas vozes, a ordem de sufocar o incêndio e salvar
o esplêndido edifício. Mas devido ao estrépido ensurdecedor das construções que
caíam, aos gritos desesperados dos sitiados e ao ruído das armas, tornou-se
impossível perceber a voz do chefe. Os enfurecidos romanos lançaram-se sobre as
câmaras não afetadas ainda pelo fogo, com o fim de roubar os tesouros ali
acumulados, mas somente puderam penetrar pisando os cadáveres dos guerreiros
judeus, que lhes opunham uma grande resistência no meio das labaredas. Então,
os vencedores deram livre expansão à sua cólera. Velhos, mulheres e crianças
foram assassinados sem compaixão; muitos hebreus encontraram a morte nas
chamas, às quais se precipitaram valentemente. O Templo, orgulho da Judéia,
transformou-se em um monte de escombros, sendo destruído na mesma data (nove e
dez de Aw) em que fora destroçado antigamente o primeiro templo por
Nabucodonosor. Dos objetos contidos no Templo, só permaneceram intatos o candelabro,
a mesa sagrada e um rolo da Tora. Tito ordenou levá-los e conservá-los como
lembrança de seu triunfo. "Com a ruína de Jerusalém, desmembrou-se por
completo o Estado Judeu. Esta luta tão singular na história, luta entre um
Estado minúsculo e o Império mais poderoso do mundo, absorveu uma infinidade de
vítimas e cerca de um milhão de judeus pereceu na guerra com os romanos (66-70)
e uns cem mil foram feitos prisioneiros. Desses cativos, alguns foram mortos,
outros enviados a trabalhos forçados ou vendidos como escravos nos mercados da
Ásia e África; mas os mais fortes e belos ficaram para lutar com feras nos
circos romanos e acompanhar Tito em sua solene entrada em Roma. Sempre que Tito
celebrava o aniversário de seu pai e de seu irmão, organizava jogos militares
e lutas de gladiadores, nos quais se arrojavam muitos judeus às feras do circo,
para que os destroçassem, divertindo o público."
Para comemorar a sua vitória, o imperador
Vespasiano ordenou a cunhagem de moedas especiais que traziam uma mulher
acorrentada e a seguinte expressão: "Judéia cativa, Judéia vencida."
Poucos anos após a queda de Jerusalém,
judeus e romanos voltariam a enfrentar-se. O renhido combate foi travado em Massada. Mostrando
mais uma vez sua audácia e coragem, a resistência judaica preferiu
autodestruir-se, a entregar-se ao opressor romano. A partir de então, toda a
Judéia passou a pertencer aos imperadores romanos, que passaram a doar seus
lotes ou vendê-los.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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