31 de outubro de 2018
História Do Cristianismo - Teologia 32.268 - 29 Reformo nos reinados de Eduardo VI, Maria e Isabel (1547-1558)
História Do Cristianismo -
Teologia 32.268
29 Reformo nos
reinados de Eduardo VI,
Maria e Isabel (1547-1558)
Eduardo VI tinha agora subido
ao trono. Apesar de ter apenas nove anos de idade, já tinha dado evidentes
provas de uma piedade verdadeira, e era considerado como um príncipe de grande
futuro por todos os que favoreciam a religião protestante. Tinha ele realmente
a nobre ambição de fazer do seu país a vanguarda da Reforma, e oferecer um
refúgio livre na sua Ilha aos ensinadores fugitivos. Devido à sua pouca idade,
foi o seu tio, o duque de Somerset, homem de princípios protestantes, nomeado
regente do reino; e a notícia da sua nomeação reanimou as esperanças dos
cristãos na Inglaterra e despertou a abatida energia deles.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
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História Do Cristianismo - Teologia 32.267 - MAIS MARTÍRIOS
História Do Cristianismo -
Teologia 32.267
Contudo, a tortura aos hereges
continuou como dantes; e dois meses depois da promoção de Cranmer, João Frith,
um íntimo amigo de Tyndale, sofreu o martírio juntamente com um aprendiz de
alfaiate, chamado Hewett, que tinha negado a presença corporal no sacramento.
Não se deve porém supor que Cranmer tomasse qualquer parte nestes atos brutais;
eram inteiramente devidos ao selvagem beatismo do bispo de Winchester, por
quem o arcebispo tinha uma dedicada antipatia.
Houve ainda muitas outras
vítimas do zelo de Gardiner, mas não nos podemos referir a elas
individualmente: estão registradas no Céu, e Deus não se há de esquecer de
nenhuma delas.
Mas, entre todas, a que merece
mais especial menção é a mártir Ana Kime mais conhecida por Ana Askew. Era
esposa de um tal Kime, um papista fanático. Só algum tempo depois de casada,
foi que o Senhor lhe abriu os olhos e lhe mostrou pela luz da sua Palavra os
erros papistas; mas logo que recebeu a luz manifestou bem o favor que lhe tinha
sido concedido pela firmeza e coragem com que prosseguiu nas suas convicções.
A primeira perseguição que teve
de sofrer veio do seu próprio marido, cujo ódio pelo Evangelho venceu por fim
de tal maneira toda a afeição natural que a expulsou de sua casa. Ligou-se
então à corte da rainha Catarina Parr, que era uma cristã sincera; e ali a sua
beleza, a sua piedade, e a sua ilustração, atraíam a atenção de todos, despertando
mais tarde o ódio de Gardiner e do seu partido. Vigiavam todos os seus
movimentos, mas nada encontravam em que pudessem basear uma acusação. A sua
maneira de viver era irrepreensível.
No ano de 1545 foi acusada de
heresia, e lançada na prisão. O seu primeiro interrogatório perante os
inquisidores teve lugar no mês de março do mesmo ano, no fim do qual foi
mandada para a sua cela em Newgate, onde ficou durante perto de um ano. O seu
segundo interrogatório foi perante o conselho do rei em Greenwich, onde ela
foi escarnecida e insultada pelo bispo de Winchester e seus adeptos, sendo
novamente conduzida para Newgate.
Um dia ou dois mais tarde foi
removida para a Torre onde o Lord Chanceler esforçou-se por induzi-la a indicar
outros da corte que eram suspeitos de partilhar com as suas opiniões; e não
querendo ela fazê-lo, aquele miserável monstro ordenou que a colocassem no
cavalete da tortura. "E para conservar-me sossegada", diz a pobre
vítima paciente, "e não gritar, o Lord Chanceler e o Mestre Rich torturaram-me
com as suas próprias mãos até eu estar quase morta... Mas dou graças ao meu
Senhor Deus pela sua eterna misericórdia. Ele deu-me forças para persistir na
minha fé, e espero que hei de resistir até o fim". Depois disso foi levada
para uma casa e deitada numa cama com os ossos moídos e doridos como jamais os
teve o patriarca Jó; e enquanto ali jazia, o Chanceler mandou dizer-lhe que se
quisesse abandonar as suas opiniões seria bem tratada, em caso contrário seria
reenviada para Newgate e queimada. Mas ela respondeu que preferia morrer do
que negar a sua fé; e esta resposta foi que decidiu a sua sorte.
Nesse mesmo ano, não se sabendo
a data certa, foi completada a tragédia de Ana Askew, que foi levada da prisão
para ser queimada. Estando muito fraca e não podendo andar, foi levada para
Smithfield numa cadeira, e quando a levaram para o poste nem podia ter-se de
pé. Amarraram-na portanto pelo meio do corpo com uma corrente. Então
ofereceram-lhe o perdão do rei se se retratasse; porém ela respondeu que não
tinha vindo ali para negar o seu Senhor e Mestre. Chegaram então o fogo à
lenha, e em breve os seus sofrimentos acabaram, e o seu espírito subiu ao Céu.
Mais três vítimas sofreram ao mesmo tempo.
Desgraçados tempos! Bem se
podia erguer o grito de "Por quanto tempo Senhor Deus, por quanto
tempo?!"
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História Do Cristianismo - Teologia 32.266 - 28 Auxílios e obstáculos à reformo ingleso (1529-1547) TOMAS CRANMER
História Do Cristianismo -
Teologia 32.266
28 Auxílios e
obstáculos à reformo ingleso
(1529-1547)
TOMAS CRANMER
No ano de 1529 começou Tomás
Cranmer a gozar o favor real, e por fim foi promovido à Sé de Canterbury. Cranmer
era homem de sabedoria e piedade, mas tímido e indeciso - sendo isto
reconhecido até pelos contemporâneos mais amigos. Embora superior a Latimer em
erudição, era-lhe muito inferior em lealdade a Cristo, e levou bastante tempo
a tomar a resolução de se desembaraçar das malhas do papismo.
O progresso da Reforma podia
ter-se desenvolvido muito em conseqüência da promoção de Cranmer, mas não
aconteceu assim. As facilidades que Cranmer mostrou em ajudar a obra parece que
não foram nada proporcionais à sua elevada posição; e Estevão Gardiner, bispo
de Winchester, o grande perseguidor, tinha mais influência junto ao rei em
todos os assuntos referentes aos interesses da igreja do que o novo primaz. Mas
era evidente que Cranmer simpatizava com muitas das doutrinas dos
reformadores; e vemos que usou da sua autoridade para dar liberdade a Latimer,
a quem colocou de novo no seu presbitério. Isto pelo menos foi uma ação
conveniente.
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30 de outubro de 2018
História Do Cristianismo - Teologia 32.265 - CONVERSÃO DE LATIMER
História Do Cristianismo -
Teologia 32.265
CONVERSÃO DE LATIMER
Um dia Mestre Latimer, no seu
caráter de padre con-fessor, foi esperado no seu quarto por um penitente, cuja
presença ali muito o admirou. Era o Mestre Bilney. "Que quer isto
dizer?", pensou o padre, "Bilney aqui! Um herege a confessar-se a um
católico é extraordinário! Mas talvez que o meu sermão contra Melanchton o
convencesse do seu erro, e ele vem procurar restaurar a sua comunhão com a
igreja!" Enquanto ele assim raciocinava, Bilney começou a contar ao
confessor a simples história da sua própria conversão a Deus; e as palavras,
aplicadas pelo Espírito Santo, foram diretamente ao coração e à consciência do
padre. Ali naquele mesmo momento se entregou a Deus; e, abandonando desde
então a enganosa teologia das escolas, tornou-se não só um sincero estudante da
verdadeira teologia, mas também um verdadeiro ensinador das doutrinas reformadas.
Mas os soberbos doutores da
Universidade e os padres e frades, que tinham em conta a sua própria justiça,
não podiam por muito tempo suportar a sua pregação clara e a sua exposição
inexorável dos erros de Roma, e a cólera deles começou a manifestar-se por
ameaças ocultas e invecti-va cólera. Porém Latimer não era homem que se intimidasse
com ameaças ou perdesse o sangue frio com os barulhos, e continuou a pregar
com toda a ousadia; seus trabalhos foram muito abençoados por Deus e grande
parte da oposição que lhe tinha sido feita foi vencida.
Algum tempo depois, o bispo de
Ely usou de modos mais brandos com o intrépido pregador, mas sem resultado.
Cumprimentou-o pelos seus mais admiradores dotes; declarou que estava pronto a
beijar-lhe os pés, e depois aconselhou-o como meio mais seguro para derrubar a
heresia, a pregar contra Lutero. Latimer, que tinha bastante senso comum para
não se deixar enganar por tão evidente lisonja, respondeu: "Se Lutero
prega a Palavra de Deus, não posso fazer-lhe oposição. Mas se ele ensina o
contrário, então estou pronto a atacá-lo". "Bem, bem, Mestre
Latimer", disse o bispo, "já percebo as suas idéias. Um dia ou outro
há de arrepender-se delas".
Tendo falhado as injúrias, as
ameaças e as palavras doces, o bispo passou das palavras às obras, e fechou os
púlpitos da Universidade ao pregador. Mas pouco tardou que se abrisse outra
porta a Latimer, e Roberto Bernes, prior dos frades agostinhos, em Cambridge,
cujo coração o Senhor tinha tocado, convidou-o a pregar na igreja pertencente
àquela ordem.
A controvérsia que os sermões
de Latimer reavivaram foi interrompida por uma carta do capelão do rei, na qual
as partes contendoras foram obrigadas ao silêncio até ser conhecida a vontade
do rei. Mas a vontade do rei era que Latimer continuasse a pregar. Tinha sido
informado de que o eloqüente pregador do Evangelho tinha favorecido a sua causa
na questão do divórcio com Catarina de Aragào, e isso era um meio seguro de
alcançar o favor real. No ano seguinte encontramo-lo pregando perante a corte
em Windsor, onde o rei ficou tão encantado com a sua eloqüência sincera e
destemida, que o fez seu capelão. Outros favores reais ainda o esperavam, mas
os papistas não o deixaram descansar, e sendo citado perante o bispo de Londres
por mais uma acusação de heresia foi então excomungado e lançado na prisão.
Deixemo-lo agora ali enquanto
nos ocupamos de outros assuntos.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.264 - DR LATIMER
História Do Cristianismo -
Teologia 32.264
DR LATIMER
Mas Tyndale não foi o único
inglês de conhecimentos excepcionais e de habilidade que trabalhou para o bem
público durante estes tempos. O que ele estava fazendo em silêncio como
tradutor das Escrituras fazia-o também de um modo mais público o Dr. Latimer,
de Cambridge, por meio dos seus sermões.
Hugo Latimer era filho de um
fazendeiro, e nasceu em 1541.
A sua precocidade junto com uma inteligência viva,
levaram o seu pai a mandá-lo para a Universidade de Cambridge. Uns quatro anos
mais tarde o seu espírito tomou uma direção séria, e o vivo estudante
tornou-se um dedicado e supersticioso discípulo da igreja romana. Por esse mesmo
tempo aplicou-se ao estudo dos clássicos com grande persistência. Mais tarde
começou os seus estudos de teologia, e gastou muitas horas preciosas com as
obras de sábios doutores da Idade Média. Chegou a ser, segundo as suas próprias
palavras, "o mais obstinado papista da Inglaterra". O seu zelo contra
as novas doutrinas exprimia-se por vivo sarcasmo e discursos mordazes que
muito deleitavam o clero. Na verdade, a fama das suas pregações continuava a
espalhar-se de tal modo, que os prelados e frades começaram a esfregar as mãos
e animarem-se uns aos outros com a idéia de que até mesmo Lutero tinha finalmente
encontrado o seu igual.
Mas alegravam-se cedo demais.
Na Universidade juntamente com mestre Latimer havia um chamado Tomás Bilney,
com outro modo de pensar. Este vigiava com não menos interesse, posto que por
motivo inteiramente diferente, os movimentos do vivo e zeloso pregador.
"Ah!", suspirou Bilney, "se eu pudesse ganhar este eloqüente padre
para o nosso lado, que triunfo para nossa causa! Se eu o pudesse levar aos pés
do Salvador, certamente que se havia de seguir uma vivificação da verdadeira
religião!" Isto era realmente para desejar, mas como consegui-lo?
Humanamente falando era impossível, mas Bilney era homem de fé, e sentiu que
tinha chegado a ocasião de por a fé em prática.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.263 - FIM DO TRABALHO DE TYNDALE
História Do Cristianismo -
Teologia 32.263
FIM DO TRABALHO DE TYNDALE
Mas os trabalhos do ousado
reformador deviam em breve ter o seu fim, por lhe estar destinada a coroa de
mártir. Estando em Antuérpia em casa de um inglês chamado Points foi traído e
entregue nas mãos dos papistas, por alguém que tinha gozado a sua confiança, e
depois de se definhar na prisão durante dezoito meses (durante os quais
contribuiu para a conversão do carcereiro e outras pessoas da sua casa), foi
condenado ao poste. Teve por sorte ser estrangulado antes de ser queimado; a
sentença foi cumprida na cidade de Vivorden no ano 1536. As suas últimas palavras
pronunciadas em alta voz foram uma oração para o país tão mergulhado em trevas
- "Senhor! abre os olhos do rei de Inglaterra!"
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29 de outubro de 2018
História Do Cristianismo - Teologia 32.262 - WILLIAM TYNDALE
História Do Cristianismo -
Teologia 32.262
WILLIAM TYNDALE
No entanto, outros ingleses,
com fins mais nobres e puros, não estavam menos ocupados em outros pontos. No
ano 1520 William Tyndale deixou a Universidade de Cambridge e começou a sua
notável carreira.
Estando em Gloucéster, como
professor em casa de um fidalgo chamado Welsh, discutia ali freqüentemente com
os abades, diáconos e outros beneficiadores que se reuniam à mesa do fidalgo.
Numa dessas discussões, o seu adversário, encolerizado, no calor da
controvérsia, disse-lhe: "Era melhor viver sem as leis de Deus do que sem
as do papa". Tyndale, no auge de indignação, exclamou: "Eu não me
importo com o papa nem com as suas leis", e acrescentou: "se Deus me
poupar a vida hei de fazer que em poucos anos qualquer rapaz que conduz o arado
saiba mais das Escrituras do que o senhor". No fim de tudo parece que o
estudante de Cambridge não era muito popular em casa do fidalgo de Gloucéster,
e os seus serviços eram muito mais apreciados do que a sua companhia.
Seguindo depois para Londres,
procurou Cuthbert Tonstall, que então era bispo, e diligenciou obter um lugar
em casa dele, mas os seus esforços foram debaldes.
O seu destino era outro: era
ser um servo do Senhor em tempos perigosos, e para isso era preciso que
passasse por provas mais severas do que as que se poderia encontrar na casa de
qualquer bispo. Contudo, por algum tempo esteve hospedado em casa de um tal
Humphrey Monmouth, um digno cidadão de Londres que tinha um verdadeiro respeito
pelo seu hóspede, e que estava ele próprio, bastante interessado no novo
ensino. Mas à medida que as opiniões de Tyndale se tornaram conhecidas (e ele
não era homem que escondesse a sua luz) os perigos aumentavam para ele, e os
seus amigos aconselharam-no a retirar-se para a Europa.
Além disso, havia uma nova obra
que estava prendendo a sua atenção - a tradução da Bíblia - e para isto necessitava
de todo o sossego possível, o que em Londres não podia ter: "Estou
ansioso pela Palavra de Deus", disse ele, "e hei de traduzi-la, digam
o que disserem e façam o que quiserem. Deus não me há de deixar morrer. Ele
nunca fez uma boca sem fazer o seu alimento, nem um corpo sem também fazer o
seu vestuário". Com tal ânsia a oprimi-lo, não é de admirar que Tyndale
não fizesse caso das necessidades do corpo.
Mas a perseguição aumentava
cada vez mais, e, se aqueles que o rodeavam estavam sendo condenados só por
lerem porções da Palavra de Deus, não era de supor que aquele que estava
traduzindo a Bíblia inteira pudesse escapar. "Ah!", suspirava ele,
"não haverá nem um lugar onde eu possa traduzir a Bíblia? Não é só a casa
do bispo que me está fechada, mas toda a Inglaterra!" Era muito verdadeiro
este queixume, e alguns dias depois de sair de debaixo do teto hospitaleiro de
Humphrey Monmouth, Tyndale achava-se a caminho da Alemanha.
Tendo chegado à Alemanha,
Tyndale procurou vários reformadores, passando em seguida à Saxônia, onde teve
uma conferência com Lutero, e tendo-se conservado por ali algum tempo, seguiu
para os Países Baixos, estabelecendo finalmente a sua residência na Antuérpia.
Outros dizem que foi primeiro a Hamburgo, e dali para Colônia, sendo seguido
para esta cidade pelo seu implacável inimigo Cochlaeus, do qual se diz que
embriagou os impressores para obter deles o segredo da obra de Tyndale.
Achando-se em perigo, seguiu para Worms, e ali completou a primeira parte da
sua obra, a tradução do Novo Testamento. Na primavera de 1526, chegaram à
Inglaterra cópias dessa tradução, que circularam por todo o país. A situação
dos padres de Roma que estavam na Inglaterra era má, e começaram a perguntar
uns aos outros o que se havia de fazer. Os alicerces do papismo estavam sendo
minados e parecia que todo o edifício estava em perigo de desabar. Condenar o
livro era coisa fácil, e isto estavam fazendo, mas livrar o país da nova
doutrina que ele tão claramente ensinava, e evitar a entrada de novos
exemplares, era uma coisa diferente. Era inútil que Henrique se desesperasse e
Tonstall pregasse contra o livro; este tinha-se apoderado do coração e
consciência do povo, assim como do seu espírito, e nem os clamores do rei nem
os sermões do bispo podiam destruir a sua influência. Foram publicamente
queimadas em Oxford, Cambridge e Londres várias cópias da tradução, e em
alguns casos não só os livros, mas também os seus leitores foram lançados às
chamas, mas apesar disto a obra foi para frente, porque Deus assim o queria.
Tyndale no entanto ocupava-se
com o Velho Testamento, e no ano 1528 acabou os primeiros cinco livros, o
Pentateuco. Durante a sua viagem a Hamburgo, onde ia imprimi-los, sofreu um
naufrágio e o manuscrito perdeu-se. Continuou a viagem logo que lhe foi
possível e chegando a Hamburgo recomeçou o seu árduo trabalho, sendo auxiliado
pelo reformador Miles Coverdale, cuja tradução das Escrituras foi publicada
alguns anos depois.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.261 - 27 Reforma inglesa, no reinado de Henrique VIII (1510-1531)
História Do Cristianismo -
Teologia 32.261
27 Reforma inglesa,
no reinado de Henrique VIII (1510-1531)
A obra da Reforma na
Inglaterra, no que diz respeito à compreensão do Estado, na verdade não começou
senão na última metade do século XVI. O que Henrique VIII tentou não era de
forma alguma uma verdadeira reforma religiosa. Ele acabou com a obediência ao
papa no ano de 1534; supriu as ordens pedintes no ano seguinte, e após este ato
saqueou os mosteiros, de cujos rendimentos se apoderou para o seu próprio uso.
O motivo que levou Henrique a esta espécie de reforma foi a cólera que lhe
despertou a recusa do papa em conceder-lhe o divórcio com Catarina de Aragão.
Ora, uma reforma originada assim não se podia conservar.
Ainda assim ia prosseguindo uma
verdadeira obra de Deus, obra que, na verdade, nunca tinha cessado desde o
tempo de Wycliff, e todos os anos vinha para o país nova luz da Europa, e é
disto que vamos falar especialmente. No próprio ano em que o rei subiu ao
trono, o bispo papista de Londres, Ricardo Fitzjames, começou uma pequena
perseguição na sua diocese, fato este que prova que a verdade já se estava
fazendo sentir em alguns bairros; e entre os anos de 1510 e 1537 houve uns
quarenta cristãos pertencentes a ambos os sexos, que sofreram de vários modos
pela sua fé. Nas proximidades de Lincoln, houve, nesta época, muita
perseguição, e o bispo da diocese, protegido por uma carta do rei, fez proceder
uma rigorosa busca de hereges a quem tratava, quando os traziam à sua presença,
com uma crueldade característica. Aqueles que eram tidos por culpados da
primeira ofensa, e abjuravam das suas idéias, eram geralmente encarcerados nos
mosteiros por toda a vida, mas os "hereges" reincidentes eram
entregues às autoridades seculares para serem queimados em vida.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.260 - NA DINAMARCA
História Do Cristianismo -
Teologia 32.260
NA DINAMARCA
Na Dinamarca, também um rei -
Cristiano II - estava à frente da Reforma, e apesar da oposição do partido eclesiástico,
que se tornou um sério embaraço para os seus movimentos, e de os bispos terem
chegado a promover a sua deposição, continuou sempre a sua boa obra enquanto esteve
no exílio, empregando o seu secretário para traduzir o Novo Testamento para a
língua dinamarquesa.
Os dinamarqueses deviam muito
ao ministério do intrépido monge de Antvorscov, João Tausen, que tendo sido
feito prisioneiro por pregar a justificação pela fé, continuou a expor a
doutrina pela janela da sua prisão. O novo rei Frederico ouvindo falar nele,
deu ordem para o porem em liberdade, e pouco depois nomeou-o um dos seus capelães.
Na conferência de Odense, que
teve lugar em 1527, o rei declarou-se publicamente a favor da Reforma; e,
embora os bispos fizessem muita oposição, decretou ele que dali por diante os
protestantes gozariam as mesmas regalias que os católicos. Quando Frederico
morreu, os bispos fizeram outro esforço desesperado para restabelecer o
papis-mo, e conseguiram o exílio de Tausen, mas o triunfo deles não foi
duradouro. O novo rei era tão favorável à Reforma como o seu antecessor; e no
ano 1536 foi reunido um Concilio em Copenhague, que estabeleceu a religião
protestante no país. Os bispos, acusados de intrigas e de outros atos de
traição, foram destituídos dos seus cargos e emolumentos; e os últimos sinais
do papismo que ainda existiam acabaram por completo na Dinamarca.
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28 de outubro de 2018
História Do Cristianismo - Teologia 32.259 - NA SUÉCIA
História Do Cristianismo -
Teologia 32.259
NA SUÉCIA
Na Suécia, depois de alguma
oposição, foi a Reforma estabelecida pelo conhecido rei Gustavo Vasa, que foi
auxiliado pelos irmãos Olaus e Laurentins Petri. Apesar de todos os
obstáculos, a Reforma prevaleceu ali, e o rei teve, em pouco tempo um partido
tão poderoso para o ajudar, que conseguiu a restauração dos vários estados e
castelos que os prelados tinham obtido dos seus súditos por meios ilícitos.
Também reprimiu o poder dos bispos e tirou-lhes das mãos os rendimentos da
igreja, proibindo-os de tomar dali por diante qualquer parte nos negócios do
Estado.
Gustavo Vasa, foi, sem dúvida,
o homem adequado para tais empreendimentos, e apraz-nos poder acrescentar que a
obra por ele começada foi concluída com a maior rapidez, e sem tumultos ou
derramamento de sangue.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.258 - GUERRA CIVIL
História Do Cristianismo -
Teologia 32.258
GUERRA CIVIL
Por fim entenderam que não
podiam mais suportar aquela opressão e, levantando-se com a energia do desespero,
saíram dos seus lares desolados e dos seus esconderijos nos bosques, e
reuniram-se em volta da bandeira de Guilherme de Nassau, Príncipe de Orange.
Não podemos agora entrar nos detalhes da guerra civil que se seguiu. O exército
protestante a princípio não foi bem sucedido, mas foi auxiliado por Isabel, da
Inglaterra; pelo rei da França, e pelos protestantes alemães; e no ano 1580
puderam finalmente ver-se livres do jugo espanhol e firmar a sua independência,
constituindo-se em um novo estado protestante na Europa.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.257 - MISÉRIAS E MARTÍRIOS
História Do Cristianismo -
Teologia 32.257
MISÉRIAS E MARTÍRIOS
Tinha chegado o pior tempo para
os Países Baixos. As execuções pela água, pelo fogo e pela espada, e a
confiscação de bens, sucediam-se sem cessar. As vítimas eram aos milhares. O
número de emigrantes aumentava na mesma proporção, e o produto da confiscação
chegou pouco a pouco à soma de trinta milhões de dólares. Os antigos privilégios
desses países estavam aniquilados; a população tinha diminuído
assustadoramente; a prosperidade de agricultura estava ameaçada de ruína; o
comércio, parado; as portas vazias, as lojas e armazéns devastados; muitos
braços sem trabalho; os grande negócios parados, as cidades comerciais, que
tanto prosperavam estavam empobrecidas. Em suma, tudo que tinha contribuído
para a prosperidade comercial e industrial daquela região começou a decair.
Mas o duque de Alba não se
importou com isso. Sendo escravo ativo dum senhor cruel, nunca o pensamento da
economia política perturbou o seu espírito; esse medonho retrocesso nada era
para ele. Ainda mais, ele ainda não tinha pensado em acabar com o sacrifício
das vidas humanas - a sua sede de sangue não estava saciada! O assassinato de
alguns milhares de protestantes não era bastante para satisfazer a crueldade de
um tal homem; a foice precisava ceifar mais vidas; numa palavra: Toda a
nação de hereges devia cair debaixo das mãos do assassino! No ano 1568,
quando o "concilio de Sangue" se reuniu pela segunda vez, foi
decretado que todos os habitantes dos Países Baixos fossem condenados d
morte como hereges; e desta horrorosa sorte ninguém era excetuado senão
raras pessoas Que foram especialmente indicadas.
Os efeitos deste edito cruel
foram terríveis. Muitos enlouqueceram, e outros, que conseguiram fugir para os
bosquês de Flandres tornaram-se selvagens em conseqüência da solidão e do
desespero. Nas cidades e vilas ouvia-se o dobrar dos sinos a todos os momentos;
e é certo que o estado de coisas não podia ter sido mais terrível se o país
tivesse sido visitado por uma peste! Em todas as casas havia luto, e os
corpos carbonizados e mutilados das vítimas daquele medonho decreto estavam
expostos às centenas poi toda a parte.
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27 de outubro de 2018
História Do Cristianismo - Teologia 32.256 - ROBERTO OGIER
História Do Cristianismo -
Teologia 32.256
ROBERTO OGIER
Em 1562, Roberto Ogier, de
Ryssel, em Flandes, sofreu o martírio, em companhia do seu filho mais velho.
Este, que ainda era muito jovem, exclamou quando já estava nas chamas, "O
Deus, Pai eterno, aceita o sacrifício das nossas vidas em nome do teu amado
Filho". Um monge que se achava perto retorquiu encolerizado: "Tu
mentes, maroto, Deus não é teu pai; vós sois filhos do Demônio"-Um momento
depois o mancebo exclamou: "Olha, meu Pai, o Céu está se abrindo, e eu
vejo um milhão de anjos que se regozijam em nós! Estejamos contentes porque estamos
morrendo pela verdade". "Mentes! mentes!" gritou o padre,
"o Inferno é que se está abrindo, e vem mais de um milhão de demônios que
vão os lançar no fogo eterno". A mulher de Roberto Ogier e outro filho que
lhe ficou, sofreram igual sorte alguns dias depois, e assim se reuniu toda a
família no Céu.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.2565 - AUMENTO DA PERSEGUIÇÃO
História Do Cristianismo -
Teologia 32.2565
AUMENTO DA PERSEGUIÇÃO
Pouco satisfeito com a
clemência de Margarida, deu plenos poderes ao duque de Alba, o qual, pouco
depois, chegou ao país com um exército de 15.000 espanhóis e italianos.
Começou então uma série de atrocidades que quase não tem igual nos anais da
perseguição.
A Inquisição começou logo a
funcionar; e dentro em pouco podiam contar-se as suas vítimas aos milhares. A
maior parte das igrejas protestantes e casas de oração foram destruídas, levantando-se
forcas para enforcar os luteranos. As cidades despovoavam-se porque o povo
fugia como quem foge da peste - e o comércio do país ficou paralisado.
Mercadores, operários, artistas, gente de todas as classes, saíam às pressas do
país e consideravam-se felizes por serem capazes de salvar as suas vidas. Para
os que ficavam a morte era certa.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.254 - NOS PAÍSES BAIXOS
História Do Cristianismo -
Teologia 32.254
NOS PAÍSES BAIXOS
De Espanha passamos naturalmente
para os Países Baixos, visto formarem parte dos domínios do rei espanhol. Aí, apesar
da perseguição, as doutrinas revivificadas espalharam-se com rapidez, e o martírio
de três monges da Ordem Agostinha, que foram condenados por lerem as obras de Lutero,
despertou um tal espírito de investigação entre o povo, que nem as ameaças nem as
torturas puderam-no reprimir.
No ano 1566 foi uma deputação apresentar
ao rei uma Petição pedindo tolerância, e assinada por cem mil protestantes, mas
este, em vez de satisfazer o seu pedido aconselhou sua irmã Margarida de Parma,
a governadora dos Países Baixos, a levantar um exército de 3.000 homens de cavalaria
e 10.000 de infantaria para dar cumprimento aos seus decretos. Mas exércitos e ordens
reais pouco valiam, pois Deus tinha decidido que a obra fosse por diante. O número
dos protestantes aumentava diariamente, apesar dos esforços da força armada para
o diminuir e espalhar. O insensível e fanático Filipe entendeu que tinha de recorrer
a medidas mais desesperadas do que as adotadas até então, se quisesse exterminar
mesmo aquela religião odiada.
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26 de outubro de 2018
História Do Cristianismo - Teologia 32.253 - NA ESPANHA
História Do Cristianismo - Teologia 32.253
NA ESPANHA
Da Reforma na Espanha não podemos, infelizmente, fazer uma descrição tão vantajosa, porque as perseguições que se seguiram à introdução naquele país das doutrinas reformadas levaram milhares de pessoas para o exílio, e os que ficaram foram para a tortura ou para as galés. Mas a Inglaterra protestante ainda achou lugar para receber muitos dos seus irmãos exilados. Os principais agentes da Reforma espanhola eram dois irmãos João e Afonso de Valdés.
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História Do Cristianismo - Teologia 32.252 - AONEO PALEARIO
História Do Cristianismo -
Teologia 32.252
AONEO PALEARIO
Aôneo Paleário, autor de um
livro intitulado "O Benefício da morte de Cristo", era um dos mais
notáveis campeões da Reforma italiana, mas bem depressa veio o martírio cortar
a sua útil carreira. "Na minha opinião", dizia ele, "nenhum
cristão deve pensar em morrer na sua cama, nos tempos que vão correndo. Ser
acusado, feito prisioneiro, esbofeteado, enforcado, cozido num saco e lançado
às feras, não é bastante. Que eles me assem no fogo. se por uma tal morte a
verdade puder ser melhor trazida à luz". Quando os seus acusadores lhe
perguntaram qual fora o primeiro meio de salvação que tinha sido dado ao homem,
ele respondeu - "Cristo", "e o segundo?" - "Cristo"
- "e o terceiro?" - "Cristo".
Paleário esteve preso na
masmorra da Inquisição durante três anos, e por fim queimaram-no em vida.
Os inquisidores agiam em toda a
parte da Itália, e o país estava cheio de espiões. Eram estes na sua maior
parte pagos pelo Vaticano, e a sua missão era ganhar a confiança dos
particulares suspeitos de heresia, e assim facilitar a sua captura. Havia-os
entre todas as classes do povo, desde a mais elevada à mais humilde, e, devido
à sua infame perfídia, as prisões depressa se encheram de vítimas. Algumas
destas foram condenadas a penitências, outras mandadas para as galés, outras
torturadas e mutiladas; outras carregadas de ferros pesados e deixadas á morrer
de fome em masmorras insalubres, e outras foram queimadas em vida. Muitos
procuraram refúgio noutros países, onde em geral foram bem recebidas, e não
poucos desses refugiados encontraram lugar na Inglaterra. Pode-se fazer uma
idéia do desenvolvimento da obra na Itália pelo fato de serem descobertos, na
busca que se deu aos livros que eles chamaram heréticos, mais de quarenta mil
exemplares do livro de Paleário: "O Benefício da Morte de Cristo".
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História Do Cristianismo - Teologia 32.251 - 26 Reforma na Itália e outros países europeus (1527-1580)
História Do Cristianismo -
Teologia 32.251
26 Reforma na
Itália e outros países europeus
(1527-1580)
Há um interesse especial ligado
à história da Reforma na Itália, visto ser ali o centro do catolicismo romano.
Os italianos, em geral havia muito que tinham tido para o papismo sentimentos
parecidos com o desprezo, porque eram testemunhas constantes da maldade pública
na sua metrópole, e não podiam deixar de ver que essa maldade tinha o seu
centro no Vaticano. Há muito que andavam desgostosos com o desregramento, a
avidez, a ambição e a fraude que eram notórias na sua cidade principal, e mais
de um coração sincero suspirava por uma mudança muito antes de ter começado a
obra da Reforma. Por isso, logo que chegou à Itália a notícia da colisão de
Lutero com Tetzel, houve muitos ali que pediram ansiosamente os escritos
daquele. Alguns meses mais tarde o seu impressor em Basiléia escrevia nos
seguintes termos: "Blásio Salmónio, livreiro de Leipzig, presenteou-me na
feira de Francfort com alguns tratados compostos por si, os quais, como eram
aprovados por homens sábios, mandei imprimir imediatamente, enviando seiscentas
cópias para a França e a Espanha. Os meus amigos asseguraram-me que esses
escritos são vendidos em Paris, e lidos e aprovados até pelos sorbo-nistas.
Calvo, livreiro de Pávia, que é um sábio, e dedica-se às musas, levou uma
grande parte da impressão para a Itália..." Apesar do terror reinante
pelas bulas pontificais, e das atividades dos que velavam pela sua execução, os
escritos de Lutero, Melanchton, Zwínglio e Bucer continuaram a circular e a
ser lidos com prazer e avidez em várias partes da Itália. Alguns foram
traduzidos na língua italiana e, para escapar à vigilância dos inquisidores,
foram publicados debaixo de nomes fictícios. Este desejo de serem lidos os
seus escritos dava ânimo aos reformadores e não provinha de uma curiosidade vã.
Durante mais de vinte anos pôde
esta obra prosseguir sem grande oposição; no ano de 1542, porém, viram claramente
em Roma que ela ia fazendo enfraquecer o papismo; e então a Inquisição recebeu
ordens para usar de força contra os protestantes, e em breve viram-se as
prisões atulhadas de vítimas.
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