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14 de julho de 2018

História De Israel – Teologia 31.280 (2º Parte Livro 0.2) Vida de Flávio Josefo Escrita por Ele mesmo Parte 4


História De Israel – Teologia 31.280
 
Vida de Flávio Josefo

Escrita por Ele mesmo Parte 4

no exercício do meu cargo, não me contento de apresentar três testemunhas; eu apresento todos os que vedes diante de vós. Interrogai-os sobre minhas ações e eles vos dirão se encontraram algo de repreensível em mim. E vós todos, acrescentei, dirigindo-me aos galileus, o maior prazer que me poderíeis dar, é não dissimular a verdade, mas declarar corajosamente diante desses senhores, como se eles fossem nossos juizes, se eu cometi alguma ação digna de reprovação, no exercício do meu cargo."

Depois de ter assim falado, todos, a uma voz, disseram que eu era seu benfei-tor e defensor, afirmaram que aprovavam todos os meus atos e rogaram-me que continuasse a governá-los como tinha feito até então, afirmando todos com juramento, que eu jamais tinha permitido que se atentasse à honra de suas esposas, nem lhes havia causado desprazer algum. Li depois, em voz bem alta, que todos os galileus puderam ouvir, as duas cartas de Jônatas, que tinham sido interceptadas e em que me acusavam, por pura calúnia, de ter agido mais como tirano do que como governador. E como não queria que eles soubessem como elas tinham vindo parar em minhas mãos, para que continuassem a escrever, disse que os mesmos mensageiros mas haviam entregue. Estas cartas irritaram de tal modo toda aquela multidão, contra Jônatas e seus colegas, que se lançaram sobre eles e os teriam sem dúvida matado, se eu a não tivesse impedido. Eu disse a Jônatas que perdoava tudo o que tinha feito contra mim, contanto que mudassem de proceder e voltassem a Jerusalém, para dizer aos que o haviam mandado, de que maneira eu havia procedido no meu cargo. Eles prometeram-no e os despedi, embora não duvidasse de que me faltariam à palavra dada. O furor do povo porém, continuava, e todos me pediam que permitisse castigá-los; embora procurasse, com todas as minhas forças, moderar-lhes a cólera e persuadi-los a perdoá-los, fazendo-lhes ver que não há sedição que não seja prejudicial ao povo, eles queriam a todo custo atacar a residência de Jônatas.
Vendo, então, que já não estava mais em mim contê-los, montei a cavalo e ordenei-lhes que me seguissem a Sogam, aldeia da Arábia, longe do lugar onde eu estava uns vinte estádios e assim consegui impedir que me acusassem de ter começado uma guerra civil. Chegando a Sogam, mandei minhas tropas fazer alto, e depois de os ter avisado de que não se deixassem levar facilmente pela cólera, eu disse a uns cem dos mais ilustres dos galileus, pela condição como pela idade, que se preparassem para ir a Jerusalém, a fim de denunciar os que perturbavam a província; disse-lhes ainda que fizessem o povo compreender a razão, sendo preciso levá-los a escrever-me cartas pelas quais me confirmariam no governo da Galileia e ordenariam a João que se afastasse. Eles partiram três dias depois com estas ordens e dei-lhes quinhentos soldados para acompanhá-los. Escrevi também a alguns dos meus amigos da Samaria para que cuidassem da sua segurança durante a viagem, pois aquela cidade já estava sujeita aos romanos e como aquele caminho era o mais curto, eles não teriam podido, se não o tivessem tomado, chegar a Jerusalém dentro de três dias. Eu os conduzi até a fronteira, coloquei guardas nas estradas para impedir que se pudesse temer algo com sua partida e fiquei alguns dias em Jafa.
Jônatas e seus colegas, vendo que todos os seus desígnios lhes haviam saído tão mal, mandaram João a Giscala e foram a Tiberíades, na esperança de se assenhorear dela, porque Jesus, que então lá exercia a soberana magistratura, lhes havia prometido persuadir o povo a recebê-los e submeter-se a eles. Sila, que lá eu havia deixado como meu lugar-tenente, avisou-me logo do que se passava e insistiu que eu voltasse imediatamente; fazendo-o, expus-me a um grande perigo, pelo fato que passo a narrar: Jônatas e seus colegas, que já haviam chegado a Tiberíades, onde haviam levado vários dos habitantes que não me apreciavam, a se revoltar contra mim, ficaram muito admirados pela minha chegada; vieram ter comigo e depois de ter-me saudado, disseram-me que se regozijavam com a honra que eu havia conquistado pela maneira como havia procedido no meu cargo, que nela tinham parte, como meus concidadãos. Protestaram em seguida que minha amizade lhes era muito mais importante do que a de João e rogaram-me que voltasse com garantia que me davam de entregá-lo mui breve em minhas mãos. Confirmaram-no com juramentos tão terríveis e tão sagrados entre nós, que eu julguei, em consciência, dever prestar-lhes fé; e, para que eu não julgasse estranho, eles insistiram tanto no meu afastamento, disse-ram-me que o dia de sábado se aproximava e eles desejavam impedir que acontecesse alguma perturbação no meio do povo.
Como de nada desconfiava, retirei-me para Tariquéia, mas deixei na cidade algumas pessoas com o encargo de observar tudo o que se diria de mim e o comunicassem aos que eu havia deixado em vários lugares, pelo caminho que vai de Tiberíades a Tariqueia, a fim de me darem a notícia com a máxima rapidez. No dia seguinte, todo o povo se reuniu num lugar bastante amplo que era destinado à oração. Jônatas também lá estava e, não ousando falar abertamente de revolta, contentou-se em dizer que a cidade precisava mudar de governador. Mas Jesus, que era o principal magistrado, acrescentou, sem nada dissimular, que lhes era muito mais vantajoso obedecer a quatro pessoas do que a uma só, tanto mais que as quatro eram de origem ilustre e de singular prudência; e, assim falando, mostrava Jônatas e os colegas; Justo louvou esse conselho e atraiu alguns dos habitantes à sua opinião.
No entanto, o povo não participou desses sentimentos e teria sucedido certamente uma revolta, se a sexta hora do dia, que no sábado nos obriga a ir cear, não tivesse soado. A assembléia foi transferida para o dia seguinte e os deputados regressaram sem nada ter obtido. Logo que eu soube do ocorrido, resolvi ir bem cedo a Tiberíades; partindo de Tariqueia ao despontar do dia, achei o povo já reunido no oratório, sem saber porque lá se encontrava. Jônatas e seus colegas, muito surpreen-didos por me verem, fizeram correr o boato de que a cavalaria romana tinha aparecido perto de Homonea, distante apenas trinta estádios da cidade. Clamaram, então, que não se devia tolerar que os inimigos viessem, à vista de todos, saquear os campos. Isso diziam com o fim de me obrigar a sair para socorrer os habitantes da planície e ficar senhores da cidade, conquistando, com meu prejuízo, o afeto dos habitantes. Facilmente compreendi o ardil, e fiz o que eles desejavam, para não dar motivo aos de Tiberíades de dizer que eu me descuidava da sua segurança.
Saí, pois, rapidamente e vi que não havia o menor indício do boato que eles haviam feito correr. Voltei logo e achei o Senado e o povo já reunidos, e jônatas fazia um discurso inflamado contra mim, dizendo que eu desprezava o cuidado da guerra e só pensava em me divertir. Para isso, apresentava quatro cartas que ele afirmava ter recebido dos galileus das fronteiras, pelas quais lhe pediam um auxílio urgente contra os romanos, que ameaçavam entrar, dentro de três dias, em seu país com um grande número de soldados de infantaria e de cavalaria. Os de Tiberíades facilmente acreditaram nessa acusação e se puseram a gritar que não havia tempo a perder, para que eu fosse remediar imediatamente a um perigo tão grave.
Embora eu bem compreendesse o desígnio de Jônatas, não deixei de dizer que estava pronto para marchar, mas, que as quatro cartas que ele havia apresentado, tendo sido escritas de quatro lugares igualmente ameaçados, seria necessário distribuirmos todas as nossas tropas em cinco corpos, que seriam comandados pelos deputados de Jerusalém respectivamente, pois, tão valentes como eles eram, deviam ajudar a república também com suas pessoas, bem como com seus conselhos. Esta proposta agradou a todo o povo que insistia que a executássemos. Os deputados, ao contrário, ficaram muito perturbados, por verem que eu havia novamente posto por terra seus projetos. A esse respeito, Ananias, um deles, homem muito mau e muito astucioso, propôs publicar-se um jejum para o dia seguinte e que cada qual se dirigisse sem armas ao mesmo lugar, à mesma hora, para mostrar que nada eles poderiam fazer sem o auxílio e a assistência de Deus. Isso não dizia por zelo pela religião, mas para me desarmar e a todos os meus. Eu fui, no entanto, obrigado a consentir, para que não parecesse que desprezava o que parecia ser grande demonstração de piedade.
Logo que se dissolveu a assembléia, Jônatas e seus colegas escreveram a João, para que viesse ter com eles no dia seguinte, com o maior número possível de soldados para me prender e assim conseguir o que ele desejava, naquela fácil contingência. Estas cartas muito o alegraram e ele procurou pôr-se em condições de executar tal projeto. No dia seguinte, eu disse a dois dos meus guardas, mui valentes e mui fiéis, que escondessem espadas curtas sob as vestes e me acompanhassem, a fim de que, se fosse necessário, pudéssemos nos defender dos inimigos. Tomei também uma couraça e uma espada que não se viam e fui ao lugar onde se haviam reunido. Chegando com meus amigos, Jesus, que estava à porta, não permitiu a nenhum dos meus entrar e, quando se ia começar a oração, ele me perguntou o que eu havia feito dos móveis e do dinheiro, não em moedas, que haviam tomado no palácio do rei, quando o haviam incendiado; isso ele fazia apenas para ganhar tempo, até que João chegasse. Eu respondi que havia entregue tudo a Capella e a dez dos principais habitantes de Tiberíades e que podia perguntar-lhes se eu não estava dizendo a verdade. Capella e os outros afirmaram que era mesmo assim. Jesus perguntou-me em seguida o que eu havia feito de vinte peças de ouro que havia tirado de alguns móveis que tinha posto à venda. Respondi que as havia fornecido àqueles que mandara a Jerusalém, para as despesas de sua viagem. Jônatas e seus colegas disseram, então, que eu havia feito mal, pagando-as, às expensas do público. Tão grande malícia irritou o povo; quando vi que ele estava prestes a se rebelar, disse para incitá-lo ainda mais que se eu tinha feito mal em dar aquelas vinte peças de ouro do dinheiro público, me prontificaria a pagar do meu, para que eles terminassem as suas queixas. Estas palavras fizeram ver até que ponto chegava a sua injustiça contra mim e o povo fremiu ainda mais; quando Jesus viu que esse assunto tomava um rumo totalmente contrário ao que eles haviam esperado, ordenou ao povo que se retirasse e disse que somente o Senado deveria ficar, porque essa espécie de assunto não devia ser tratada de forma tumultuada.
O povo, porém, disse que não me queria deixar sozinho com eles, e nesse momento um homem veio dizer baixinho a Jesus que João já estava perto com suas tropas. Jônatas não pôde mais se conter, e Deus assim o fez, talvez, para me salvar, pois de outro modo não poderia ter evitado minha morte, nas mãos de João. "Deixai", disse ele, "habitantes de Tiberíades, de vos incomodar por causa dessas vinte peças de ouro, porque não é por esse motivo que Josefo merece ser morto; é porque ele vos engana e tornou-se vosso tirano." Dizendo estas palavras, ele e os de seu partido fizeram menção de me matar. Mas os que tinham vindo comigo, sacaram das espadas, e o povo pegou em pedras para atacar Jônatas e tiraram-me das mãos dos meus inimigos. Quando me retirava, vi chegar João com os seus; alcancei o lago por um caminho escondido, subi a uma barca e salvei-me, dirigindo-me para Tariquéia, escapando assim de um grave perigo.
Reuni imediatamente os principais da Galiléia e disse-lhes de como, contra toda espécie de justiça, pouco faltara que Jônatas e os de seu partido não me tivessem assassinado. Eles ficaram tão irritados, que me rogaram não demorasse mais em levá-los contra eles e permitisse que exterminassem a João, a Jônatas e a todos os colegas. Eu os retive, dizendo que antes de pegar em armas, era preciso esperar a volta daqueles que havia mandado a Jerusalém, a fim de nada se fazer sem o seu consentimento. No entanto, João, vendo que seu plano havia falhado, voltara a Giscala.
Pouco tempo depois, os que havia mandado a Jerusalém voltaram e me disseram que o povo tinha achado muito mal que o sumo sacerdote Anano e Simão, filho de Gamaliel, tivessem, sem sua participação, mandado deputados à Galiléia para me destituir do cargo e que pouco faltara para que eles incendiassem as casas. Entregaram-me também as cartas pelas quais os principais da cidade, com a autoridade e o consentimento do povo, confirmavam-me no governo e ordenavam a Jônatas e aos seus colegas que voltassem. Depois que recebi estas cartas, fui a Arbella, onde havia mandado que se reunissem, e lá meus enviados me contaram de que modo o povo de Jerusalém, irritado com a maldade de Jônatas, me havia mantido no cargo e lhe havia ordenado que se retirasse com seus colegas. Mandei em seguida a estes quatro deputados as cartas que lhes seriam dirigidas, e ordenei ao que disso fora encarregado, que observasse a atitude deles. Eles ficaram terrivelmente perturbados e mandaram logo chamar a João. Reuniram-se, em seguida, com o Senado de Tiberíades e os principais de Gabara, a fim de deliberar sobre o que haveriam de fazer. Os de Tiberíades foram de opinião que Jônatas e seus colegas deviam continuar a se ocupar do governo, para não abandonar uma cidade que se havia entregado às suas mãos, e isso tanto mais porque eu tinha me resolvido a atacá-los, o que eles afirmavam falsamente. João aprovou esse parecer e acrescentou que era necessário mandar dois dos deputados a Jerusalém para me acusarem diante do povo de ter governado mal a Galiléia. Que seria muito fácil persuadi-lo disso, quer pela consideração de sua qualidade, quer pela leviandade que lhe é tão natural.
Todos aprovaram esta proposta. Jônatas e Ananias partiram imediatamente; seus dois colegas ficaram em Tiberíades, onde lhes deram cem homens para sua guarda. Os habitantes puseram-se em seguida a trabalhar na reparação das muralhas, tomaram as armas e mandaram pedir tropas a João, em Giscala, para se servirem delas, em caso de necessidade, contra mim.
Jônatas e os que o acompanhavam chegaram a Darabite, pequena aldeia situada no Campo Grande, nas fronteiras da Galiléia; os meus homens, postados nas estradas, prenderam-nos, obrigaram-nos a deixar as armas e os conservaram prisioneiros, naquele mesmo lugar. Levi, que comandava esses homens, escreveu-me logo, narrando tudo. Eu dissimulei-o durante dois dias, e mandei dizer aos de Tiberíades que deixassem as armas e que fizessem voltar para sua cidade os que eles haviam mandado vir em seu socorro. Na persuasão e na esperança de que Jônatas já tinha chegado a Jerusalém, eles só me responderam com injúrias. Julguei, no entanto, dever continuar a agir, mais pela astúcia do que pela força, a fim de não me tornar culpado de ter ateado uma guerra civil.
Assim, para atraí-los para fora dos muros, tomei dez mil homens escolhidos e os dividi em três corpos. Ordenei a uma parte que ficasse na aldeia de Domez; coloquei mil numa vilazinha que está na montanha, longe quatro estádios de Tiberíades, com ordem de só partir depois que eu lhes houvesse dado o sinal, e avancei, com um outro corpo, à vista de Tiberíades. Os habitantes saíram, fizeram várias incursões contra meus soldados e empregaram palavras ofensivas contra mim. Sua imprudência foi mesmo tão longe que eles mandaram buscar um esquife e fingiam, por zombaria, chorar a minha morte. Eu, porém, em meu coração, zombava de sua loucura. Como eu tinha ainda a intenção de me apoderar de João e de Joasar, os outros dois colegas de Jônatas, que tinham ficado em Tiberíades, eu lhes disse que avançassem para fora da cidade, com seus amigos e guardas que quisessem escolher para sua segurança, porque eu desejava conversar com eles sobre os meios de entrar em algum acordo para dividir o governo da Galiléia. Simão, animado por uma proposta tão vantajosa, foi tão incauto que aceitou; Joasar, ao contrário, desconfiando de que haveria aí alguma intenção falsa não caiu na cilada. Eu fiz grandes reverências a Simão e aos amigos, por terem vindo; e tendo-o afastado pouco a pouco de seus homens, com o pretexto de lhe dizer alguma coisa em segredo, agarrei-o, e o entreguei aos meus, que o levassem àquela aldeia onde eu tinha soldados escondidos. Dei-lhes depois o sinal e marchei para Tiberíades. Começou então o combate. Foi muito renhido. Os meus estiveram a ponto de fugir, se eu não lhes houvesse dado mais coragem. Finalmente, depois de termos corrido o risco de uma derrota, obriguei os inimigos a voltar para a cidade.
No entanto, alguns daqueles que eu havia enviado pelo lago, com ordem de incendiar a primeira casa que tomassem, executaram essa ordem, e os habitantes imaginaram que a cidade havia sido tomada de assalto, depuseram as armas e rogaram-me, com suas mulheres e filhos, que os perdoasse. Eu o fiz, e detive o furor dos soldados. A noite chegava rapidamente; mandei então tocar a retirada e fiz trazer Simão para jantar comigo, consolei-o e prometi dar-lhe liberdade e levá-lo em segurança até Jerusalém, com tudo o de que ele teria necessidade para a viagem.
Entrei no dia seguinte com dez mil homens armados em Tiberíades e mandei vir à praça os principais da cidade, aos quais ordenei que declarassem quais haviam sido os autores da revolta. Eles o fizeram e eu os mandei manietados a Jotapate. Quanto a Jônatas e aos seus colegas, mandei levá-los com uma escolta a Jerusalém, provendo tudo o que era necessário para sua viagem. Os habitantes de Tiberíades vieram uma segunda vez rogar-me que esquecesse os motivos que tinha de me queixar deles, garantindo-me que reparariam, pela fidelidade, às faltas cometidas no passado, rogando-me que mandasse restituir o que havia sido roubado. Ordenei logo que trouxessem à grande praça tudo o que tinha sido tomado. Como os soldados sentiam dificuldade em se decidir a isso, eu lancei os olhos sobre um deles, que estava muito mais bem vestido do que de costume e perguntei-lhe onde havia adquirido aquela veste; ele confessou que a havia roubado. Ordenei que o espancassem e ameacei tratar os outros ainda mais severamente se não restituíssem tudo o que haviam pilhado. Obedeceram, então, e eu mandei restituir a cada um dos habitantes o que lhe pertencia.
Creio dever informar neste ponto a má fé de justo e dos outros que, tendo falado deste mesmo assunto nas suas histórias, não tiveram receio, para satisfazer à própria paixão e ódio, de expor aos olhos da posteridade os fatos de uma maneira bem diferente da que na verdade eles se passaram. Em nada eles diferem dos que falsificam os atos públicos, senão nisto, que tendo resolvido tornar-se ilustre, escrevendo esta guerra, disse de mim muitas coisas falsas e não foi mais verdadeiro no que se refere ao seu próprio país. E o que me obriga agora, para desmenti-lo, a relatar o que havia calado até aqui, e não nos devemos admirar por ter diferido tanto, pois, ainda que um historiador seja obrigado a dizer a verdade, ele pode não se deixar levar contra os maus; não que eles mereçam ser favorecidos, mas para permanecermos nos termos de uma sábia moderação. Assim, Justo, que pretendeis ser o historiador a quem mais se deve prestar fé, dizei-me, rogo-vos, como é possível que os galileus e eu tenhamos sido causa da revolta do vosso país contra os romanos e contra o rei, pois que antes que a cidade de Jerusalém me tivesse mandado como governador à Galiléia, vós e os de Tiberíades tínheis já tomado as armas e feito guerra aos da província de Decápolis, na Síria? Podeis negar que não incendiastes suas aldeias e que um dos vossos lá não foi morto, do que eu não sou o único a testemunhar, porque tudo isso se encontra mesmo nos comentários do imperador Vespasiano, onde se vê que quando ele estava em Ptolemaida, os habitantes de Decápolis rogaram-no que vos castigasse como autor de todos os seus males e ele o teria feito, sem dúvida, se o rei Agripa, a quem fostes entregue para que se fizesse justiça, não vos tivesse perdoado a rogo da sua irmã Berenice, o que não impediu que ficásseis por muito tempo na prisão?
Mas as vossas outras ações fizeram também claramente conhecer qual tínheis sido durante toda a vossa vida e que fostes vós que levastes vosso país a se revoltar contra os romanos, como eu o farei ver com provas assaz convincentes. Acho-me agora obrigado, por vossa causa, a acusar os outros habitantes de Tiberíades e a mostrar que vós não fostes fiéis nem ao rei nem aos romanos. Séforis e Tiberíades, de onde sois originários, são as maiores cidades da Galiléia. A primeira, que está situada no meio do país e que tem em redor de si várias aldeias que dela dependem, resolveu permanecer fiel aos romanos, embora pudesse facilmente ter se revoltado contra eles, jamais me quis receber, nem tomar as armas pelos judeus. Mas no temor que seus habitantes tinham de mim, eles me surpreenderam com seus artifícios e me levaram mesmo a construir-lhes muralhas. Receberam depois, de boa mente, a guamição de Céstio Galo, governador da Síria, pelos romanos e me recusaram a entrada em sua cidade, porque nem mesmo nos ajudar durante o cerco de Jerusalém, embora o Templo que lhes era comum conosco estivesse em perigo de cair nas mãos dos inimigos, tanto eles temiam parecer tomar as armas contra os romanos.

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