Homilética - Teologia 33.55
Cultos evangelísticos
Tácito da Gama Leite Filho
define o termo evangelização como "uma expressão profunda que tem o
sentido de uma síntese, isto é, a evangelização é altamente concentrada como se
fosse um comprimido de evangelho, onde estão calcadas pelo menos três
implicações da mais alta importância:
Tácito da Gama Leite
Filho, Evangelismo: Missão de Todos Nós (Rio de Janeiro: CPAD, 1981), p. 17.
No culto evangelístico,
chamamos o ouvinte à presença real, viva e transformadora de Jesus Cristo.
Tentamos, de maneira simples e prática, explicar o plano de salvação para
desafiar o ouvinte a se decidir por Cristo; convidamos o pecador a depositar
sua fé na pessoa e obra salvífica de nosso bendito Salvador Jesus Cristo.
O culto evangelístico
caracteriza-se pelo testemunho de Cristo aos perdidos, pelo convite para que
entreguem suas vidas ao senhorio de Cristo, pelo alistamento de vidas preciosas
para o serviço de Cristo e sua incorporação na igreja local. A ênfase no culto
evangelístico recai sobre o convite à salvação, sobre a possibilidade da
conversão pela fé e no hoje da salvação (Hb 3.7-8). Apelamos à razão, à vontade,
ao sentimento, à consciência do ser humano diante da santidade de Deus e da
necessidade de salvação do pecador perdido.
Wadislau Martins Gomes,
preletor no Congresso Brasileiro de Evangelização realizado em Belo Horizonte , em
1983, salienta com seis teses a importância e a urgência da pregação
evangelística:
"1. ... ainda que Deus tenha criado o
homem maravilhoso, hoje ele se encontra caído. Assim, não pode haver uma
pregação evangélica sem que se proponha a transformação e purificação do homem
pela graça de Deus manifesta na obra completa de Jesus Cristo;
2. ... a justiça de Deus é oferecida ao homem
em Cristo, pela graça mediante a fé, isto é, verticalmente e de cima para
baixo, com conseqüências horizontais, ou seja, na totalidade da vida e de forma
substancial;
3. ... a evangelização é uma proclamação
verbal e viva de toda a verdade revelada (na Escritura inerrante e infalível),
que reconcilia o homem com Deus, consigo mesmo, com o próximo e com o ambiente
aqui, agora e na eternidade;
4. ... há uma missão, e uma só, do Senhor
Jesus Cristo, já completada na cruz, da qual a igreja é comissionária,
atingindo em sua obra salvífica tanto o espiritual quanto o material (que são
partes de uma só realidade criada). Não há uma missão da Igreja como se nela residisse
ou dela dependesse, mas uma responsabilidade conseqüente;
5. ... a realidade presente não está
acondicionada em compartimentos estanques, mas ... todos os segmentos da vida
estão e devem estar num contexto espiritual, sejam 'seculares', sejam 'religiosos',
sejam da família da fé, sejam do cuidado para com todos os homens; e que tais
cuidados devem preocupar-se prioritariamente com o homem interior para produzir
reflexos no homem exterior;
6. ... a obra cristã se move por expressão do
amor, e não por necessidade. Parte do coração de Deus para a necessidade do
homem (e supre tais necessidades), mas nunca é gerada pela necessidade, nem
pela ira do homem (profundo senso de injustiça, que em si mesmo não é mau),
pois que a ira do homem não produz a justiça de Deus." Wadislau Martins
Gomes, Sal da terra... em terras dos brasis (Brasília: Refúgio Editora, 1985),
13-14.
O destinatário do culto
evangelístico é, em primeiro lugar, o homem perdido. O homem sem Jesus está
perdido, está sem salvação, está debaixo da condenação eterna e da ira de Deus.
Com a mensagem evangelística, não desejamos desqualificar ou desmoralizar o
ouvinte que ainda não é cristão, mas precisamos mostrar com amor, paciência e
objetividade que, diante da santidade de Deus, o homem natural está perdido. A
mensagem evangelística faz transparecer o amor de Deus e do pregador pelas
almas perdidas.
O segundo alvo da mensagem
evangelística é o "cristão nominal". Ele crê na Bíblia, crê que Jesus
Cristo padeceu na cruz do Calvário para a expiação de nossos pecados, mas não
vive em união vital com o Salvador Jesus Cristo e não tem certeza da salvação.
Ele apenas acompanha a vida da igreja, mas nunca chegou a entregar sua vida
publicamente a Jesus Cristo, nunca chegou, existencialmente, a experimentar a
conversão bíblica.
Por fim, parece um
paradoxo que o indivíduo cristão também seja um dos alvos do culto
evangelístico, mas o cristão precisa ser convidado e estimulado a viver na
santificação diária, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). O cristão
precisa ser confrontado com a possibilidade de serviço na igreja e na
comunidade onde vive, para melhor cumprir sua função de sal da terra e luz do
mundo. O cristão necessita do culto evangelístico para aprender a testemunhar,
a apresentar o plano de salvação para seus familiares, amigos e vizinhos.
Ao realizar cultos
evangelísticos, tenhamos os seguintes alvos em mente:
a. A decisão por Jesus
Cristo. Convidamos o ouvinte para o arrependimento e a fé viva em Jesus Cristo , que,
como conseqüências práticas, trazem a certeza da salvação, a viva esperança, a
santificação diária e a obediência concreta ao evangelho (Rm 1.5; 15.8; 16.26).
b. A purificação e a
ativação do cristão. Não podemos nos dar por satisfeitos com o momento
instantâneo ou emocional da chamada decisão. Na evangelização pragmática,
precisamos ir além da decisão e mostrar ao novo convertido a importância da
purificação diária (1 Jo 1.9; Mt 6.12). O novo convertido precisa ser
estimulado também às boas obras (Ef 2.10) e ao testemunho eficaz (At 1.8; 1 Pe
2.9; 3.15).
c. A confissão pública da
decisão. A confissão pública da decisão de seguir a Cristo foi exigida de
Zaqueu (Lc 19.5) e de todos os apóstolos (Mt 5.18-22; Mc 1.16-20; Lc 5.1-11; Jo
1.35-51). O caráter público da decisão é de suma importância para mostrar a
mudança entre "o passado" e "o presente", "o
outrora" e "o agora", "o antigo" e "o novo",
terminologia decisiva para a conversão bíblica, nos escritos paulinos (Rm 6.6;
Gl 5.24; Cl 2.11; Ef 4.22ss.; Cl 3.9; 1 Co 7.14; Rm 6.17; 7.9; 11.30; 1 Co
12.2; Gl 1.13, 23; 2.6; 4.8, 29; Ef 2.2; 5.8; Cl 1.21; Tt 3.3).
d. A incorporação do
cristão na igreja local. A igreja local exerce um papel importante no
desenvolvimento espiritual e crescimento prático do novo convertido. Paulo
afirma que "em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo"
(1 Co 12.13). O novo convertido precisa da igreja local para ser aperfeiçoado e
edificado no corpo de Cristo, "até que todos cheguemos à unidade da fé e
do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da
estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos,
agitados de um lado para outro, levados ao redor por todo vento de doutrina,
pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo
a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem
todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo a
justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação
de si mesmo em amor" (Ef 4.13-16; itálicos meus).
Existem inúmeras maneiras
de fazer cultos evangelísticos. Limitamo-nos às formas principais, como os
cultos realizados na igreja, ao ar livre, no rádio e na televisão.
a. Na igreja: a pregação
evangelística nos cultos da igreja é o método mais utilizado para ganhar almas
perdidas para Jesus Cristo. Em muitas igrejas evangélicas, o culto de pregação
no domingo à noite é uma espécie de culto evangelístico. Desta maneira,
descobrimos e cultivamos a evangelização permanente.
Mas, "considerando-se
a natureza do homem citadino e a dificuldade de levá-lo ao templo, a pregação
deverá ir ao encontro dele". A. Clarck Scanlon, Cristo na Cidade (Rio de
Janeiro: JUERP, 1978) p. 74. Outro problema dos cultos evangelísticos "tradicionais"
na igreja é que muitas vezes evangelizamos os já evangelizados.
Por outro lado, é bom
ressaltar que um culto evangelístico, ou melhor, uma campanha evangelística bem
preparada e planejada por todos os membros da igreja é um meio eficaz de
proclamar o evangelho, conquistar a confiança dos amigos do evangelho e
levá-los a uma decisão favorável por Cristo.
b. Ao ar livre: Jesus
enviou os Seus para que buscassem novos indivíduos nos bairros, nas ruas, onde
estivessem (Lc 14.21). A vantagem principal da evangelização ao ar livre é o
fato de poder levar o evangelho para o lugar onde as pessoas se encontram. Não
devemos esperar os amigos do evangelho entrarem por si mesmos em nossas
igrejas. Jesus ensinou: "Ide". Pelo próprio exemplo, Cristo mostrou a
importância de comunicar o evangelho para o homem da esquina, do campo etc.
Cristo pregou ao ar livre, de dentro de Seu barco (Lc 5.3), no alto de uma
montanha (Sermão do Monte; Mt 5) e no discurso do pão do céu, num monte do
deserto (Mt 14.15ss.; Jo 6.3ss.). Nosso Senhor Jesus Cristo usou também as
casas como lugar de seus cultos evangelísticos (Lc 5.17-26). Destes exemplos,
podemos concluir que Jesus Cristo usou a pregação ao ar livre como método
eficaz na comunicação do evangelho do reino de Deus.
Os apóstolos continuaram
esta tradição. No dia de Pentecostes, Pedro pregou ao ar livre, para todos os
habitantes de Jerusalém (At 2.14ss.). Paulo pregou o evangelho à beira do rio
(At 16.13), onde o Senhor abriu o coração de Lídia. Na sofisticada capital
cultural e centro filosófico do Império Romano, Atenas, encontramos Paulo
pregando ao ar livre no Areópago, onde os atenienses costumavam debater
abertamente seus sistemas filosóficos, suas idéias religiosas e questões
contemporâneas.
Infelizmente, os cultos ao
ar livre do século XX muitas vezes escandalizam a fé cristã, porque os
pregadores apresentam o evangelho de maneira superficial e moralista. Com
freqüência, os organizadores destes "comícios evangélicos" não sabem
como planejar um programa moderno, eficiente e progressista, e têm pouco
conhecimento sobre o uso do microfone.
Que o Santo Espirito do Senhor, ilumine
o nosso entendimento
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