Trindade - Teologia 54.13
Esclarecendo Termos Mal Interpretados
Alguns grupos, como as TJ, se perdem na terminologia das Escrituras, dando
significados errôneos a certos termos aplicados a Jesus Cristo, como por
exemplo: primogênito, unigênito, princípio da criação e Filho de Deus. Tal
equívoco se dá devido ao fato de desconhecerem regras de uma boa hermenêutica
(interpretação) bíblica, e assim, separam esses termos de seu contexto imediato
ou local e o geral, bem como histórico e gramatical, e querem que afirmem
aquilo que originalmente não significavam no texto bíblico. Eis alguns
exemplos:
Primogênito (Colossenses 1:15) — Longe de significar nesse texto
"primeiro criado" ou "o primeiro de uma série", o termo
"primogênito" é um título que indica preeminência ou primazia,
apontando assim para a soberania de Cristo sobre a criação, pois segundo os
versículos seguintes, ele criou todas as coisas; não podendo ser, portanto, uma
criatura (veja 2.1.3. – letra c). Outro ponto importante é que esse texto de
Colossenses é uma aplicação do Salmo 89:27, que é messiânico. Originalmente foi
aplicado ao rei Davi, que era o caçula de sua família (Salmo 89:20); no
entanto, segundo esse salmo, Deus o colocaria como "primogênito", e
explica o porquê: "O mais excelso dos reis da terra", que equivale ao
título "rei dos reis" (Apocalipse 17:14). Que a idéia de soberania
está implícita, basta conferir 1º Samuel 10:1, onde Samuel diz a Davi que Deus
o ungiu para ser o líder ou chefe de Israel. Assim, o termo primogênito fala da
posição soberana de Cristo sobre tudo e todos, e não que ele seja o primeiro de
um série.
Unigênito (João 3:16) — Este título fala da singularidade de Jesus
Cristo, o eterno Filho de Deus. Ele é único, não há ninguém semelhante a ele
(Judas 4). Essa palavra é composta por mono (único) + genus (tipo, espécie). A
ênfase, portanto, está na primeira parte: único , o que implica na idéia de
singularidade, tal como acontece com Hebreus 11:17. Neste texto, Isaque é
chamado de unigênito de Abraão. Ora, sabemos que Abraão não tinha apenas a
Isaque como filho, não podendo ser ele, a rigor, o único filho. Aliás, Ismael
era o primogênito. Isso mostra, portanto, que o termo "unigênito"
abarca outros significados. Em que sentido, então, Isaque era o unigênito? Porque
ele era o único e singular filho de Abraão. A idéia de um relacionamento íntimo
e diferencial entre pai e filho está implícita na passagem; logo, não está em
questão a ordem de nascimento de Isaque, mas sua posição diante do pai, sua
singularidade. O mesmo se dá com Cristo em relação ao Pai. Sendo, então,
"primogênito" e "unigênito", torna-se o "herdeiro de
todas as coisas", sustentando, ele mesmo, "todas as coisas pela
palavra do seu poder" (Hebreus 1:2, 3).
Princípio da criação (Apocalipse 3:14) — A palavra grega arché,
traduzida por princípio em muitas traduções da Bíblia, também significa
"governador", "soberano", "origem". Assim, já que
diversas passagens bíblicas atestam a eternidade de Cristo, posto ser ele o
criador e sustentador de todas as coisas (Colossenses 1:16, 17; Hebreus 1:3),
fica evidente que entender arché como o "primeiro de uma série",
nesse caso em particular, seria pedir demais. Se ele criou todas as coisas e as
sustenta, o termo "origem" cai como uma luva no contexto imediato e
mais amplo. É assim que o termo princípio deve ser entendido em Apocalipse
3:14. Essa é, aliás, a forma traduzida pela versão espanhola La Bíblia de Estudio
"Dios Habla Hoy". É bom também lembrar que na Tradução do Novo Mundo
a expressão arché é usada em relação a Jeová (Apocalipse 22:12), sendo
entendida como fonte, origem, começo; embora seja evidente, pelo contexto, que
arché aplica-se ao Senhor Jesus Cristo, pois ele também é descrito assim em
Colossenses 1:18. De qualquer forma, nenhum dos termos supracitados podem ser
usados para defender a idéia de que Jesus seja um ser criado.
Filho de Deus
(Marcos 1:1) — Esse termo geralmente é usando para indicar a inferioridade do
Filho em relação ao Pai, pois um filho não pode ser igual ou maior que seu pai.
Ora, isso não faz o menor sentido, pois Jesus é chamado de "filho de
Maria" (Marcos 6:3); "Filho de Davi" (Marcos 10:48); e
"Filho do Homem" (Mateus 25:31), e nem por isso, ele poderia ser
considerado inferior a Maria, Davi ou ao homem. A primeira expressão "filho
de Maria" tem o significado de "filho" no sentido comum da
palavra, ou seja, ele era filho de Maria em sentido biológico. Ser chamado de
Filho de Davi pode significar não somente que ele é seu descendente, mas também
participante da linhagem real de Davi. Já o título "Filho do Homem"
aponta para a humanidade assumida por Cristo, ou seja, ele participou de nossa
natureza humana, contudo, sem pecado. E, finalmente, Jesus também é chamado de
"Filho de Deus", não porque seja inferior, mas porque é participante
da mesma natureza divina da qual o Pai também participa. Aqui cabe bem o velho
ditado: "Tal pai, tal filho".
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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