História De Israel – Teologia 31.64
CAPÍTULO 5
SAUL É FEITO REI SOBRE TODO O POVO DE ISRAEL. MODO COMO É
LEVADO A SOCORRER OS HABITANTES DE JABES, SITIADOS POR NAÁS, REI DOS AMONITAS.
223. 1 Samuel 9. Quis, que era da tribo de Benjamim e muito
virtuoso, tinha tanta inteligência e coração que podia passar por homem
extraordinário. Perderam-se as suas jumentas, que ele criava por serem muito
belas, e ele determinou que Saul, seu filho, com um dos criados, fosse
procurá-las. Saul partiu e, depois de as ter buscado inutilmente, tanto na sua
tribo quanto nas outras, resolveu voltar para casa, temendo que o pai estivesse
apreensivo por sua causa.
Quando estava perto de Rama, o servo disse-lhe que naquela
cidade havia um profeta que sempre dizia a verdade e aconselhou-o a ir
procurá-lo para saber o que havia acontecido às jumentinhas. Saul respondeu que
nada tinha para lhe dar, pois gastara todo o dinheiro na viagem. O servo disse
que ainda tinha a quarta parte de um sido, que podia dar ao profeta, pois sabia
que jamais ele se aproveitava de pessoa alguma. Quando chegaram às portas da
cidade, encontraram algumas moças, que iam à fonte. Saul perguntou-lhes onde
morava o profeta, e elas o disseram, acrescentando que se ele o queria ver
deveria apressar-se, a fim de falar-lhe antes que ele se pusesse à mesa, pois
ia oferecer um jantar a várias pessoas.
No entanto era justamente para Saul que Samuel organizara
tal refeição, pois, tendo passado todo o dia anterior em oração, para pedir a
Deus que lhe fizesse conhecer quem seria o rei, Deus lhe respondera que, no dia
seguinte, à mesma hora, lhe enviaria um moço da tribo de Benjamim, que devia
ser o escolhido. Estava então assentado no terraço de sua casa, esperando a
hora que Deus marcara, para então ir à mesa, depois que o moço tivesse chegado.
Quando Saul se aproximou, Deus revelou a Samuel que aquele era o escolhido.
Saul saudou-o e perguntou onde morava o profeta, pois, sendo
estrangeiro, não o sabia. Samuel respondeu-lhe que era ele mesmo. Convidou-o
para jantar e disse-lhe, enquanto caminhavam, que não somente encontraria as
jumentas que há tanto tempo procurava, mas se tornaria rei e seria assim
cumulado de toda sorte de bens. Respondeu-lhe Saul: "Vós zombais de mim,
pois não tenho tal pretensão nem posso conceber tais esperanças. A tribo a que
pertenço não é tão importante, para ter reis, e a família de meu pai é uma das
menores dentre as de minha tribo". Quando chegou à sala, Samuel fê-lo
sentar-se acima de todos os outros, mais ou menos umas setenta pessoas, mandou
colocar o servo junto dele e ordenou aos que serviam à mesa que dessem a Saul
uma porção real.
1 Samuel 10. À hora da saída, todos os convidados partiram
para as suas casas, e o profeta conservou apenas Saul para pousar em sua
residência. No dia seguinte, ao despontar do dia, levou-o para fora da cidade e
disse-lhe que ordenasse ao seu servo para seguir adiante, porque tinha algo a
lhe dizer em particular. Ele o fez, e então Samuel derramou-lhe sobre a cabeça
o óleo que levava num vaso, abraçou-o e disse: "Deus vos constitui rei
sobre o seu povo, para vingá-lo dos filisteus. E, como sinal de que o que vos
digo de sua parte é verdade, encontrareis ao partir daqui, no vosso caminho,
três homens que estão indo adorar a Deus em Betei, o primeiro dos quais leva
três pães, o segundo, um cabrito, e o terceiro, uma garrafa de vinho. Eles vos
saudarão muito cordialmente e vos oferecerão dois pães, que deveis aceitar. De
lá ireis ao sepulcro de Raquel, e um homem comparecerá à vossa presença e vos
dirá que as jumentas foram encontradas. Quando tiverdes chegado à cidade de
Gibeá, encontrareis um grupo de profetas. Deus vos encherá de seu Espírito, e
profetizareis com eles. E todos os que vos ouvirem dirão, com espanto: 'Como
tão grande felicidade coube ao filho de Quis?' Quando todas essas coisas se
houverem realizado, não podereis mais duvidar de que Deus não esteja convosco.
Então ireis saudar o vosso pai e todos os vossos parentes e voltareis para
junto de mim, em Gilgal, a fim de oferecermos a Deus sacrifícios em ação de
graças".
Depois assim falar, Samuel despediu-o, e nada do que ele
havia predito deixou de se verificar. Depois que Saul voltou para casa do pai,
um de seus parentes, de nome Abenar, a quem ele amava mais que aos outros,
perguntou-lhe como fora a viagem. Saul contou-lhe tudo, menos o que se referia
à realeza, de que não lhe quis falar, temendo não ser levado a sério ou mesmo
despertar inveja. Assim, embora fosse seu parente e amigo, julgou melhor
conservar o assunto em segredo. A fraqueza dos homens é tão grande que muito
pouco se pode confiar em sua amizade. Eles não são capazes de ver, sem inveja,
a felicidade dos outros, ainda que sejam parentes e amigos e a despeito de
saberem que tal acontece por graça particular de Deus.
224. Samuel então reuniu o povo em Mispa e falou: "Eis
o que Deus me encarrega de dizer-vos, de sua parte: 'Quando gemíeis sob o jugo
dos egípcios, eu vos libertei da escravidão. Libertei-vos também da tirania dos
reis vossos vizinhos, que vos venceram tantas vezes. Agora, como gratidão pelos
meus benefícios, não quereis mais ter-me por vosso rei, não quereis mais ser
governados por aquEle que, sendo infinitamente bom, somente vos pode tornar
felizes sob o seu governo. Abandonais o vosso Deus para elevar ao trono um
homem, que usará do poder que lhe dareis para tratar-vos como animais, segundo
as suas paixões e a sua fantasia, pois, como podem os homens ter tanto amor
pelos homens quanto eu, de quem eles são obra?'"
Depois dessas palavras, Samuel acrescentou: "Já que é
vosso desejo e não temeis fazer tão grande ultraje a Deus, arranjai-vos então,
segundo as vossas tribos e famílias, e que se lance a sorte". Fizeram-no,
e ela caiu sobre a tribo de Benjamim. Depois tomaram os nomes de todas as
famílias dessa tribo e puseram-nos num vaso. A sorte caiu sobre a família de
Matri. Lançaram a sorte sobre os homens dessa família, e ela caiu sobre Saul.
Ele não estava na assembléia, pois, sabendo o que iria acontecer, não quis estar
presente, a fim de mostrar que não tinha a ambição de ser rei. E nisso mostrou
sem dúvida grande modéstia, pois, enquanto outros não podem esconder a alegria
quando algo de feliz lhes sucede, embora de pouca monta, ele não somente nada
demonstrou — com a sua presença — ao ser constituído rei sobre um grande povo
como ainda se escondeu, de tal modo que não o podiam encontrar.
Nessa aflição, Samuel rogou a Deus que lhe fizesse saber
onde Saul estava. Havendo-o encontrado, mandou chamá-lo e apresentou-o ao povo.
Cada qual pôde vê-lo sem dificuldade, porque ele era mais alto que todos os
outros, e a sua figura sobressaía dentre os demais, ostentando porte e
majestade reais. Então Samuel declarou: "Aqui está aquele que Deus vos dá
para rei. Vede como ele é maior que qualquer outro de vós e digno de vos
comandar". Todos exclamaram: "Viva o rei!" Samuel escreveu todas
as suas predições sobre o que lhes sucederia sob o governo dos reis e colocou
esse livro no Tabernáculo, para servir de teste-munho à posteridade da
veracidade do que vaticinara. Voltou depois a Rama, e Saul foi a Gibeá, sua
cidade natal. Várias pessoas virtuosas seguiram-no para prestar ao rei a honra
que lhe deviam. Um grande número de homens maus, porém, zombou deles,
desprezando o novo rei. Não lhe ofereceram presentes e nem pensaram em
agradá-lo.
225. 1 Samuel 11. Um mês após Saul ser elevado ao trono, a
guerra em que se encontrou empenhado, contra Naás, rei dos amonitas,
conquistou-lhe grande fama. Esse príncipe, que havia muito causava grandes
males aos israelitas que moravam além do Jordão, entrou no país deles com um
poderoso exército, atacando várias cidades. Para tirar-lhes de vez a esperança
de uma revolta, mandou vazar o olho direito de cada um, tanto os que fizera
prisioneiros quanto os que se haviam entregado a ele voluntariamente. Fez isso
porque os escudos cobriam a visão do olho esquerdo, e assim, nesse estado, não
podiam mais servir-se das armas e tornavam-se incapazes de guerrear.
Depois de tratar dessa maneira os israelitas que habitavam
além do Jordão, avançou com o seu exército até a província de Gileade. Acampou
próximo de jabes, que é a capital, e aconselhou os habitantes da cidade a se
entregar, sob a condição de que também lhes seria vazado o olho direito, como
aos outros. E ameaçou: caso se recusassem, não pouparia um sequer e destruiria
inteiramente a sua cidade, depois de tomá-la à força. Assim, eles tinham de
escolher: ou perder parte do corpo ou perdê-lo inteiro. A proposta assustou-os
de tal modo que não souberam qual deliberação tomar. Rogaram ao soberano que
lhes concedesse sete dias de prazo para mandarem pedir socorro aos de sua
nação. Se não o recebessem, entregar-se-iam às condições que ele exigia. Naás
consentiu no pedido, tão sem dificuldade quanto desprezava os israelitas.
Assim, mandaram expor a todas as cidades as graves dificuldades em que se
encontravam.
Tais notícias deixaram todos atônitos e os afligiram de tal
modo que eles, em vez de tentar socorrê-los, puseram-se a deplorar-lhes a
infelicidade. Os habitantes de Gibeá, onde Saul morava, não ficaram menos
perturbados que os outros. O novo rei achava-se então no campo, onde cultivava
as suas terras. Vendo-os regressar em tão grande abatimento, togo que soube do
motivo de sua aflição, impelido pelo Espírito de Deus, reteve alguns daqueles
enviados, para servir-lhe de guia, e despediu os outros, a fim de que fossem
tranqüilizar os habitantes de Jabes e informá-los de que os iria socorrer
dentro de três dias e que venceria os inimigos antes de o Sol despontar, para
que, iluminando ainda o mundo, visse os amonitas humilhados e eles livres do
temor.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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